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Internacional

- Publicada em 24 de Setembro de 2020 às 18:38

Hong Kong prende mais famoso ativista pró-democracia por cobrir rosto em protesto em 2019

Wong, de 23 anos, escreveu no Twitter que foi acusado de violar 'lei que proibia o uso de máscara' para ocultar o rosto

Wong, de 23 anos, escreveu no Twitter que foi acusado de violar 'lei que proibia o uso de máscara' para ocultar o rosto


ISAAC LAWRENCE/AFP/JC
O ativista Joshua Wong, um dos rostos mais conhecidos do movimento pró-democracia em Hong Kong, foi detido nesta quinta-feira (24) por "reunião ilegal" durante um protesto organizado em outubro de 2019 no território semiautônomo, informou seu advogado.
O ativista Joshua Wong, um dos rostos mais conhecidos do movimento pró-democracia em Hong Kong, foi detido nesta quinta-feira (24) por "reunião ilegal" durante um protesto organizado em outubro de 2019 no território semiautônomo, informou seu advogado.
Wong, de 23 anos, escreveu no Twitter que foi acusado de violar a "lei que proibia o uso de máscara" para ocultar o rosto, aprovada na época pelo governo local para tentar enfraquecer as manifestações, e que foi posteriormente declarada inconstitucional.
A detenção coincide com um aumento do controle da China sobre Hong Kong desde junho, graças fundamentalmente a uma lei de segurança nacional que é vista como uma resposta à crise política de 2019, de acordo com informações da Folhapress.
O advogado de Wong afirmou que o jovem foi detido quando se apresentou a uma delegacia, o que tem a obrigação jurídica de fazer periodicamente por outro caso judicial em curso. A polícia de Hong Kong confirmou que prendeu dois homens, com idades de 23 e 74 anos, por uma reunião ilegal em 5 de outubro de 2019.
Atualmente, o uso de máscara é obrigatório nos locais públicos de Hong Kong para evitar a propagação do coronavírus, mas há um ano era proibido cobrir o rosto nas ruas, algo que ampliou ainda mais os protestos no momento em que a ex-colônia britânica registrava grandes manifestações, um movimento inédito desde a devolução do Reino Unido à China, em 1997.
"Wong é suspeito de ter participado de uma reunião ilegal, em 5 de outubro do ano passado, data em que centenas de pessoas saíram às ruas para opor-se à norma de uso das máscaras estabelecida pelas autoridades em virtude de normas de emergência da época colonial", explicou Jonathan Man, advogado do ativista.
Ao proibir que os manifestantes cobrissem os rostos, as autoridades locais facilitavam o trabalho da polícia e dissuadiam alguns jovens de participar dos protestos. As autoridades locais invocaram leis de 1922, que não eram utilizadas desde 1967, para justificar a proibição do uso de máscaras nas manifestações.
Reagindo à prisão, a União Europeia (UE) afirmou que a detenção de Wong mina a confiança do bloco na China e poderá ter consequências para o relacionamento bilateral. "A evolução da situação em Hong Kong questiona a vontade da China de respeitar os compromissos internacionais, mina a confiança e tem repercussões nas relações entre UE e China", afirmou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em um comunicado.
A UE destaca que "um sistema judicial independente, que opere livre de influência ou consideração política, é uma pedra fundamental da autonomia de Hong Kong sob o princípio de um país, dois sistemas", que rege as relações com a China. Para a UE, a detenção de Wong se une a de outros ativistas nos últimos meses e deveria ser objeto de "uma análise cuidadosa por parte do Poder Judiciário".
Wong já estava na rua em 2014, quando emergiu como principal liderança do Movimento dos Guarda-Chuvas, que ganhou esse nome por causa do uso do artefato para a proteção dos manifestantes contra jatos de água e spray de pimenta.
Franzino e com feição de adolescente, ele é seguido por uma corte de apoiadores de perfil muito semelhante, todos ligados a aplicativos de mensagens e guardando segredo de suas identidades e financiadores. Em 2017, ele passou seis meses preso, após seu grupo, o Demosisto, ter participado de uma invasão à sede do governo de Hong Kong.
Wong visita frequentemente Washington, onde faz apelos para que o Congresso norte-americano apoie o movimento pró-democracia de Hong Kong. Essas visitas enfurecem Pequim, que afirma que ele está a mando de forças estrangeiras.
Em agosto, Jimmy Lai, o editor do popular jornal pró-democracia de Hong Kong, Apple Daily, já havia sido preso por suspeita de "conluio estrangeiro" sob a nova lei de segurança nacional.
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