Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Saúde

- Publicada em 01 de Outubro de 2022 às 11:40

No último semestre, 9% dos jovens brasileiros tiveram pensamento suicida

Um em cada dois jovens sente cansaço e exaustão de forma frequente

Um em cada dois jovens sente cansaço e exaustão de forma frequente


EDUARDO SEIDL/ARQUIVO/JC
Agências
Que a pandemia Covid-19 gerou impactos na saúde mental todo mundo já sabe, mas o que chama a atenção é o reflexo disso na população jovem brasileira. Seis em cada dez adolescentes relatam ter sentido ansiedade nos últimos seis meses. Um em cada dois (50%) sente cansaço e exaustão frequentes, enquanto 18% relataram depressão e 9%, automutilação ou pensamento suicida.
Que a pandemia Covid-19 gerou impactos na saúde mental todo mundo já sabe, mas o que chama a atenção é o reflexo disso na população jovem brasileira. Seis em cada dez adolescentes relatam ter sentido ansiedade nos últimos seis meses. Um em cada dois (50%) sente cansaço e exaustão frequentes, enquanto 18% relataram depressão e 9%, automutilação ou pensamento suicida.
Já na educação, 55% sentem que ficaram para trás na aprendizagem e 34% já pensaram em não querer mais estudar - 11% ainda cogitam largar os estudos. Os dados, considerados preocupantes, são da pesquisa Juventudes e a Pandemia: E agora?, que ouviu mais de 16 mil jovens de 15 a 29 anos em todo o Brasil. A sondagem, coordenada pelo Atlas das Juventudes, abordou temas como saúde, educação, trabalho, democracia e redução de desigualdades.
Para 82% deste público, a pandemia ainda não acabou. Entre dez adolescentes, cinco ainda temem perder familiares ou amigos. Quase quatro em dez jovens se preocupam com a possibilidade de outras pandemias e têm receio de passar por dificuldades financeiras. Mais da metade relatou ter feito uso exagerado de redes sociais e 44% vivem falta de motivação para ações cotidianas.
"Vivenciei tudo isso. Tive ansiedade, fiquei com o psicológico abalado e tive depressão, como muitos outros jovens que conheço. Só consegui superar com o apoio da minha família", contou o estudante de Direito Matheus Henrique Souza de Oliveira, de 21 anos, morador de Sorocaba, no interior de São Paulo. Mais da metade desse público vai manter os bons hábitos adquiridos na pandemia, como usar máscaras quando doentes, usar álcool em gel ou lavar as mãos com mais frequência, além de manter as vacinas em dia.

Saúde mental é um dos aprendizados da pandemia

O agravamento da saúde mental levou 30% dos jovens (três a cada dez) a usarem aplicativos de auxílio psicológico nos últimos três meses. Muitos recorreram à psicoterapia e um quarto a atividades de socialização, como encontrar amigos, enquanto quatro em dez citaram atividades físicas. Quase metade dos jovens defendeu o acompanhamento psicológico especializado nessa faixa etária, na saúde pública e nas escolas. Para 74% dos entrevistados, um dos aprendizados da pandemia é a importância da saúde mental.
"O que a gente percebe muito claramente no retorno (à normalidade) é o quanto foi difícil para eles o afastamento social, o medo, a perda dos espaços de socialização, resultando no aumento dos casos de ansiedade e depressão que se refletem na busca por atendimento psicológico”, comenta a professora Maria Rosa Rodrigues, da Universidade de Araraquara (Uniara)

Jovens estão otimistas com conexão entre educação e trabalho

Na educação, em função do período de ensino remoto, 52% dos jovens sentem que desenvolveram ou intensificaram a dificuldade de manter o foco, 43% de se organizar para os estudos e 32% de falar em público. Em relação aos aprendizados, nove em dez concordam que as pessoas entenderam que há várias formas de aprender, que a tecnologia está sendo melhor utilizada no ensino e surgiram novas dinâmicas de aula e de avaliação.
Matheus Oliveira lembra que teve muita dificuldade para se adaptar ao ensino remoto. "Eu era de uma geração presencial e tive de migrar para um meio tecnológico que eu não conhecia. Para piorar, o ensino remoto não oferecia a mesma qualidade, então houve dificuldade para lidar com as aulas e perda na aprendizagem", afirma. Ele ressalta que na época trabalhava como estagiário e a empresa o colocou em home office com os outros funcionários. "Mas a empresa oferecia mais recursos do que a escola, então a gente fazia videoconferências semanais ou quinzenais sem problema."
Embora parte dos jovens tenha interrompido os estudos em algum momento da pandemia - 28% em 2020, 16% em 2021 e 3% este ano -, mais de sete em dez estão otimistas em relação ao desenvolvimento nos estudos. Para seis em dez, o otimismo prevalece em relação à qualidade do ensino e à conexão da educação com o trabalho.

Educação deve ser prioridade nos próximos anos

A pesquisa abordou também as expectativas dos jovens em relação aos governantes. Para 63% dos participantes, educação deve ser prioridade dos próximos governos, enquanto 56% preferem a saúde, incluindo o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), como foco de governança. Já 49% apontaram a recuperação da economia, renda e trabalho como prioridades. Para 30% são necessárias ações de combate à fome.
A maioria - nove em cada dez - defende a democracia e 80% concordam que a pandemia deixou as pessoas mais atentas à política. Dos jovens ouvidos, 82% pretendem votar, mas quase 70% estão pessimistas em relação ao compromisso dos políticos com a sociedade.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO