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Infraestrutura

- Publicada em 17 de Setembro de 2022 às 09:20

Duplicação da avenida Tronco se encaminha para o fim após 10 anos de obras

Divida em quatro trechos, intervenção conta com o investimento de R$ 129 milhões

Divida em quatro trechos, intervenção conta com o investimento de R$ 129 milhões


ANDRESSA PUFAL/JC
Com quase três copas do mundo - 2014, 2018 e 2022 - em atraso, a duplicação de 6,5 quilômetros da avenida Tronco, uma das maiores da Zona Sul de Porto Alegre, chega próxima da reta final, com previsão de conclusão para março de 2023.
Com quase três copas do mundo - 2014, 2018 e 2022 - em atraso, a duplicação de 6,5 quilômetros da avenida Tronco, uma das maiores da Zona Sul de Porto Alegre, chega próxima da reta final, com previsão de conclusão para março de 2023.

JC NOTÍCIAS: Veja como estão as obras na avenida Tronco

No entanto, desde o início das obras, em março 2012, a lista de soluções habitacionais para as 1.517 famílias que viviam no local não foi divulgada. Apenas em setembro, a prefeitura adiou duas vezes a divulgação das informações no Diário Oficial (Dopa). No primeiro momento, a lista seria divulgada no dia 2, sendo adiada para o dia 15. A expectativa, no entanto, é que os dados sejam conhecidos na próxima semana.

O documento listará as famílias contempladas - as que já foram e as que ainda aguardam - com bônus-moradia, indenização ou outro atendimento habitacional. “Nós gostaríamos de ter publicado na semana anterior, mas quando nos deparamos com a lista surgiram dúvidas sobre alguma eventual inconsistência. Alguns dados de pessoas que podem ter sido contempladas estavam aparecendo como não contempladas”, explica o diretor-geral do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), André Machado. De acordo com ele, havia informações desencontradas em bancos de dados distintos entre a prefeitura e outras secretarias.

Esta não é a primeira vez que a população aguarda a conclusão das obras na via, projetada para ser uma alternativa de ligação da Zona Sul ao Centro de Porto Alegre. Com o contrato assinado ainda em 2012, a duplicação da avenida Tronco faz parte do conjunto de obras previstas para a Copa do Mundo de 2014. “Vou comprar um bolo de aniversário e colocar na frente do prefeito quando ele vier fazer a inauguração, porque já faz anos que está a mesma coisa”, comenta o morador de uma das regiões próximas à duplicação Adelar Della Favera, que vive no local há 20 anos.

A demora para concluir a obra possui dois principais motivos: a falta de recursos e os entraves relacionados às desapropriações necessárias - a última ocorreu em março -, conforme destacou o então secretário municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), José Pedro Boéssio, em entrevista ao Jornal do Comércio no final do ano passado. Durante praticamente dois anos, entre outubro de 2016 e junho de 2018, a construção ficou parada. Os serviços foram retomados naquele mês, sendo novamente suspensos no ano seguinte. O ano de 2020, no entanto, ficou marcado pelo recomeço da construção.

Divida em quatro trechos, a intervenção conta com o investimento de R$ 129 milhões, dos quais R$ 66,4 milhões já foram utilizados. A última família deixou o local no mês de fevereiro, sendo contemplada com o agrupamento de bônus-moradia, por se tratar de mais de um núcleo familiar residente na mesma casa. O recurso de R$ 93.744,57 é destinado à compra de imóvel escolhido pelo beneficiário.

“Das 500 famílias para receber o aluguel social, 121 já estão recebendo. Em agosto do ano passado, aumentamos o recurso de R$ 500,00 para R$ 600,00”, explica Machado.

Além disso, a Capital foi uma das cidades selecionadas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) para receber conjuntos habitacionais do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), integrante do programa Casa Verde e Amarela. A seleção faz parte do Programa Protótipos, que prevê a construção de três empreendimentos destinados ao reassentamento das famílias da Tronco. A previsão é que sejam construídas 356 unidades em três condomínios: Jacuí, Banco da Província e Dona Zaida, também na Zona Sul. O programa consiste em empreendimentos destinados a famílias com renda bruta mensal de até R$ 2 mil.

No momento, a obra na avenida Tronco está com 55% de execução nos trechos 1 e 2 e 75% nos 3 e 4 - entre a avenida Icaraí e o Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACs). O prazo final para esses últimos dois trechos está definido para ainda este ano, em dezembro. “Já foram terminadas todas as obras que eram de água e esgoto daquele trecho. Então, agora são realizadas as obras viárias de piso, asfalto e conserto das fissuras do corredor de ônibus”, explica o atual secretário de Obras e Infraestrutura, André Flores.

Comerciantes alegam melhora no movimento após fim da duplicação de trechos da avenida Tronco

Ao todo, 80% do traçado de 6,5 quilômetros estão prontos para o tráfego na Zona Sul. As últimas liberações para circulação de veículos ocorreram em maio e junho, quando foram entregues 430 metros. Com o estabelecimento comercial voltado para animais, Jhosefer Dias, de 36 anos, comenta que esperou o trecho em frente ao pet shop ficar pronto para poder inaugurar o espaço. “Antes era apenas um acesso, agora, com a avenida pronta, irá facilitar a locomoção dos clientes”.

Diferentemente de Jhosefer, a dona do Morais Studio, Kauene Morais, de 25 anos, abriu o salão de beleza há 8 meses e acompanhou um pouco mais do andamento das obras. “Agora, a situação está melhor, mas antes estava nos afetando bastante. Inclusive, aconteceu um acidente aqui na frente. Um carro bateu em uma criança, não aconteceu nada pior, pois a velocidade não era alta, mas não tinham instalado as sinaleiras ainda”.

Embora não seja um estabelecimento comercial, o impacto das obras da avenida Tronco na casa da aposentada Isabel Terezinha do Amaral, de 74 anos, foi outro: a inundação. Era de madrugada quando a moradora acordou com o barulho da água invadindo sua casa, em 2020. De acordo com ela, havia um buraco aberto no meio da avenida, em decorrência das obras, o que possibilitou que a chuva entrasse dentro de casa.

Ao mostrar o roupeiro, Isabel lamenta: “as roupas que eu tinha, tive que pôr tudo fora. Apodreceu tudo, eu tenho as fotos no celular do meu neto. A cama não perdi porque o meu genro chegou e colocou ela no alto. Com a geladeira, nós conseguimos amarrar e impedir que entrasse água. Mas, ainda assim, tem gente em pior situação do que eu”.