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segurança pública

- Publicada em 24 de Junho de 2022 às 10:43

Confundido com animal vivo, jacaré inflável causa transtornos em cidade no Vale do Caí

Brinquedo confundiu motoristas que passavam pelo local, que acionaram os Bombeiros Voluntários

Brinquedo confundiu motoristas que passavam pelo local, que acionaram os Bombeiros Voluntários


CBV HARMONIA/FACEBOOK/DIVULGAÇÃO/JC
O sossego na noite do município de Harmonia, a 75 km de Porto Alegre, foi interrompido após um inesperado anúncio na noite de quarta-feira (22): a presença de um jacaré transitando sobre a ERS 124, rodovia que costeia um trecho do rio Caí e é o principal acesso à cidade de 4,6 mil habitantes no Vale de mesmo nome.
O sossego na noite do município de Harmonia, a 75 km de Porto Alegre, foi interrompido após um inesperado anúncio na noite de quarta-feira (22): a presença de um jacaré transitando sobre a ERS 124, rodovia que costeia um trecho do rio Caí e é o principal acesso à cidade de 4,6 mil habitantes no Vale de mesmo nome.
Após receber um chamado comunicando a presença de um jacaré na pista da estrada, na altura do bairro Morro Peixoto, o Corpo de Bombeiros Voluntários de Harmonia se dirigiu ao local para averiguação do caso. Entretanto, quando chegaram ao ponto, o suposto réptil não estava mais lá.
Ainda assim, o grupo fez uma publicação em suas redes sociais pedindo cuidado a motoristas no trecho, e que fosse avisado imediatamente caso o possível exemplar da fauna silvestre fosse avistado novamente. Posteriormente, os bombeiros receberam um telefonema anônimo trazendo a informação de que o objeto não era, de fato, um animal.
Em áudio que circula entre a população da cidade e de municípios vizinhos, um cidadão harmoniense se identifica como idealizador da pegadinha, esclarecendo que o jacaré inflável era pertencente a um amigo, e foi posicionado naquele ponto da estrada devido a uma curiosidade despertada durante um jantar em grupo na casa do dono do brinquedo. “Ele tinha um jacaré de encher, aí eu falei para os guris, ‘vamos colocar esse jacaré no meio do asfalto, vamos ver o que vai dar", disse o autor, contextualizando sua motivação.
No áudio, gravado parte em português e parte em alemão, ele conta que mais de dez carros que passavam pelo local pararam ou fizeram retorno para olhar o “jacaré”. “Aí nós pegávamos o jacaré e tirávamos ele da rua”, continua, o que explicaria seu sumiço quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local. Ele ainda observa que a repercussão do caso o pegou de surpresa, tanto virtual quanto pessoalmente na quinta-feira (23). “Os caras de Harmonia são f***”, diz o autor. E completou, rindo: “Wie sind ('Como são', em alemão) fofoqueiros”
 
Em nova publicação nas redes, na manhã posterior ao incidente, os Bombeiros Voluntários definiram a atitude como uma brincadeira de mau gosto.
Jacaré causa pânico na noite de ontem. A pouco havíamos publicado matéria sobre o assunto. Mas simplesmente se tratava...
Publicado por CBV Harmonia em Quinta-feira, 23 de junho de 2022
“O famoso jacaré se tratava de um simples inflável”, diz o texto da entidade, lamentando o caso, chamando atenção para o risco de fatalidades que o ato poderia ter proporcionado no trânsito e pedindo reflexão aos seus executores. Além disso, a entidade afirmou que as autoridades competentes no município vão se encarregar de dar encaminhamento ao caso. Nos comentários da publicação, alguns moradores da cidade se dividiram entre considerar o ato um desrespeito com o trabalho dos bombeiros ou uma brincadeira sem más intenções.

Repercussão sobre falso jacaré inclui lembrança de família surpreendida por animal

Há 40 anos, família encontrou jacaré em açude utilizado para lazer de crianças

Há 40 anos, família encontrou jacaré em açude utilizado para lazer de crianças


enedier fuhr/divulgação/jc
Curiosamente, a presença de jacarés na localidade do Morro Peixoto tem ao menos um precedente conhecido. A agricultora aposentada Enedier Fuhr, residente do bairro que ficou sob alerta temporário, relembrou à reportagem a captura de um destes animais no começo da década de 1980, quando apareceu de surpresa no açude de sua propriedade rural, no qual a família frequentemente tomava banhos no verão. A lembrança desse encontro inesperado ainda existe na parede da cozinha de Enedier, em uma fotografia de sua filha Dirce e sobrinhos Débora, Ângela e Eduardo Schröder, ainda crianças, segurando o couro do animal um tempo após a captura.
Quarenta anos depois, o hoje agricultor orgânico Eduardo define a imagem hoje como chocante para quem a vê, especialmente agora que se tem mais conscientização sobre a proteção da natureza. "Na realidade, naquela época não tinha bombeiros que pudessem fazer o salvamento desse animal para largar de volta no meio ambiente", contextualiza. "Como era um açude de lazer, onde a gente ia tomar banho e pescar sempre, então isso causou muito medo nos moradores", completa.
Ele conta que suspeitas de um animal grande surgiram quando redes de pesca foram encontradas furadas, junto a um marreco dilacerado. Dias depois, seu tio foi pescar no local e viu o jacaré. "Primeiro ele olhou e viu aquele brilho no sol e achou que fosse uma tartaruga, aí chegou mais perto e o jacaré se atirou no açude", diz.
Um pedaço de carne foi colocado para confirmar a presença do jacaré, e, quando ele comeu, "aí fizeram uma força-tarefa para ir lá matar o coitado do bicho", explica Schröder. Segundo ele, "o jacaré foi solto por um caminhoneiro, que trouxe ainda filhote do Norte do País para cá, começou a alimentar em casa, e aí daqui a pouco o bicho cresceu, cresceu, cresceu, e um dia ele largou em um arroio".
O Morro Peixoto é um dos bairros que compõem a subdivisão do município de Harmonia. Por estar mais próximo ao curso do rio Caí, é um local que regularmente enfrenta alagamentos decorrentes de enchentes. Embora moradores destaquem que aparições de jacarés na região são excepcionalmente raras, evidenciado pela última delas ser um caso forjado e o outro caso ser um animal não-nativo do lugar, terrenos úmidos como os do bairro são habitats em potencial para estes animais.