Mate Pencz, fundador e co-CEO da Loft

Cuidar da saúde mental é um ponto muito importante para investidores

Investir também exige resiliência

Mate Pencz, fundador e co-CEO da Loft

Cuidar da saúde mental é um ponto muito importante para investidores

Pouco se fala sobre quem está na outra ponta da relação empreendedor-investidor. No caso, os que alocam capital próprio em fundos ou investem diretamente em empresas. Recentemente, no entanto, eu ouvi um podcast muito interessante sobre dois temas vitais para qualquer investidor: a resiliência e a importância das válvulas de escape ao lidar com situações de pressão e estresse por longos períodos. No universo das startups, fala-se muito sobre como empreendedores precisam ser resilientes, mas essa também é uma habilidade crucial para quem atua no ramo de investimentos.
O podcast em questão é o Insecurity Analysis, apresentado por Frederik Gieschen. No episódio "Resiliência, recuperação e longevidade em Investimentos", Gieschen recebe o fundador da empresa Tyro Partners, Dan McMurtrie, para um bate-papo sobre por que a resiliência é importante, como a tensão mental e física experimentada por esses profissionais afeta diferentes dimensões da vida dos investidores, e quais boas práticas podem ajudá-los.
Ao longo da conversa, Gieschen e McMurtrie lembram que é comum vermos depoimentos de investidores que lucraram durante uma crise financeira ou com um investimento de risco, mas que existe pouco ou nenhum material sobre como o processo de liderar uma transação pode ser exaustivo. Tão raro quanto é encontrar entrevistas em que um executivo admite ter passado mal de nervoso antes de fechar um grande negócio ou ter sacrificado sua vida pessoal por um período quando seus investimentos deram errado.
Uma hipótese levantada por Gieschen e McMurtrie é que os investidores tendem a projetar força para seus pares. Como se demonstrar qualquer sinal de cansaço, dúvida ou mesmo falar publicamente sobre temas como exaustão mental fosse uma demonstração de fraqueza e incapacidade. Talvez por isso muitos investidores se aposentem, alguns ainda bem jovens, simplesmente por estarem esgotados demais para continuar.
Ao longo da minha jornada, investi em mais de 40 empresas. Esses investimentos, realizados na modalidade anjo, todos em parceria com meu sócio Florian Hagenbuch, foram feitos antes de fundarmos a empresa de venture capital Canary. Por isso, sei o quanto esse trabalho pode ser exigente. Encontrar boas opções de investimento não é tarefa fácil.
O venture capital, por exemplo, aposta em empresas com grande potencial de crescimento em poucos anos. Startups que se propõem a resolver problemas históricos, em grandes mercados, com uma solução escalável, e que possam, num futuro próximo, trazer o retorno esperado sobre o investimento feito.
Não são todas as empresas que se enquadram nesses pré-requisitos, e um investidor precisa estudar não só o mercado, mas as diferentes propostas e estratégias de crescimento apresentadas pelas startups que atuam em um determinado setor. Recomendar ou fazer um aporte é uma decisão séria e demonstra a confiança do investidor no negócio. É por isso que rodadas de captação são comemoradas pelos empreendedores.
Para dar um exemplo nacional e próximo a mim, a Loft, em sua última rodada de captação, recebeu um aporte de US$ 425 milhões, a maior injeção de capital já recebida por uma startup brasileira até então. Diferentes investidores enxergaram o modelo de negócio da empresa como vencedor. É um voto de confiança expressivo, principalmente se levarmos em conta o tamanho do mercado imobiliário e quantidade de players que atuam no setor.
Ao usar a tecnologia para facilitar as transações de compra e venda de imóveis, a Loft está trabalhando para resolver dores históricas desse mercado, como a falta de transparência e dados confiáveis sobre as transações imobiliárias. E segue escalando sua solução não só para outras cidades e estados do Brasil, mas também para outros países. A empresa passou a operar no México no segundo semestre do ano passado.
Voltando ao tema do podcast, é importante ressaltar, ainda, que o trabalho do investidor não termina quando o cheque é assinado. Como investidor, você pode participar, em menor ou maior escala, das decisões da empresa na qual você decidiu aplicar. Sempre há muito a se considerar e fazer. E o excesso de trabalho é hoje a principal causa de burnout no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por isso, seja você um iniciante ou um investidor experiente, tenha sempre em mente que se preparar para lidar com os ciclos de alta e baixa do mercado e cuidar da própria saúde (física e mental) é tão importante quanto conhecer profundamente os setores em que você atua. 
 
ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Mate Pencz
Mate Pencz, fundador e co-CEO da Loft

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