Com a chegada de novembro, o comércio brasileiro entra na temporada de liquidações que antecede o Natal, marcada pela Black Friday. O período, já consolidado no calendário do varejo, representa uma oportunidade importante para movimentar estoques, atrair novos consumidores e antecipar as vendas de fim de ano. Para os lojistas, é um momento de impulso nas vendas e de recuperação de lucros em um cenário ainda condicionado por juros altos e consumo seletivo.
Em muitos casos, o desempenho de novembro antecipa tendências para o Natal e influencia os resultados do último trimestre. A chegada da primeira parcela do 13º salário contribui para o movimento positivo. O sucesso das campanhas promocionais depende, além do volume de descontos oferecidos aos clientes, da transparência e da capacidade de oferecer boas experiências de compra, tanto no ambiente físico quanto digital.
Para o consumidor, a temporada de liquidações é um convite para realizar sonhos de consumo alimentados ao longo do ano. Entretanto, é preciso avaliar a capacidade de arcar com os gastos. As promoções são, sem dúvida, uma oportunidade para adquirir produtos a preços mais baixos, mas não justificam o comprometimento do orçamento. Em setembro, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 30,5% das famílias brasileiras tinham contas em atraso, o maior patamar desde o início da série histórica. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o SPC Brasil registraram 71,8 milhões de pessoas físicas inadimplentes em setembro, o que evidencia o peso das dívidas sobre o orçamento familiar. Embora as promoções estimulem as vendas e ajudem a girar a economia, o consumo responsável é essencial para evitar que o entusiasmo das compras vire endividamento.
Outro ponto importante é a segurança nas compras. O aumento no volume de vendas on-line durante a Black Friday também eleva o número de golpes, com sites falsos, ofertas inexistentes e mensagens fraudulentas que simulam promoções de grandes varejistas. Especialistas orientam a verificar a reputação das lojas, desconfiar de descontos muito acima da média e evitar compras fora dos canais oficiais das marcas.
A pressa para aproveitar uma suposta oferta imperdível pode se transformar no terreno ideal para fraudes. Informação e prudência são as melhores garantias para que o período de descontos traga economia, e não prejuízo.