O enoturismo se consolida como uma das atividades mais promissoras do Rio Grande do Sul, unindo produção, cultura e experiência. Com cerca de meio milhão de visitantes por ano, o Estado reforça sua posição como principal destino enoturístico do País, conforme mostrou o caderno especial Vinhos e Espumantes, publicado na semana passada pelo Jornal do Comércio.
Responsável por mais de 80% do vinho fino produzido no Brasil — cerca de 12 milhões de litros anuais — o Rio Grande do Sul transforma sua vocação vitivinícola em vetor para o desenvolvimento regional, interiorizando o turismo e diversificando as economias locais. As vinícolas do Vale dos Vinhedos mantêm a tradição do cultivo da uva trazida pelos imigrantes italianos, e os passeios entre parreirais e casarões antigos proporcionam uma verdadeira viagem no tempo. Já os empreendimentos da Campanha gaúcha vêm atraindo um número crescente de turistas, com atrativos que incluem, além da degustação de vinhos, visitas a fazendas, viagem no Trem do Pampa e roteiros arqueológicos.
Embora o consumo do vinho ainda seja mais comum no inverno, visitar uma vinícola no verão oferece uma programação variada. É nos meses mais quentes que ocorre a colheita da uva, e em diversos empreendimentos é possível participar desse momento e também da pisa da fruta, retomando uma antiga tradição. Assim, o enoturismo ajuda a ampliar o fluxo de visitantes na chamada baixa estação.
A expansão do enoturismo está diretamente ligada à qualificação do setor. Uma das formas de comprovar a excelência e os diferenciais dos vinhos gaúchos ocorre por meio das Indicações Geográficas (IG), divididas entre Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). Essas certificações fortalecem as marcas regionais e elevam o valor agregado das experiências oferecidas aos visitantes.
Em 2020, a região da Campanha obteve o selo de IP que atesta a qualidade da produção local. Já Garibaldi, na Serra, busca o reconhecimento formal de seus espumantes e vinhos, reforçando a identidade e a autenticidade de seus produtos.
Entretanto, a consolidação do enoturismo como motor do desenvolvimento da economia gaúcha depende de fatores como melhorias em infraestrutura, maior divulgação dos roteiros e também da preservação ambiental. O desafio agora é transformar o potencial do enoturismo em um legado que una tradição, inovação e desenvolvimento sustentável.