As eleições legislativas realizadas no fim de semana na Argentina deram ao presidente Javier Milei um importante reforço político. O pleito renovou cerca de metade da Câmara dos Deputados da Argentina (127 das 257 cadeiras) e um terço do Senado (24 das 72 cadeiras). O partido governista, La Libertad Avanza, obteve cerca de 41% dos votos, número suficiente para garantir maior controle sobre o Congresso. O resultado consolida a base parlamentar do governo e amplia a capacidade de implementar a agenda de reformas econômicas e institucionais.
Desde que assumiu a presidência, em dezembro de 2023, Milei implementou reformas com o objetivo de estabilizar a economia argentina. Quando tomou posse, a inflação anual girava em torno de 211%. Já em setembro de 2025, a inflação mensal foi de 2,1%, com 31,8% no acumulado do ano.
Entre as principais medidas adotadas na sua gestão estão a redução de subsídios, cortes nos gastos públicos e mudanças no câmbio, ações que ajudaram a conter parcialmente a alta de preços, embora a inflação continue elevada. O país também registrou queda de 1,7% no PIB em 2024, enquanto as projeções para 2025 indicam crescimento.
Com uma base fortalecida, Milei ganha autonomia para levar adiante medidas consideradas cruciais, como privatizações e ajustes fiscais. A vitória reduz o risco de que vetos presidenciais sejam derrubados, e dá maior previsibilidade ao programa de governo.
Para o Brasil, a consolidação da plataforma da gestão de Milei traz oportunidades. A Argentina é o terceiro principal destino das exportações brasileiras, com destaque para as vendas da indústria automotiva. Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a balança comercial com a Argentina cresceu 47,2% de janeiro a setembro deste ano, totalizando US$ 14,22 bilhões.
O Rio Grande do Sul também pode colher bons frutos com o fortalecimento do país vizinho, que é um dos principais mercados das exportações gaúchas. A estabilidade argentina pode favorecer os embarques de grãos, máquinas, carnes e outros produtos.
O ambiente econômico mais estável na Argentina tende a favorecer investimentos, comércio e integração regional. É importante acompanhar as mudanças, buscar novas oportunidades de cooperação e manter capacidade de adaptação diante de um vizinho em processo de transformação.