O governo do Estado encerrou na sexta-feira (24) a missão técnica a Nebraska, nos Estados Unidos, que teve foco em experiências na área de irrigação e o uso de pivôs. O La Niña, tema abordado no editorial do Jornal do Comércio de ontem, reforça a necessidade de que sejam adotadas medidas para mitigar os impactos sofridos pelo agronegócio durante os períodos de escassez hídrica, uma das características do fenômeno climático.
No Rio Grande do Sul, a área de plantio irrigada é de apenas 4% nos cultivos de milho e soja. A exceção é o arroz, que é 100% irrigado. A dependência da ocorrência de chuvas afeta o resultado das lavouras nos períodos de seca. Nos últimos cinco anos, a estiagem causou perdas em três safras seguidas, com prejuízo superior a R$ 40 bilhões.
A produção de soja, principal commodity do Estado, registrou queda de 25,2% no segundo trimestre de 2025. O desempenho influenciou o recuo de 2,7% do PIB gaúcho no período, de acordo com levantamento divulgado no final de setembro pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE).
A escolha de Nebraska se deu pelo reconhecimento do estado norte-americano como uma referência mundial em políticas públicas, tecnologias e governança da água aplicadas à agropecuária. A região é líder no uso de água subterrânea para o cultivo de milho e soja.
A comitiva foi liderada pelo vice-governador Gabriel Souza e organizada em parceria com a InvestRS, com a presença de secretários de Estado e de representantes de outras instituições. Durante cinco dias, foram visitadas universidades, centros de pesquisa, distritos de manejo de recursos naturais e indústrias de pivôs centrais para conhecer as iniciativas que mantêm as produções agrícolas estáveis, mesmo em períodos de seca.
A missão gerou resultados positivos, entre eles a assinatura de um termo para parceria futura na área de irrigação firmado entre a InvestRS e a Universidade de Nebraska. Além disso, mostrou que o Estado é um mercado promissor para indústrias de sistemas de irrigação, não só em termos de vendas como também para a instalação de unidades fabris.
A elaboração de um plano de expansão da irrigação no Rio Grande do Sul representa um passo necessário para reduzir a vulnerabilidade do campo às variações climáticas. A cooperação entre o governo do Estado, setor produtivo e instituições de pesquisa pode contribuir para uma agricultura menos dependente de chuvas e mais sustentável e competitiva.