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Mercado Financeiro

- Publicada em 19 de Setembro de 2022 às 18:02

Dólar cai 1,79% e fecha a R$ 5,1652 com mercado de olho em Meirelles

Com renovação de sucessivas mínimas, a moeda rompeu o piso de R$ 5,15 por volta das 14h

Com renovação de sucessivas mínimas, a moeda rompeu o piso de R$ 5,15 por volta das 14h


MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL/JC
Agência Estado
Após uma manhã marcada por volatilidade e troca de sinais, o dólar mergulhou ao longo da tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira (19) em queda firme, a despeito do sinal predominante de alta da moeda americana no exterior em boa parte do pregão em meio à expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira (21). Segundo profissionais do mercado, a forte onda de apreciação do real hoje pode refletir em parte a perspectiva de redução do risco fiscal em eventual governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera a corrida eleitoral, após o ex-presidente do Banco Central declarar apoio formal à candidatura do petista.
Após uma manhã marcada por volatilidade e troca de sinais, o dólar mergulhou ao longo da tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira (19) em queda firme, a despeito do sinal predominante de alta da moeda americana no exterior em boa parte do pregão em meio à expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira (21). Segundo profissionais do mercado, a forte onda de apreciação do real hoje pode refletir em parte a perspectiva de redução do risco fiscal em eventual governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera a corrida eleitoral, após o ex-presidente do Banco Central declarar apoio formal à candidatura do petista.
Nas primeiras horas de negócios, o dólar chegou a escalar até o patamar de R$ 5,30 por aqui, acompanhando o azedume externo, que deprimia as Bolsas em Nova York e levava o índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana em relação a seis divisas fortes - voltar a superar os 110,000 pontos, no maior patamar de 20 anos. Já no fim da manhã, o dólar reduzia o ritmo de alta no exterior, abrindo espaço para um alívio no mercado doméstico, com a moeda passando a operar em leve baixa. A queda do índice de confiança das construtoras nos Estados Unidos de 49 em agosto para 46 em setembro (abaixo do esperado pelo menor e para o menor nível desde maio de 2014) mostra deterioração da atividade americana e tempera as apostas para a taxa terminal no atual ciclo de aperto monetário.
A onda vendedora no mercado de câmbio local ganhou força no início da tarde, em sintonia com a arrancada do Ibovespa. Com renovação de sucessivas mínimas, a moeda rompeu o piso de R$ 5,15 por volta das 14h. No fim do pregão, o dólar caia 1,79%, cotado a R$ 5,1652, após ter oscilado cerca de quinze centavos entre a máxima (R$ 5,3027) e a mínima (R$ 5,1435).
Na maior parte do pregão, o real era, ao lado do peso mexicano, a única divisa relevante entre países emergentes e de exportadores de commodities a se fortalecer. Detalhe: enquanto a moeda brasileira ganhava quase 2% frente ao dólar, o peso mexicano subiu cerca de 0,60%. Já na última hora de pregão, a moeda americana perdeu força lá fora, com o índice DXY passando a operar em leve baixa, ao redor dos 109,600 pontos.
"Lá fora, o índice DXY abriu em alta e perdeu força com o dado do setor imobiliário nos EUA. Isso mostra que a economia americana está sentindo o aperto do crédito e coloca em dúvida uma alta mais prolongada dos juros nos EUA", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressaltando que a elevação da taxa básica em 75 pontos-base pelo Fed na quarta-feira já parece certa. "O mercado externo melhorou no fim da manhã e aqui teve essa questão do Meirelles. Houve saída forte do estrangeiro da semana passada, mas o real segue mais atraente que os pares porque temos um crescimento melhor".
Operadores lembram que o dólar encerrou a semana passada com valorização de 2,71% e que havia espaço, portanto, para uma recuperação da moeda brasileira nesta segunda-feira. Além disso, a taxa básica de juros doméstica elevada deixa investidores desconfortáveis em carregar posições em dólar. Não se descarta a possibilidade de que o Comitê de Política Monetária (Copom) promova uma alta adicional da taxa Selic no dia 21, na chamada "super quarta".
Presidente do BC na era Lula e ex-ministro da Fazenda no governo Michel Temer, Henrique Meirelles participou hoje de encontro da campanha do lula com ex-candidatos à presidência, como Marina Silva (Rede). Meirelles, fiador do teto de gastos na gestão Temer, deu seu apoio formal ao candidato petista e destacou indicadores econômicos do período em que esteve com Lula, como a geração de empregos e o controle da inflação. Reportagem especial do Broadcast mostrou que a manifestação de Meirelles, que passa a ser cogitado para cargo no alto escalão do governo, reduz temor de deterioração da política fiscal em caso de vitória de Lula. Ao Broadcast Político, o ex-ministro negou que esteja planejando voltar ao comando da equipe econômica, mas deixou a porta do diálogo aberta.
Em entrevista ao repórter Cícero Cotrim, o economista-chefe da Necton, André Perfeito, disse que a participação de Meirelles no evento do candidato petista mostra esforço claro da campanha em sinalizar que a intenção é repetir a fórmula de política econômica ortodoxa observada no primeiro governo. "Essa sinalização eu acho que é bastante adequada, no sentido de tentar apaziguar qualquer desconforto que tenha", disse.
O diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, observa que o real se apreciava no início da tarde a despeito do sinal ainda predominante de alta da moeda americana no exterior, o que pode ser um sinal de um provável "efeito Meirelles" sobre as cotações. "Ainda estou tentando me convencer de que a participação do Meirelles em evento na campanha de Lula tenha gerado toda essa euforia de otimismo no mercado hoje, mas não tem outro motivo para justificar esse descolamento que aconteceu. Dólar bateu R$ 5,30 na máxima e desceu para menos de R$ 5,17", diz Rolha.
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