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Conjuntura

- Publicada em 10 de Novembro de 2021 às 10:15

Inflação é a maior para outubro desde 2002 e vai a 10,67% em 12 meses

Puxada pela gasolina, a inflação oficial do País acelerou para 1,25% em outubro

Puxada pela gasolina, a inflação oficial do País acelerou para 1,25% em outubro


José Cruz/Agência Brasil/JC
Puxada por gasolina e passagens aéreas, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), voltou a ganhar força e acelerou para 1,25% em outubro, acima das projeções de analistas.
Puxada por gasolina e passagens aéreas, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), voltou a ganhar força e acelerou para 1,25% em outubro, acima das projeções de analistas.
A taxa é a maior para o mês desde 2002, informou nesta quarta-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em setembro, a alta do IPCA havia sido de 1,16%.
Com o resultado de outubro, a inflação acumulada em 12 meses permanece acima de dois dígitos, alcançando 10,67%. Trata-se do maior acumulado desde janeiro de 2016 (10,71%).
O IPCA está distante do teto da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) em 12 meses. O teto é de 5,25% em 2021. O centro é de 3,75%.
Em outubro, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram, com destaque para transportes. Esse segmento teve a maior variação (2,62%) e o principal impacto no índice do mês (0,55 ponto percentual).
O resultado de transportes foi influenciado pelos combustíveis (3,21%). A política de preços da Petrobras leva em consideração as cotações do petróleo no mercado internacional, que subiram com a reabertura da economia global, e o comportamento do dólar, acima de R$ 5.
Segundo o IBGE, a gasolina avançou 3,10% em outubro. Assim, teve o principal impacto individual (0,19 ponto percentual) no IPCA do mês.
Foi a sexta alta consecutiva dos preços desse combustível. A gasolina acumula disparada de 42,72% nos últimos 12 meses.
Os preços do óleo diesel (5,77%), do etanol (3,54%) e do gás veicular (0,84%) também subiram em outubro.
Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE, lembrou que o aumento dos combustíveis acaba pressionando itens diversos ao longo da cadeia produtiva. Valores de fretes de mercadorias ficam mais caros, por exemplo.
"Isso acaba afetando outros componentes", disse.
Um dos reflexos da alta dos combustíveis aparece nas passagens aéreas. Em outubro, o item subiu 33,86%, respondendo pelo segundo maior impacto individual no IPCA (0,15 ponto percentual).
Segundo Kislanov, a alta das passagens é comum em outubro. Mas a elevação foi turbinada por impactos adicionais do combustível (querosene de aviação) mais alto. Também pesou a demanda maior por viagens, estimulada pela vacinação contra a Covid-19.
"É comum a alta [das passagens] em outubro. Mas também há a depreciação cambial e o aumento do combustível. Isso pode ter contribuído. Houve ainda o aumento da demanda", indicou.
Entre os grupos de produtos e serviços, a maior contribuição (0,24 p.p.) em outubro veio de alimentação e bebidas. O segmento teve alta de 1,17%.
A pesquisa do IBGE contempla 16 capitais e regiões metropolitanas. No acumulado de 12 meses, 12 metrópoles têm IPCA acima de 10%.
Curitiba (PR) é aquela com maior inflação: 13,48%. Belém (PA) tem o menor índice (9,27%).

Em um ano, Porto Alegre registra elevação de 11,92% nos preços

Em Porto Alegre, a inflação em outubro medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou alta de 1,14%, o que representa uma retração em relação ao registrado em setembro (1,53%). No acumulado de 12 meses, o IPCA na Capital gaúcha apresentou elevação de 11,92%.
Entre os itens que compõem o IPCA, os gastos com transportes são que apresentaram maior elevação de preços, com alta de 22,80% em 12 meses. Em seguida, vêm Habitação (18,97%), artigos de residência (13,58%), alimentação e bebidas (11,62%), vestuário (7,54%), saúde e cuidados pessoais (4,22%), despesas pessoais (3,70%), comunicação (2,91%) e educação (1,12%).

Gasolina, passagens aéreas e tomate foram os principais responsáveis pela escalada

A inflação oficial do país surpreendeu mais uma vez analistas do mercado financeiro, com uma alta acima da esperada em outubro. Analistas de mercado consultados pela agência Bloomberg, por exemplo, projetavam variação de 1,06% no mês passado, ao invés da taxa de 1,25% medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
A gasolina foi a principal responsável por puxar para cima a inflação de outubro.
O combustível teve alta de 3,10% e, assim, respondeu pelo maior impacto individual sobre o índice do mês: 0,19 ponto percentual.
A gasolina vem sendo pressionada pela recuperação do petróleo no mercado internacional e pelo dólar alto. Os dois fatores são levados em consideração pela Petrobras na hora de definir os preços dos combustíveis em suas refinarias.
Segundo o IBGE, a gasolina acumula disparada de 38,29% no ano e de 42,72% nos últimos 12 meses.
O segundo maior impacto individual no IPCA de outubro veio das passagens aéreas: 0,15 ponto percentual. O item subiu 33,86% no mês passado.
Conforme o instituto, a alta das passagens reflete uma combinação de fatores. Tradicionalmente, os preços costumam subir em outubro, com a maior procura por viagens.
Neste ano, o avanço do querosene de aviação causa uma pressão adicional para os custos das companhias aéreas, que tentam retomar resultados positivos após o baque da Covid-19.
Para completar a receita de aumentos, há ainda uma demanda mais aquecida por passagens após as restrições causadas pela pandemia.
O terceiro impacto individual no índice de outubro foi do tomate (0,07 ponto percentual). Os preços subiram 26,01%.
Condições climáticas adversas abalaram a produção de alimentos como o tomate nos últimos meses.
Além da seca, o Brasil atravessou ondas de frio intenso em julho, com o registro de geadas. Perdas em plantações e a redução na oferta pressionam os preços para cima.
O quarto maior impacto no IPCA de outubro veio da energia elétrica: 0,06 ponto percentual. A luz subiu 1,16% no mês.
O aumento, apesar de robusto, foi menor do que o verificado em setembro (6,47%).
Neste ano, a energia ficou mais cara devido à crise hídrica. A escassez de chuva forçou o acionamento de usinas térmicas, elevando os custos da geração de eletricidade.
O reflexo é a luz mais cara nos lares brasileiros. "Em outubro, foi mantida a bandeira de escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Houve ainda reajustes tarifários em regiões com peso significativo no IPCA, como Goiânia, São Paulo e em Brasília", apontou Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE.
Com o resultado de outubro, a inflação acumulada pelo IPCA permanece acima de dois dígitos, com alta de 10,67% em 12 meses. É o maior acumulado desde janeiro de 2016 (10,71%).
Kislanov mencionou que os custos maiores de empresas com itens como combustíveis e energia elétrica causam uma pressão ao longo da cadeia produtiva.
Contudo, em 12 meses, os preços administrados, como gasolina e luz, ainda apresentam uma elevação mais forte do que os serviços livres, ponderou o analista do IBGE.
No acumulado até outubro, a alta dos preços monitorados foi de 17,01%. Enquanto isso, a inflação de serviços foi de 4,92%.
Em outubro, o índice de difusão do IPCA subiu de 65% para 67%. O indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os produtos e serviços pesquisados pelo IBGE.
O índice de difusão esteve pela última vez abaixo de 50% em maio de 2020 (43%). À época, o contexto era diferente, com os preços do petróleo em patamar mais baixo, lembrou Kislanov.