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Economia

- Publicada em 04 de Dezembro de 2020 às 16:47

Hotéis do Litoral Norte prometem 'desobediência civil' se praias não reabrirem

Prainha, uma das mais requisitadas em Torres, tem baixa procura devido a restrições e ao clima

Prainha, uma das mais requisitadas em Torres, tem baixa procura devido a restrições e ao clima


NANÁ HAUSEN/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
"Vai ter desobediência civil. Vamos berrar e gritar", avisa uma das dirigentes do setor hoteleiro do Litoral Norte do Rio Grande do Sul e dona do Guarita Park Hotel, em Torres, Ivone Ferraz. O tom e a reação foram elevados após a restrição determinada pelo governo estadual à permanência nas praias gaúchas, em função da elevação de caso da pandemia e maior demanda por leitos hospitalares.
"Vai ter desobediência civil. Vamos berrar e gritar", avisa uma das dirigentes do setor hoteleiro do Litoral Norte do Rio Grande do Sul e dona do Guarita Park Hotel, em Torres, Ivone Ferraz. O tom e a reação foram elevados após a restrição determinada pelo governo estadual à permanência nas praias gaúchas, em função da elevação de caso da pandemia e maior demanda por leitos hospitalares.
Ivone, que é presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes e Similares do Litoral Norte e vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no RS (ABIH-RS), chegou a postar um vídeo no seu perfil no Instagram com a manifestação, que foi replicado pelo dono da rede de Lojas Havan, Luciano Hang, que informou que teria enviado o apelo da empresária ao presidente da República, Jair Bolsonaro.

VÍDEO: Ivone Ferraz apela: "Não vamos fechar as portas"

Segundo decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no começo da atual crise sanitária, em março, os estados têm autonomia para definir medidas de combate à Covid-19.
Na quarta-feira (2), dia seguinte à vigência da proibição, quase 30 estabelecimentos, entre hospedagens e restaurantes da região, e o sindicato assinaram nota enviada ao governador Eduardo Leite pedindo a suspensão da restrição na faixa litorânea. 
"Já tínhamos pedido ampliação da capacidade de ocupação para 75% e aí vem outro decreto, desta vez com a redução doe uso da praia", revolta-se Ivone, que é dona de cinco estabelecimentos, mais um em Torres, outro em Porto Alegre e dois em Santa Catarina. A presidente do sindicato está em casa recuperando-se da infecção da Covid-19.
O grupo pretendia protestar nesta sexta-feira (4) na frente do Palácio Piratini, sede do governo. O ato foi adiado, e Ivone diz que o prazo de resposta de Eduardo Leite é segunda-feira (7). Se não houver retorno, os donos das operações prometem fazer concentração no Piratini "até ter uma resposta", adianta a presidente do sindicato.  
O governo estadual informou, por meio de sua assessoria, que o pedido do Litoral Norte deverá ser avaliado pelo gabinete de crise da pandemia.  
"Se ele (governador) não nos der respostas, vamos para a rua, não vamos ficar quietos, não vamos seguir nenhum protocolo", reforça Ivone.
A alegação do setor é que o aumento de casos não é causado dentro dos negócios. No decreto em vigor, que suspendeu a cogestão das bandeiras do distanciamento controlado e reduziu horários de funcionamento, comércio e serviços podem funcionar. Outra proibição é de festas e eventos públicos e privados para evitar aglomerações. Medidas valem para a bandeira vermelha, situação do Litoral Norte. 
Sobre as praias, Ivone observa que apenas andar ou tomar banho no mar não são suficientes para atrair os turistas. "As pessoas estão suspendendo as reservas. Pelo menos 40% foram canceladas, incluindo estadia de fim de ano", dimensiona a hoteleira.
O segmento que ficou fechado no começo da pandemia, em um período fora do veraneio. A maior parte da rede, que soma 22 mil leitos e quase 20 mil empregados incluindo a gastronomia, retomou os serviços em novembro.
Segundo a presidente do sindicato, a nova medida, que é prevista por duas semanas, até meados de dezembro e pode ser renovada se o quadro da Covid-19 se mantiver, 70% das contratações que começariam para o verão foram suspensas, à espera do cenário. 
"Só temos janeiro e fevereiro para sobreviver", adverte a dirigente.
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Fiscalização e proibição de consumo de bebida alcoólica nas ruas tentam evitar aglomerações. Foto: Prefeitura de Torres/Divulgação 
O secretário de Turismo de Torres, Fernando Nery, diz que a cidade vai atuar para cumprir o decreto de leite, com fiscalizações que foram reforçadas e até proibição de consumo de bebidas alcoólicas em vias, praças e parques baixada em decreto esta semana, mas admite:
"Sou contra o fechamento da faixa da praia. Estou abraçado com o setor. Não vejo propósito, pois o local é ventilado e é o principal produto do nosso turismo".
Nery ainda provoca: "Por que o Natal Luz, de Gramado, está permitido e a praia não? O que leva as pessoas à cidade da serra é o Natal, e aqui (Torres), é a praia", confronta.
O secretário considera difícil que o governo volte atrás antes de 14 de dezembro, teto da vigência da atual  regra, que é a reivindicação dos hotéis.
"Estamos fazendo um movimento político, com diálogo. Regras foram feitas para serem cumpridas, mas nada impede que se consiga chegar a um denominador comum", aposta Nery, que acredita que pode ser possível adotar um protocolo específico para estar na beira da orla.
Os gestores avaliam que cabe a cada frequentador tomar os cuidados, mas admite que nas semanas recentes houve aceleração de casos que pode ser associada a um relaxamento das medidas pelas pessoas. Torres também teve grande movimentação de fora no feriado do 2 de novembro e mesmo no dia do primeiro turno, em 15 de novembro.
Nery teve Covid-19, e o prefeito reeleito, Carlos Souza (PP), está afastado por que contraiu o novo coronavírus. O vice Fabio Amoretti, mesmo com Covid-19, assumiu o cargo. Nem o presidente da Câmara, Fabio da Rosa, que estaria na linha de sucessão, não pôde ocupar a função porque também foi infectado.
A articulação é feita por meio de deputados da Assembleia Legislativa com acesso ao governo. A cidade já cancelou comemorações do revéillon, também com restrições. Segundo Nery, seria feita apenas a queima de fogos, em diversos pontos, para evitar aglomerações. Shows, que são tradição em Torres, estavam descartados. 
"Vamos focar para que a faixa de praia possa ser usada. Vamos lutar por isso", arremata o secretário.
Torres chegou a 1992 casos confirmados, com 1654 recuperados, 305 pacientes em isolamento domiciliar e 21 óbitos. As mortes saltaram 40% em 10 dias. Em 24 de novembro, 15 vidas haviam sido perdidas. Os casos avançaram mais de 30% no mesmo período.
A prefeitura destacou em seu site que, a última semana de casos - de 30 de novembro a 5 de dezembro -, foi recorde em toda a pandemia. Foram 370 novos registros da doença, sendo 261 somente nos primeiros cinco dias deste mês.
O maior número, mas em um mês e não sete dias, havia sido computado em agosto, de 322 casos. Novembro todo soma 639 novos infectados.   
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