Com o objetivo de preparar a retomada do calendário de feiras de rua de Porto Alegre, suspenso desde março, iniciativa que reúne o Porto Alegre e Região Metropolitana Convention e Visitors Bureau (POACVB) e o coletivo Feiras Unidas POA busca garantir com a prefeitura da Capital a liberação desses eventos culturais, que tradicionalmente mobilizam grande volume de público, expositores e fornecedores, e ajudam a movimentar a indústria criativa e o turismo da cidade.
Segundo Adriane Hilbig, presidente do POACVB, a intenção é alinhar o segmento de feiras aos demais do setor de eventos e capacitá-lo para o futuro retorno, considerando os protocolos de enfrentamento à pandemia e sua adaptação à realidade do segmento. "As feiras de rua são uma atividade cultural importantíssima para o desenvolvimento da cidade, que sempre foi rica em opções de programação ao ar livre . Logo, precisam começar a se planejar para uma volta gradual e segura. Nossa intenção é ajudar os promotores com treinamentos e organizá-los para esse novo momento, enquanto aguardamos o decreto de liberação das atividades", comenta a dirigente.
Apesar de feiras livres de hotrifrúti e até o Brique da Redenção estarem em pleno funcionamento na cidade, as feiras coletivas que reúnem expositores de moda, artesanato, design, gastronomia e outras áreas criativas ainda aguardam sinalização do poder público e buscam alternativas para se manterem e fortalecerem o mercado dos pequenos empreendedores e marcas durante a pandemia. Segundo o Feiras Unidas POA- formado pela OPEN Feira de Design, pela Café com Bazar, Feira de Moda Plus Size, Brick dos Desapegos, Feira Me Gusta e Feira Tô na Rua-, uma média entre 20 e 40 feiras de rua vinham sendo promovidas em Porto Alegre mensalmente, antes da pandemia, com cerca de 100 expositores por evento.
Pamela Morrison, idealizadora da Feira Me Gusta e uma das integrantes do coletivo, defende volta gradual e responsável das feiras de rua. Crédito Fredy Vieira/JC
Por isso, o coletivo busca alinhar a retomada desses eventos e consolidar um calendário anual para 2021. Juntas, as seis feiras que formam o coletivo representam as maiores em número de público e expositores da Capital, e apostaram em eventos virtuais para se manterem atuantes e conectadas com o público e expositores nesses meses de distanciamento social. "As feiras movimentam Porto Alegre, recebem visitantes de outros locais e ajudam a movimentar a economia e o turismo. Essa cena forte na capital é algo muito característico nosso, inclusive em relação a outros Estados, e queremos servir de modelo de preparação dessa retomada", explica Pamela Morrison, idealizadora da Feira Me Gusta, que desde 2014 mobiliza a cena cultural da cidade e já promoveu mais de 60 edições em locais da Cidade Baixa.
O primeiro passo para isso foi dado na semana passada, quando o coletivo e o POACVB trataram da questão com representantes da Diretoria de Turismo e Eventos de Porto Alegre. Na próxima sexta-feira (16), uma nova reunião deverá avançar nessa articulação e planejamento de um calendário específico para as feiras de rua. "Buscamos liberar as atividades de mais um setor que acreditamos ter condições de operar e que é fundamental para o resgate das atividades sociais e culturais na cidade. Com rígidos protocolos sanitários e muita responsabilidade, as feiras de rua certamente serão um grande passo para o turismo de Porto Alegre retornar com força", destaca Adriane.
Feiras de rua movimentam público, a indústria criativa e o turismo da cidade. Crédito: Marcos Quintana/JC
O grupo propõe a realização de treinamentos para os organizadores, voltados à capacitá-los para a futura retomada e ajudá-los nessa preparação dos eventos sob nova ótica. A intenção é promover capacitações online, para que expositores e fornecedores cheguem prontos quando as feiras voltarem a ser promovidas. Em um primeiro momento, um evento experimental fechado ao público deverá ser realizado para aplicar protocolos e testar essa preparação.
Mais adiante, a ideia é promover eventos em locais fechados e com limitação de público, para evitar aglomerações e adequar as feiras à nova realidade social. "Sabemos que ainda teremos de seguir todas as medidas de segurança e prevenção por algum tempo, mas precisamos voltar aos poucos à vida normal. Em uma praça não teremos como controlar o público nem fazer as feiras neste momento, então, precisamos nos adequar. Não é apenas uma questão econômica, mas também de sanidade", complementa Pamela, reforçando que um dos legados positivos da pandemia foi a união do setor.