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Teatro

- Publicada em 29 de Setembro de 2022 às 00:35

Inventário íntimo composto de luz, sons e palavras

Claudia Abreu mergulha no universo de Virginia Woolf e estreia como autora em monólogo dirigido por Amir Haddad

Claudia Abreu mergulha no universo de Virginia Woolf e estreia como autora em monólogo dirigido por Amir Haddad


Flávia Canabarro/Divulgação/JC
Adriana Lampert
Os últimos instantes de vida de uma das principais escritoras modernistas do século XX são o pano de fundo de Virginia, espetáculo que marca o retorno de Claudia Abreu aos palcos. Dirigida por Amir Haddad,  a peça também sinaliza a estreia da atriz na dramaturgia, em um mergulho no universo de Virgina Woolf (1882-1941). A turnê pelo Rio Grande do Sul inicia na terça-feira, 4 de outubro, em Santa Cruz do Sul, com sessão às 20h30min no Teatro Mauá. No dia 6, a montagem passa por Santa Maria, às 20h, no Theatro Treze de Maio. Encerrando o giro pelo Estado, Claudia sobe ao palco do Theatro São Pedro (Pça. Marechal Deodoro, s/n) às 21h de sábado (8 de outubro) e domingo (9).
Os últimos instantes de vida de uma das principais escritoras modernistas do século XX são o pano de fundo de Virginia, espetáculo que marca o retorno de Claudia Abreu aos palcos. Dirigida por Amir Haddad,  a peça também sinaliza a estreia da atriz na dramaturgia, em um mergulho no universo de Virgina Woolf (1882-1941). A turnê pelo Rio Grande do Sul inicia na terça-feira, 4 de outubro, em Santa Cruz do Sul, com sessão às 20h30min no Teatro Mauá. No dia 6, a montagem passa por Santa Maria, às 20h, no Theatro Treze de Maio. Encerrando o giro pelo Estado, Claudia sobe ao palco do Theatro São Pedro (Pça. Marechal Deodoro, s/n) às 21h de sábado (8 de outubro) e domingo (9).

Os ingressos para assistir ao espetáculo em Santa Cruz (com valores entre R$ 30,00 e R$ 100,00) ou Santa Maria (de R$ 60,00 a R$ 120,00) estão à venda pela plataforma Sympla. Em Porto Alegre, as entradas devem ser adquiridas pelo site do Theatro São Pedro, e custam entre

R$ 20,00 e R$ 100,00.
Resultado dos vários atravessamentos que a escritora, ensaísta e editora britânica provocou em Claudia Abreu ao longo de sua trajetória, a montagem é, ainda, o primeiro monólogo da trajetória de mais de 30 anos de carreira da atriz carioca. Além do olhar de Haddad, ela contou também com a co-direção da atriz e diretora Malu Valle. "Ambos em deram muita liberdade para eu desenvolver minha escrita cênica: me conduziram de maneira a me ajudaram a eu me encontrar em cena e fazer da forma como eu queria", valoriza Claudia. Ela conta que a dramaturgia do espetáculo é fruto de um processo criativo, que envolveu leituras (de diários, ensaios, memórias e biografias da escritora), escritas e outras ferramentas de experimentação, realizados em um período de mais de cinco anos.
"Nos últimos dois anos, fiz uma pós-graduação online em Artes Cênicas na PUC do Rio de Janeiro, e nesse período (de isolamento social, por conta da pandemia de Covid-19) realizei uma grande pesquisa sobre escrever para teatro, o que me alimentou e veio como um incentivo para seguir com o projeto", conta a autora e atriz. "Escrevi Virginia de várias formas: com áudios em qualquer lugar que eu estivesse; da maneira clássica, sentada no escritório; ou com pequenas filmagens que eu fazia para mim mesma."
A intuição e a oralidade também ajudaram Claudia a "colocar para fora" todo o conteúdo que ela queria levar para a peça. O trabalho final, segundo a autora, é um inventário íntimo sobre a escritora britânica e seus últimos instantes de vida. "Quando entro em cena, ela já colocou pedras nos bolsos, e está na naquele último átimo de consciência, repassando a própria vida, momentos antes da morte", revela a atriz. "Foi incrível começar nesta aventura de fazer algo diferente de ser só atriz e poder criar o que vou interpretar", emenda. 
No espetáculo, a personagem interpretada por Claudia rememora acontecimentos marcantes em sua vida, a paixão pelo conhecimento, os momentos felizes com os amigos do grupo intelectual de Bloomsbury, além de revelar afetos, dores e seu processo criativo. A atriz carioca conta que sua admiração por Virginia vai além da importância da escritora, que revolucionou a literatura ao inserir o fluxo de consciência em suas obras (capaz de materializar vozes reais ou fictícias, sempre presentes em sua mente): "além de ter muito interesse por esta estrutura literária, sou apaixonada e identificada pelos textos dela".
A relação de Claudia com Virginia Woolf começa em Orlando, montagem assinada por Bia Lessa, em 1989. Aos 18 anos, ela travou contato inicial com a escritora de clássicos como Mrs Dalloway, Ao Farol e As Ondas. No entanto, foi somente em 2016, com a indicação de uma professora de literatura, que a atriz reencontrou e mergulhou de cabeça no universo da autora. "Antes de ler profundamente Virginia Woolf, eu só sabia o clichê: que ela era depressiva e havia se suicidado em um rio. Mas eu quis entender melhor quem era essa pessoa que escrevia e me tocava tanto."
Claudia admite que esse foi justamente seu maior desafio: "fazer um recorte de uma pessoa tão complexa, uma escritora especial, e colocar tudo isso em cena de uma maneira consistente, de forma que fosse possível fazer o público refletir sobre si mesmo, a humanidade, a existência, a condição da mulher na sociedade, a dor da criação, e sobre a linha tênue que separa a loucura e a lucidez". 
Formada em Filosofia, a atriz carioca avalia que a vida da autora britânica foi tão trágica e rica em acontecimentos quanto sua obra "Ela sofreu abusos sexuais, perdeu a mãe cedo, teve várias mortes da família nuclear, tinha questões emocionais e psicológicas, e viveu em um período de grande repressão contra as mulheres. Mesmo assim, superou as adversidades, foi autodidata e brilhante."
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