Aprendendo com a vida

João Satt

Por mais que se leia, estude e escute conselhos, a vida é o maior mestre. Dor sentida é lição apreendida. O que se sente na carne jamais se esquece. Enquanto muitos falam que estamos na era da abundância, a vida nos surpreende trazendo a escassez para a pauta. É um dado de realidade a redução evidente na intenção de consumir, enfim, comprar.

Os setores de varejo, com exceção do alimentar, se deparam com menos pessoas entrando nas suas lojas, assim como nos seus sites. Nesse cenário todos são atingidos, varejo e indústria, porque estoque que não gira inibe novas oportunidades de sell in. O desânimo é resultado de tudo que você já sabe: falta de empregos, taxa de juros, enfim, isso gera uma gigantesca insegurança em relação ao presente-futuro.

Muitos apostam que, dependendo de quem ganhar as próximas eleições, a equação do crescimento e da felicidade estará resolvida. O mais provável é que, independentemente de quem vencer, teremos um país dividido, tenso, cujo presidente terá um enorme desafio de resgatar o outro lado.

A tensão na Europa, e agora na Ásia, revela um estado de emergência global em que todos perderemos, seja pela desunião, seja pelo incremento da violência, bem como a inevitável apatia em relação à expectativa de vida.

Trazendo tudo isso para o seu negócio, fica a pergunta: como aumentar as vendas quando os potenciais compradores são cada vez mais escassos e voltam a adiar suas compras de maior vulto?

Aqui entram as valiosas lições da vida:

1. Cuide da sua gente, escute mais, motive a trocar a palavra "problema" por "desafio";

2. Enxergue o coração, e não apenas o bolso de quem entra na sua loja. Dedique atenção e respeito, as pessoas nunca esquecem a colaboração em momentos difíceis;

3. Construa alianças com seus fornecedores, é momento de remarem juntos;

4. Não fique chorando por quem não veio na festa; a solução é vender mais para quem está dentro da sua loja, assim como não deixar ninguém sair com as mãos abanando. Coloque o "tapete vermelho" na entrada principal, com um cartaz: "que bom que você veio".

Reúna seu time e pergunte:

- O que temos para oferecer tem "valor" para as pessoas?

- O storytelling que estamos contando mexe com as pessoas?

- Estamos conseguindo conectar com as pessoas?

Relações frias não despertam recorrência. É hora de auditar todos os esforços em marketing. Não basta fazer o certo, é preciso saber se o que está sendo feito de fato está destravando o gatilho do consumo. Foque em apenas dois aspectos: desejo e acessibilidade.

É hora de exceder pela sedução. Por pior que seja a realidade, nossa capacidade de sonhar não é afetada. Desperte e fomente nas pessoas a vontade de ter e, por outro lado, destaque as facilidades para obter.

Mais uma vez a vida nos ensina que "parcela e prazo" são mais relevantes que o preço do produto. Desafie seu time de marketing e a equipe de vendas: estamos promovendo o desejo nas pessoas? Consumir passou a ser uma questão de preferência: sem mexer com o desejo, você sequer será considerado. A vida tem muito por ensinar a todos nós. Essa não é a primeira, nem será a última travessia, pode ter certeza.