Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Teatro

- Publicada em 05 de Janeiro de 2023 às 00:40

A reafirmação da vida

Antonio Hohlfeldt
Suzana Vieira chegou em Porto Alegre em abril, com vitalidade e emoção na interpretação de Uma Shirley qualquer, peça que fizera sucesso há alguns anos, sendo inclusive transformada em filme, por Hollywood. Localmente, tivemos espetáculos críticos como Os dois e aquele muro e uma remontagem do infantil Canto de cravo e rosa, sempre um momento poético em cena, além da volta do divertido Guri de Uruguaiana, festejando vinte anos de permanência nos palcos.
Suzana Vieira chegou em Porto Alegre em abril, com vitalidade e emoção na interpretação de Uma Shirley qualquer, peça que fizera sucesso há alguns anos, sendo inclusive transformada em filme, por Hollywood. Localmente, tivemos espetáculos críticos como Os dois e aquele muro e uma remontagem do infantil Canto de cravo e rosa, sempre um momento poético em cena, além da volta do divertido Guri de Uruguaiana, festejando vinte anos de permanência nos palcos.
O Grupo Corpo, que não viajara pelo País ao longo da pandemia, voltou a apresentar-se em turnês nacionais, incluindo nossa Capital, e um musical extraordinário nos emocionou a todos, A cor púrpura. Em abril ainda recebemos uma nova temporada do irresistível Irma Vap e o contundente A vela, que discute a questão das relações familiares, sobretudo quando o pai descobre que seu filho é homossexual.
Alguns espetáculos infantis marcaram o mês de maio, como Chapeuzinho vermelho e As princesas e o príncipe encantado, mas o mês de fato ficou marcado pelo retorno do Palco Giratório, em versão mesclada entre espetáculos virtuais e presenciais, trazendo atrações como Sambaracotu, que já conhecêramos da temporada anterior, mais A hora da estrela, baseado no romance de Clarice Lispector; Iago, naturalmente referenciado em Shakespeare; o provocativo Estudo nº 1: Morte e vida, sobre a realidade de periferias do país, além de Paixão viva e o grupo Galpão, de Minas Gerais.
Neste mês de maio também se comemoraram os 25 anos do Teatro do Sesi, cuja administração, por isso mesmo, elaborou extensiva programação ao longo do ano. Esta temporada teve como característica a diversificação das atrações e, assim, tanto encontramos reprises históricas, como Adolescer, quanto atrações tradicionais rejuvenescidas a cada temporada, como o espetáculo Holiday on Ice, que traz vários personagens do universo de Walt Disney.
Vera Fischer voltou a Porto Alegre, em junho, no espetáculo inusitado Quando eu for mãe quero amar do mesmo jeito, um texto cheio de lances inesperados e quebras de linhas dramáticas em torno de uma mãe possessiva. De Pelotas veio o espetáculo Pai de Deus, que rememora acontecimentos envolvendo a ditadura e a prática da tortura, enquanto a Cooperativa de Ópera do Rio Grande do Sul lançava-se em sua primeira realização, uma versão minimalista de Cavalleria rusticana, que alcançou enorme repercussão, sobretudo porque todos estávamos com saudades de uma montagem operística. Mas também porque a versão apresentada foi muito inventiva e, de outro lado, esta é uma das obras mais simpáticas ao gosto do público, ao longo de décadas.
Julho fazia a passagem do semestre. Luciano Alabarse voltou a chamar a atenção do público, enquanto diretor - parece que Luciano está a compensar o tempo "perdido" nos quatro anos anteriores em que foi administrador público - ao assinar Gabinete de curiosidades, texto de Gilberto Schwartzmann, que surpreendeu e emocionou a todos, transformando-se em outro dos grandes momentos desta temporada.
Por fim, o infantil Aladdin devolveu a família Radde à tradição dos espetáculos dirigidos às crianças, no espaço sempre acolhedor do Museu do Trabalho, e Teatro para pássaros, do argentino Daniel Veronese, discutia as relações interpessoais, no simpático espaço do Teatro de Arena.
De tudo aquilo a que assisti, ao longo desta temporada, contudo, acho que Novos velhos corpos 50, espetáculo de dança que trouxe, entre outros, Eva Schul novamente aos palcos, ao lado de Robson Lima Duarte, Suzi Weber, Eduardo Sanseverino e Mônica Dantas, com idades variando entre 54 e 74 anos de idade, foi o mais emocionante e o mais afirmativo, mostrando a força da arte e o encanto de um artista que conhece seu potencial. O espetáculo, muito bonito coreograficamente, emocionou pela vitalidade e pela afirmação de força de vontade de seus intérpretes, contrastando jovens bailarinos com aqueles a que nos acostumamos a encontrar, ao longo de anos, em nossos palcos, sem os darmos conta de que eles também envelheciam. Foi momento de encanto, sobretudo, depois de vencermos a pandemia e enfrentarmos as atrocidades de uma guerra na Ucrânia e os desmazelos de nossa política cultural nacional.
Mas a temporada prometia mais, e vamos ver isso no último artigo desta série, na semana vindoura. 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO