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Teatro

- Publicada em 03 de Novembro de 2022 às 18:22

Comédia compensapagamento do ingresso

Antonio Hohlfeldt
Comédia leve e explicitamente inocente, Terapia de casal é um texto de Juliana Barros, resultando em espetáculo que vem assinado por ela mesma e por Fernando Ochôa, que tem boa experiência no gênero. O título do espetáculo diz tudo: o tema evidentemente não é novo (no mesmo palco do Theatro São Pedro, Antonio Fagundes interpretou outra comédia, intitulada Baixa terapia). O que temos de novo, aqui? Primeiro que tudo, é um espetáculo absolutamente local. A autora é sul-rio-grandense, todo o elenco é formado pelo nosso Departamento de Arte Dramática da Ufrgs e a equipe técnica é gente que encontramos a todo o momento. Sobretudo, Marcos e Alice, o jovem casal em vias de separação, é gente que se parece muito com a gente. O resultado é que, com uma produção eficiente e uma divulgação dinâmica, embora sem nomes da TV Globo, o espetáculo levou excelente público ao Theatro São Pedro no final de semana de sua temporada. Público que se divertiu e que inclusive se identificou, ficando muita gente para os debates que se seguiram após as performances.
Comédia leve e explicitamente inocente, Terapia de casal é um texto de Juliana Barros, resultando em espetáculo que vem assinado por ela mesma e por Fernando Ochôa, que tem boa experiência no gênero. O título do espetáculo diz tudo: o tema evidentemente não é novo (no mesmo palco do Theatro São Pedro, Antonio Fagundes interpretou outra comédia, intitulada Baixa terapia). O que temos de novo, aqui? Primeiro que tudo, é um espetáculo absolutamente local. A autora é sul-rio-grandense, todo o elenco é formado pelo nosso Departamento de Arte Dramática da Ufrgs e a equipe técnica é gente que encontramos a todo o momento. Sobretudo, Marcos e Alice, o jovem casal em vias de separação, é gente que se parece muito com a gente. O resultado é que, com uma produção eficiente e uma divulgação dinâmica, embora sem nomes da TV Globo, o espetáculo levou excelente público ao Theatro São Pedro no final de semana de sua temporada. Público que se divertiu e que inclusive se identificou, ficando muita gente para os debates que se seguiram após as performances.
A linguagem simples, dinâmica e acertadamente oralizada do texto ajuda a comunicabilidade. Se não chegamos a ter um "gauchês" em cena, temos referências e situações muito conhecidas de todos os espectadores. Ou seja, o público se identifica de imediato com o enredo em desenvolvimento. Para isso, contribui fortemente a escolha da trilha sonora incidental, que situa o enredo na década de 1980, quando a publicidade se torna um espaço profissional reconhecido, respeitável e rentável, inclusive para as jovens que, saindo de uma faculdade de comunicação, aí encontravam colocação e futuro, como a personagem feminina da obra.
Na contramão desta situação, o rapaz é um estudante de engenharia: curso difícil, falta de dinheiro, dependência emocional da mãe: aqui começa o tragicômico da situação que, da paixão dos dois enamorados, chega rapidamente à decisão da separação. Letícia Kleemann compõe a personagem feminina, um pouco afetada, sempre em busca de auto-afirmação, enquanto João Petrillo encarna um circunspecto estudante universitário, sempre afim de "pegar uma mina", mas, no fundo, tímido e dependente da mãe. Este contraste, evidentemente, coloca os personagens em antagonismo e daí para a decisão da separação, é um zás.
A estrutura cênica é tão simples quanto bem instrumentalizada. Alguns cubos, uma arara em meio ao palco, e nada mais. Os personagens trocam de roupa a toda a hora, marcando a passagem das cenas. Talvez a identificação da personagem feminina com o lilás e o masculino com o azul seja um pouco primário e evidente demais. Mas cenicamente, o lilás funciona melhor do que um vermelho, por exemplo. Neste sentido, a opção cromática foi correta.
O espetáculo a que assisti evidencia um ritmo bastante marcado, buscado pelo texto. Na interpretação, isso nem sempre foi alcançado durante todo o desenvolver da encenação, o que é fundamental para sustentar o espetáculo. Mas isso não significa um desastre, apenas maior necessidade de ensaios para que o ritmo fique automatizado, sem perder a naturalidade. O que ajuda é que o texto de Juliana Barros captou bem expressões e modos de pensar e reagir, tipicamente porto-alegrenses, que estão introjetados nos dois personagens. Assim, há falas que ocorrem e que só podem ser compreendidas e avaliadas pelo espectador local, o que significa mérito numa encenação local, mas, certamente, para o futuro, em espetáculos fora da cidade, haverá a necessidade de adequar o texto. Seja como for, esta característica faz com que o diálogo seja bastante natural, o que permite seu desdobramento com bons resultados em cena.
Terapia de casal enfrentou, por certo, um forte desafio a mais, provocado pelas dimensões do palco do Theatro São Pedro que, para este tipo de espetáculo, se torna enorme. Mas com o auxílio da iluminação, que concentrou focos nos personagens e nos campos de ação física, esta questão foi bastante bem resolvida e redundou num trabalho simpático, a que a plateia presta atenção e se diverte. Os lugares comuns - a dependência do rapaz, a mãe dominadora, a jovem publicitária pouco avessa às atividades do lar etc. - são devidamente rejuvenescidos e o resultado final é divertido, compensando o pagamento do bilhete.
 
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