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Opinião Econômica

- Publicada em 21 de Novembro de 2022 às 20:46

O Brasil no BID

Cecilia Machado
Economista, professora da EPGE (Escola Brasileira de Economia e Finanças) da FGV
Economista, professora da EPGE (Escola Brasileira de Economia e Finanças) da FGV
O Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID, é muito mais que uma instituição financeira multilateral. Ele serve como instrumento para o desenvolvimento econômico da América Latina e do Caribe, tendo como clientes os diversos governos e instituições que buscam o banco para desenvolver projetos na região. Atuando em parceria com eles, o BID fornece recursos, mas também dissemina conhecimento e provê assistência técnica para a execução de projetos que estão alinhados aos seus objetivos.
O direcionamento de recursos é importante pois o desempenho econômico da América Latina nas últimas décadas tem sido bastante modesto. As lacunas de produtividade, que já dificultavam a capacidade de os países lidarem com várias crises e choques, foram ampliadas ainda mais com a transição digital e a adoção de novas tecnologias nas economias desenvolvidas, com as mudanças climáticas e com a pandemia do Covid-19, que gerou perdas substanciais no aprendizado dos estudantes.
Em tempos de normalização das políticas fiscais e monetárias e de desaceleração das economias globais, o papel do banco ficou ainda mais evidente. O alto endividamento dos governos e taxas de juros restritivas devem, muito em breve, limitar a possibilidade de financiamento de importantes projetos na América Latina.
Com tantas questões postas à mesa, a nova gestão do BID enfrenta o desafio de eleger prioridades, e de usar, da forma mais eficiente possível, os recursos do qual dispõe. Nas palavras do presidente recém-eleito, Ilan Goldfajn, quem tem muitas prioridades acaba por não ter nenhuma, e por isso o foco em três importantes frentes tem grande potencial para fomentar uma agenda de desenvolvimento sustentável que melhore a vida das pessoas.
Primeiro, a instituição terá um olhar especial para projetos que busquem reduzir a pobreza, a desigualdade e a insegurança alimentar, aumentando a abrangência da rede de proteção social, fomentando a diversidade de gênero e de raça e estruturando programas que alcancem a população mais vulnerável.
Segundo, será preciso garantir o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris para a redução das emissões de carbono e ter instrumentos financeiros que permitam mensurar e ratificar o cumprimento das metas de forma objetiva, sem que se incorra em greenwashing.
E, terceiro, investimentos em infraestrutura, principalmente em tecnologia, devem se dar em parceria com o capital privado, já que os recursos são limitados.
Desde 2008, o BID conta com metodologia de avaliação que garante resultados tangíveis e positivos para os 26 países que são mutuários do banco. A ferramenta determina boas práticas para a escolha, a implementação e a avaliação de projetos e usa as melhores evidências disponíveis para formular políticas e práticas específicas para a região. Para quem quiser conhecer um pouco mais dos projetos apoiados pelo BID no Brasil, recomendo acompanhar Policiamento em Pontos Quentes (bit.ly/3EPDWmh), que testa a eficácia do policiamento ostensivo em lugares que concentram altas taxas de criminalidade. O projeto, em parceria com as polícias militares, conta com apoio técnico de Joana Monteiro, uma grande especialista em segurança pública no país.
O Brasil no BID representa ganhos para o banco e para a região através da gestão qualificada do seu novo presidente, que conhece muito bem os problemas que incidem sobre a América Latina e o Caribe e que tem formação técnica de excelência para direcionar os recursos do banco para projetos com retornos sociais, ambientais e climáticos.
Ilan Goldfajn foi meu professor no mestrado em economia na PUC-Rio, na disciplina obrigatória macroeconomia 1. Ele orientou diversos colegas que passaram por lá nesse período, mas também serviu de inspiração para todos nós que acompanhávamos o progresso de sua carreira a passos largos, como quando se tornou presidente do Banco Central do Brasil. Sucesso, Ilan!
 
Cecilia Machado
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