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OPINIÃO ECONÔMICA

- Publicada em 15 de Agosto de 2022 às 00:35

É feio dizer, mas o mercado queria mais desemprego

Marcos de Vasconcellos
Marcos de Vasconcellos - Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
Marcos de Vasconcellos - Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
Há um consenso no mercado financeiro: as previsões estão aí para humilhar economistas, analistas, políticos e, se tudo correr normalmente, jornalistas. Ainda assim, não deixou de ser impressionante quando, no último dia 5, os principais bancos e casas de análise erraram em 100% as expectativas para a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos.
O mercado apostava que seriam criadas cerca de 250 mil vagas de emprego, em julho, nos EUA. Foram arrebatados pela realidade de 528 mil novas vagas, anunciadas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), no relatório chamado payroll.
Parece -e é- uma bela notícia! Mais empregos. Mais famílias com a oportunidade de se alimentar, pagar as contas, viver melhor. Mas o mercado financeiro estremeceu.
Acontece que o payroll, é um baita termômetro para a economia. Se há mais empregos, haverá mais dinheiro circulando, mais compras e, logo, mais inflação. E qual é o motivo dos recentes aumentos de juros pelos bancos centrais? Reduzir a circulação de dinheiro, as compras e a inflação.
Bancões globais, como Morgan Stanley, Goldman Sachs e Citi, apontaram que a alta dos empregos reforçava a necessidade de aumentar mais os juros, para esfriar (ou desaquecer, como se diz) a economia. E quanto maiores os juros, pior para o mercado de ações.
A verdade é que, digo sem juízo de valor, os principais players do mundo dos investimentos torciam por mais desemprego. O pleno emprego dificulta o controle da inflação.
Quase uma semana depois de perderem o ar com a alta dos empregos, investidores respiraram aliviados, ao ver os indicadores de inflação dos EUA se estabilizarem.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) saiu melhor que o esperado pelo mercado, ficando estável em julho. E o Índice de Preços ao Produtor dos Estados Unidos (PPI) caiu 0,5% -o mercado esperava uma queda mais sutil, de 0,2%.
Os dados acalmaram os investidores, mas a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, disse que ainda é muito cedo para "declarar vitória" contra a inflação.
Por aqui, ao mesmo tempo em que o mercado teve a impressão de inflação controlada nos EUA, a nossa Bolsa interrompeu sua belíssima sequência de altas. Analistas justificaram o freio pela realização de lucros, ou seja: a venda de parte dos papéis que deram dinheiro.
A insegurança geral, incluindo o fato de estarmos às vésperas da nossa eleição presidencial, tem levado gestores a apostar em tiros curtos.
Falando em eleições, o ministro Paulo Guedes garante que o desemprego aqui vai cair para 8% até o fim do ano. Hoje, o índice está em 9,3%.
Como a maioria dos analistas enxerga que estamos já próximos do nosso nível máximo de juros, uma queda do desemprego, ao contrário do que aconteceu nos EUA, não deve ter forte impacto. Isso se, e somente se, as previsões combinarem com a realidade, claro.
 
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