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Opinião Econômica

- Publicada em 07 de Agosto de 2022 às 20:24

A vaca sumiu do prato, mas deve aparecer na Bolsa

Marcos de Vasconcellos
Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
A vaca sumiu do seu prato. Desde 1996, os brasileiros não comiam tão pouca carne bovina. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no último ano, consumimos, em média, 24,8 kg de carne por pessoa. Em 2019, eram 30,6 kg.
A explicação inicial é a inflação, claro. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mostra que os preços da picanha e da alcatra subiram mais de 9% em 2021.
O dólar acima dos R$ 5 favoreceu a exportação e tornou o mercado brasileiro cada vez menos atraente para os frigoríficos.
Veja só: No acumulado deste ano, até julho, as exportações de carne bovina aumentaram 20,65%. E, de forma mais impressionante, a receita gerada com essas exportações aumentou 46,65%, conforme divulgou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Ou seja: não é só que a demanda externa aumentou (em quantidade), mas os estrangeiros estavam topando pagar muito mais.
Um novo cenário agora se desenha nos currais brasileiros. Analistas e empresas do setor enxergam um novo ciclo de alta de disponibilidade de gado no Brasil, o que torna o abate mais barato e aumenta as margens de lucro (já que os preços não devem baixar).
A China segue importando carne em volumes e preços bem acima do mercado, como apontam relatórios da casa de análise Eleven. E isso serve para sustentar os preços em nível próximo ao atual por mais tempo, explicam os especialistas do BTG Pactual.
Apesar da alta demanda externa e barateamento do abate, as empresas devem optar por colocar menos bifes nas prateleiras do supermercado. De acordo com as projeções da Conab, a produção de carne bovina brasileira deverá fechar 2022 como a menor dos últimos 20 anos.
Isso ao mesmo tempo em que é esperado um aumento para as exportações de carne bovina na ordem de 15%.
As exportações de carne de frango também devem crescer 6% neste ano e atingir um novo recorde, com 4,7 milhões de toneladas enviadas. Esse aumento deverá ser impulsionado pela variante da gripe aviária que já matou 76 milhões de aves, na estimativa do Bank of America (BofA), afetando principalmente Estados Unidos e França.
Com o morticínio dos galináceos, importadores de aves como México e China acabam transferindo pedidos dos EUA para o Brasil, de acordo com o BofA.
O cenário de demanda externa aquecida, custos mais baixos e produção em queda parece ruim para fazer compras no supermercado, mas pode ser interessante para quem quer fazer compras na Bolsa.
Os números dos frigoríficos brasileiros vão a público nos próximos dias 10 e 11, quando JBS, Marfrig, BRF e Minerva divulgarão seus resultados trimestrais. As estimativas de analistas para o preço das ações mostram que eles estão otimistas com um setor que, neste ano, com exceção da Minerva, está perdendo para o Ibovespa.
 
Marcos de Vasconcellos
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