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Opinião Econômica

- Publicada em 03 de Julho de 2022 às 22:30

Desespero eleitoral do governo ajuda agro a atrair seu dinheiro

Marcos de Vasconcellos
A três meses do primeiro turno das eleições, o governo federal estimula uma abertura a fórceps dos cofres públicos. O exemplo mais óbvio é a PEC dos Auxílios - também apelidada de PEC Kamikaze ou PEC do Desespero -, que tem ocupado, merecidamente, as manchetes dos últimos dias. Para quem investe ou quer investir, há ainda outra iniciativa recém-anunciada que precisa estar no radar: o Plano Safra.
A três meses do primeiro turno das eleições, o governo federal estimula uma abertura a fórceps dos cofres públicos. O exemplo mais óbvio é a PEC dos Auxílios - também apelidada de PEC Kamikaze ou PEC do Desespero -, que tem ocupado, merecidamente, as manchetes dos últimos dias. Para quem investe ou quer investir, há ainda outra iniciativa recém-anunciada que precisa estar no radar: o Plano Safra.
A famigerada PEC do Desespero, você já deve saber, servirá para distribuição de dinheiro para caminhoneiros e taxistas, enquanto aumenta o valor pago no Auxílio Brasil e no Auxílio-Gás, furando, ou melhor, demolindo o teto de gastos públicos.
Assim, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, em plena contradição, ao mesmo tempo que aumentam os juros - para diminuir a demanda e controlar a inflação -, tentam distribuir dinheiro fora do teto de gastos, gerando desconfiança no mercado internacional e aumentando a demanda. O efeito esperado disso é, adivinhe só, mais inflação.
Além dessa manobra pouco ortodoxa, que deve influenciar a estratégia de players nacionais e internacionais, o Plano Safra, anunciado na quarta-feira passada, precisa estar no foco de quem busca oportunidades de investimento.
Nunca houve tamanho financiamento da produção agropecuária do País quanto a que agora se anuncia. São R$ 340,8 bilhões para fomento à produção agropecuária brasileira, o que significa um aumento de 36% em relação à última safra.
E a abertura de torneiras para irrigar o agro vem justamente no momento em que batemos o recorde de produção nos campos.
Nas previsões da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a safra de grãos, oleaginosas, leguminosas e cereais 2021/2022 será recorde, entre 3,5% e 6,5% acima da última.
De acordo com o IBGE, o crescimento da estimativa é explicado pelo desempenho da produção do milho, do trigo e da soja. O milho, com a soma de suas duas safras, deve totalizar 112 milhões de toneladas. É um crescimento de 27,6% na comparação com o que foi produzido no ano passado.
Espaço para crescer não falta. O Brasil possui potencial para ao menos dobrar suas áreas de plantio (cerca de 9% do território) por meio da conversão de pastagens subutilizadas. Ou seja: sem o desmatamento de áreas adicionais e mantendo 66% do nosso território destinado à conservação, segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
A vantagem competitiva é tamanha que o País concentra um potencial de expansão agrícola maior do que o de todos os outros continentes (exceto a América do Sul) juntos.
O Plano Safra é, em um resumo prático, um programa para garantir linhas de crédito aos produtores. Com a falta de insumos - como fertilizantes - ocasionada pela Guerra da Ucrânia, os valores destinados ao programa são essenciais para vislumbrar os próximos passos do setor.
É importante notar que a maior parte do aumento do novo plano veio da linha de recursos com juros livres, ou seja, que são garantidos, mas oferecidos a preço de mercado. Esse perfil de crédito teve aumento de 69%, e é ele que costuma irrigar os grandes produtores.
Nos recursos com juros controlados, ou seja, no dinheiro mais barato do que o disponível no mercado - oferecido para iniciativas como a agricultura familiar e a recomposição de reservas legais -, a ampliação foi de 18%.
O novo Plano Safra também aumentou, de 50% para 70%, a possibilidade de uso dos recursos das LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio). A ideia do governo é que a medida gere uma maior participação do mercado de finanças privadas do agro.
Com a abertura de torneiras em meio à produção recorde, o novo Plano Safra deve criar bons caminhos para investidores que buscam aproveitar o atual momento favorável da produção, a alta demanda por alimentos, gerada com a crise global que se arrasta há mais de dois anos, e o dólar nas alturas, que melhora as margens de lucro dos exportadores, ainda que com o maior custo dos insumos.
 
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