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Olhar da Fé

- Publicada em 13 de Dezembro de 2022 às 17:31

Vigiar é preciso!

Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre
Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre
Atenção! Cuidado! Vigilância! Tais palavras, ressoando, possuem a capacidade de despertar e aguçar o olhar e o ouvir. Fomentam a expectativa; estimulam a curiosidade; mas também podem nutrir medo e sobretudo esperança.
Tais termos ressoam de forma ainda mais intensa às vésperas do Natal: tradição de fé e esperança. O espírito do tempo parece reduzi-las à conservação do passado, sem considerar que se trata da releitura do mesmo à luz dos desafios, problemas e oportunidades do presente, projetando perspectivas para o futuro. É que na fidelidade às raízes está conservada a possibilidade de crescimento autêntico.
Vivendo num mundo em que algoritmos tendem a determinar se o ser humano é uma ameaça ou um risco, corre-se e o risco de perder a sensibilidade para o frágil, o pequeno, o simples... Assim, vamos perdendo nosso poder de ação e de autonomia. Uma estranha atitude de vigilância vai se infiltrando em amplos setores da vida cotidiana, sob a forma de conveniência. Constata-se, porém, indiferença diante da realidade. É o que tentou explicar o pensador Kierkegaard (1813-1855), contando uma história sobre um palhaço que tem a tarefa de anunciar à plateia que o circo está pegando fogo: “Deflagrou um incêndio nos bastidores de um teatro. O palhaço apresentou-se para dizê-lo aos espectadores. Estes julgaram tratar-se de uma piada e aplaudiram. Ele falou-lhes novamente, e eles acharam ainda mais engraçado. É desta forma, penso eu, que o mundo será destruído – entre a universal hilaridade de avisos e acenos que são encarados como piada.”
É neste mundo que a fé cristã nos convida à atenção, cuidado e vigilância. Não há vida plena onde não há capacidade e vontade de vigiar, cuidar e dar atenção. Vigia, atende e cuida quem reconhece o valor de cada ser humano, de cada relação.
Nas semanas que antecedem o Natal somos convidados a aguçar a capacidade de atenção e vigilância. Somos exortados a admitir que não podemos nos dar tudo, que o essencial que faz viver, nos é dado no rosto de um Menino deitado numa manjedoura: simplicidade, cuidado, ternura!
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