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Livros

- Publicada em 28 de Julho de 2022 às 18:00

Infância e juventude de Geraldo Carneiro

Folias de aprendiz (História Real - Intrínseca , 237 páginas, R$ 44,00), do imortal da Academia Brasileira de Letras Geraldo Carneiro, é acima de tudo um grande manifesto de amor à poesia, à música, aos amigos e à liberdade. Geraldo nasceu em Belo Horizonte em 1952, mas aportou ainda criança no Rio de Janeiro dos anos dourados , quando o Rio ainda era a capital política e cultural do país e onde ele aprendeu a "carnavalizar tristezas e futuros."
Folias de aprendiz (História Real - Intrínseca , 237 páginas, R$ 44,00), do imortal da Academia Brasileira de Letras Geraldo Carneiro, é acima de tudo um grande manifesto de amor à poesia, à música, aos amigos e à liberdade. Geraldo nasceu em Belo Horizonte em 1952, mas aportou ainda criança no Rio de Janeiro dos anos dourados , quando o Rio ainda era a capital política e cultural do país e onde ele aprendeu a "carnavalizar tristezas e futuros."
Autor de livros de poesias, letrista, dramaturgo e roteirista, escreveu livros com crônicas e elaborou traduções e, em 2020, recebeu o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro pelo conjunto de sua obra. Compôs mais de duzentas canções com vários parceiros, escreveu peças e traduções para teatro, entre elas A Tempestade e Hamlet. Em 2012 ganhou um Emmy Internacional de roteiro pela minissérie O astro, escrito em parceria com Alcides Nogueira.
Folias de aprendiz envolve memórias, romance de formação, crônica de costumes e mostram a infância e a juventude de Geraldo, vividas em meio aos tempos em que Juscelino Kubitschek era presidente e o pai de Geraldo trabalhava como seu assessor.
O menino Geraldo, encantado com o Rio, aventurava-se entre personagens ilustres, reais e literários, como Jânio Quadros, a boneca Emília e Garrincha, e desenvolveu a paixão pela música e pela literatura convivendo com escritores e artistas do porte de Paulo Mendes Campos, Jacob do Bandolim e Silvio Caldas.
A obra comemora os 70 anos do autor, que, entre a melancolia e o humor, questiona a sanidade e defende a importância de certa dose de delírio para o trabalho de qualquer escritor. Um capítulo especial é dedicado ao lendário e histórico Baixo Leblon, surgido no início dos anos 1970 e que era como Alexandria, Veneza e Istambul, com todo mundo passando por lá.
Dizer que Geraldo Carneiro - que viveu as revoluções culturais e sexuais e os sombrios anos de chumbo - é parte essencial da cena cultural brasileira não é, de forma alguma, um exagero. Folias de aprendiz comprova.
 

Lançamentos

Freud de Viena a Paris (BesouroBox, 232 páginas, R$ 52,60), da psicanalista e escritora Ariane Severo, segunda edição com conteúdo extra, é um romance com 30 capítulos ficcionalizando a viagem de Sigmund Freud a Paris a bordo do Expresso do Oriente, a história da época e o universo íntimo de Freud.
Thomas Sowell - A Biografia (Avis Rara - Faro, 255 páginas, R$ 47,00), do celebrado jornalista Jason L. Riley, é a biografia de uma dos maiores teóricos sociais de nosso tempo. Sowell foi professor por mais de cinquenta anos e escreveu livros essenciais sobre história econômica, desigualdade social, teoria política, raça e cultura.
Quase (toda) poesia (Editora Sulina, 280 páginas, R$ 45,00), do professor, jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, traz dez anos do autor no oceano singular da poesia e marca os sessenta anos dele, completados em 29 de janeiro. "A poesia nasce do nada/E nada tem para dizer./ Parece aquilo que trago/ Mas não consigo conter" são versos da obra.
 

Tailor Diniz e os porto-alegreanos

Nossa Porto Alegre iniciou a vida, na beira do Guaíba, como uma açorianazinha tímida, com as almas de seus casais e projetos para o futuro. Com o tempo, a cidade recebeu pessoas de outras nacionalidades, como alemães, italianos, japoneses, franceses, africanos e outras, que tornaram a capital, para sempre, um rico mosaico humano e cultural. A alma de Porto Alegre é fruto de múltiplas e diferentes almas. Mario Quintana brincou dizendo que Porto Alegre era uma grande cidade pequena que tinha se tornado uma pequena cidade grande. Erico Verissimo narrou histórias com cenários e pessoas da Capital, especialmente nos primeiros livros. Erico achava que Porto Alegre era parecida com São Francisco da Califórnia, com suas colinas e águas.
Porto-alegreanos (Class, 102 páginas, R$ 29,90) é o livro mais recente do escritor, jornalista e roteirista Tailor Diniz, que traz três contos sobre nossos habitantes e alguns locais característicos de nossa cidade. A obra buscou inspiração em Montevideanos, livro clássico do grande escritor uruguaio Mario Benedetti, que imortalizou moradores da capital do Uruguai de meados do século XX.
Tailor, que é autor, entre muitas outras obras, de Em linha reta, Crime na Feira do Livro (traduzido para o alemão) e A superfície da sombra (traduzido na Bulgária e adaptado para o cinema em 2017), é também roteirista de cinema e televisão, e recebeu prêmios nos Festivais de Gramado e Brasília. Seu último romance, Só os diamantes são eternos, está sendo adaptado para as telas do cinema.
Porto-alegreanos traz no primeiro conto um casal que, como bons porto-alegrenses, sonha com uma casa na praia para se escapar do 'forno alegre', dá de cara com um corretor meio estranho e... Na segunda história muitas águas, tempestade e cenas de amor no coração da Cidade Baixa. Na terceira narrativa um tema que sempre encantou nossos escritores e compositores: os habitantes do Interior que vieram para a Capital e, para sempre, ficam curtindo as saudades de quem um dia deixou o umbigo em alguma querência distante. Gaúchos a pé, lembrando os personagens de Cyro Martins e a canção premiada Desgarrados de Sérgio Napp e Mario Barbará.
Com sua conhecida destreza narrativa e com um olhar humano e sensível sobre a capital, seus moradores e lugares emblemáticos, Tailor mostra a grandeza dos aparentemente pequenos e uma visão não turística sobre cenários e pessoas.
No prefácio o escritor Robertson Frizero escreveu: "Mas se na obra do autor uruguaio a ironia e o riso surgem eventualmente em meio à forte crítica social, em Porto-alegreanos o premiado autor gaúcho presenteia os leitores com histórias sempre repletas de bom humor. A precisão textual e a construção sofisticada das histórias, marca de um autor conhecido pelas bem urdidas histórias de suspense, estão neste livro a serviço de personagens que soam como velhos conhecidos - dentre eles, o próprio autor, em uma genial aula de bom uso de metalinguagem."

A propósito...

Com suas histórias bem contadas, cenários nossos e personagens que andam por aí nos becos, nas avenidas, nos bares, apartamentos e casas de nosso Portinho, Tailor acrescenta um marco ficcional importante para nossas almas e memórias porto-alegrenses, inventadas ou não. Memória, não custa repetir, é o lugar onde as coisas acontecem muitas vezes, de verdade ou não. Vale lembrar também, como disse o outro, o Tolstói, "se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia". Tem um grande aí que disse que Porto Alegre é um bom lugar para voltar de vez em quando. Acho que Porto Alegre é bom lugar para voltar sempre, depois de umas gauderiadas por esse mundo velho sem porteira e depois que passa o frio do inverno, a chuva e os ventos chicoteando pelas esquinas. Ou então um bom lugar para ficar, se você acha que ovelha não é para mato e que o mundo é aqui mesmo.