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Aviação

- Publicada em 28 de Novembro de 2022 às 17:54

Falta de peças já afeta os resultados da indústria de aviões

Crise decorre das interrupções das cadeias de produção durante a pandemia e do aquecimento do mercado de trabalho nos países avançados

Crise decorre das interrupções das cadeias de produção durante a pandemia e do aquecimento do mercado de trabalho nos países avançados


EMBRAER/DIVULGAÇÃO/JC
A falta de peças, além de mão de obra, para a fabricação de aviões - problema que afeta Boeing, Airbus e Embraer há meses -, começa a ter efeitos negativos nos balanços financeiros das empresas e não deve ser uma questão resolvida antes de meados de 2023. As informações são da Agência Estado.
A falta de peças, além de mão de obra, para a fabricação de aviões - problema que afeta Boeing, Airbus e Embraer há meses -, começa a ter efeitos negativos nos balanços financeiros das empresas e não deve ser uma questão resolvida antes de meados de 2023. As informações são da Agência Estado.
Nas últimas semanas, o presidente da companhia brasileira, Francisco Gomes Neto, e o da americana, Dave Calhoun, afirmaram que não veem uma solução rápida, mas que acreditam que conseguirão, ao poucos, aumentar suas produções em 2023, conforme os atrasos na entrega de suprimentos diminuírem. O presidente da Airbus, Guillaume Faury, também disse que o entrave deve durar ao menos até o fim do primeiro semestre.
A crise decorre das interrupções das cadeias de produção durante a pandemia e do aquecimento do mercado de trabalho nos países avançados. Nos Estados Unidos principalmente, após receber auxílio financeiro quando as atividades foram interrompidas por causa da Covid-19 e depois de se acostumarem ao trabalho remoto, muitos trabalhadores não querem voltar aos padrões pré-pandemia. Isso reduziu a mão de obra disponível, elevou os salários no país e tem dificultado as contratações pelas empresas. No caso do setor aéreo, o problema atinge não só os fabricantes de aviões, mas também seus fornecedores.
"As receitas continuarão a ser significativamente impactadas até que a cadeia de suprimentos global se estabilize, a escassez de mão de obra diminua, as entregas aumentem e o setor de aviação comercial se recupere dos impactos persistentes da pandemia", diz o relatório de divulgação de resultados do terceiro trimestre da Boeing.
O problema da falta de peças e de trabalhadores foi a questão central das teleconferências sobre os resultados do terceiro trimestre que as três empresas realizaram com investidores recentemente.
Executivos de companhias aéreas já haviam destacado que o problema se estende por todo o setor e que acrescentariam voos extras a suas malhas se recebessem aeronaves cuja entrega está atrasada. Para o presidente da Airbus, o principal empecilho é a escassez de trabalhadores. O da Boeing destacou os atrasos na entrega de motores, e o da Embraer, além da falta de motores, a de equipamentos para as cabines.
Em nota, a companhia americana afirmou estar trabalhando em "estreita colaboração com os fornecedores para equilibrar a oferta e a demanda e mitigar riscos que possam afetar a estabilidade e a eficiência em nossa cadeia de fornecimento". A Airbus não quis comentar o assunto, e a Embraer não respondeu até a conclusão da edição. 
 

Companhias tentam se alinhar a fornecedores

Para tentar reduzir prejuízos, as fabricantes de jatos têm colocado seu pessoal dentro das empresas fornecedoras para estudar como amenizar a situação e alinhar seu ritmo de produção ao de entrega de peças. Segundo o presidente da Boeing, a companhia tem desacelerado as linhas de produção quando necessário e já contratou cerca de 10 mil funcionários neste ano. "Estamos investindo em treinamento para acelerar a curva de aprendizado (dos profissionais) e melhorar nossa produtividade", destacou Dave Calhoun a investidores.
Além da pandemia, a guerra na Ucrânia ameaça a cadeia de suprimentos. Parte do titânio usado pelas companhias vem da Rússia, e as sanções impostas ao país podem prejudicar o fornecimento da matéria-prima. "A cadeia de abastecimento permanece frágil devido ao impacto da covid, à guerra na Ucrânia, aos problemas de abastecimento de energia e às restrições do mercado de trabalho", disse, no fim de outubro, em nota o presidente da Airbus, Guillaume Faury. No relatório de resultados do terceiro trimestre, a Boeing destacou ter materiais e peças provenientes da Rússia em volume suficiente só para o curto prazo.