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Crise hídrica

- Publicada em 31 de Janeiro de 2023 às 17:19

Em novo cálculo, Famurs amplia perdas com estiagem para R$ 50 bilhões

Lavouras de milho foram as mais afetadas pela escassez de chuvas no Rio Grande do Sul

Lavouras de milho foram as mais afetadas pela escassez de chuvas no Rio Grande do Sul


GILBERTO WELZEL, EMATER TUPANCIRETÃ/DICULGAÇÃO/JC
Claudio Medaglia
Os prejuízos econômicos na atividade agropecuária do Rio Grande do Sul em decorrência da estiagem podem já estar na casa dos R$ 50 bilhões. O número foi estimado nesta terça-feira (31) pela Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs), após revisitar a situação dos 221 decretos de situação de emergência desde 1º de dezembro do ano passado. As Federações da Agricultura e Pecuária do Estado (Farsul) e das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro-RS) preferiram não analisar a projeção.
Os prejuízos econômicos na atividade agropecuária do Rio Grande do Sul em decorrência da estiagem podem já estar na casa dos R$ 50 bilhões. O número foi estimado nesta terça-feira (31) pela Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs), após revisitar a situação dos 221 decretos de situação de emergência desde 1º de dezembro do ano passado. As Federações da Agricultura e Pecuária do Estado (Farsul) e das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro-RS) preferiram não analisar a projeção.
Conforme o presidente da entidade, Paulinho  Salerno, prefeito de Restinga Seca, a diferença em relação aos números divulgados nos últimos dias, 10 vezes menores, se justifica porque eles representavam os valores informados pelas prefeituras na data do decreto. A Famurs atualizou os dados de cada um dos 221 municípios que haviam acusado o problema até o meio-dia, e o prejuízo deu um salto gigantesco. Até o final da tarde, 223 prefeituras haviam declarado situação de emergência pela estiagem. Dessas, 205 tinham decreto vigente, 114 deles homologados pelo governo estadual e 86 reconhecidos pela União.
"O estrago, que se repete pelo terceiro ano-safra consecutivo, tem proporções diferentes em cada ponto do Estado, com maior ou menor dano nas lavouras e nos reservatórios de água. Mas nas regiões Central, Fronteira e Missões, é ainda mais grave. Há áreas em que a soja sequer irá brotar", observa.
O número alarmante fica ainda mais assustador considerando o reflexo em tributos daqui a dois anos, quando municípios, Estado e União deixarão de arrecadar com a venda de toda a produção que não se confirmará. Em média, os municípios arrecadam R$ 20,00 a cada R$ 1.000,00 comercializado. Somente para as prefeituras, deixariam de retornar aos cofres R$ 1 bilhão.
"Temos cobrado dos governos estadual e federal, mas o retorno ainda é insignificante diante do contexto. Estamos tentando uma agenda das 27 associações regionais da Famurs com o governador do Estado para a metade de fevereiro. Precisamos avançar nessa questão. os municípios fazem o que podem, abrindo bebedouros, procurando preservar as nascentes de água. Mas precisamos mais do que isso", diz Salerno.
Um pleito importante, de acordo com o presidente da entidade, seria a liberação de uma linha de crédito a juro zero para construção de barragens e aquisição de equipamentos para irrigação. 
Um dos mais recentes municípios a ingressarem na lista dos afetados pelo problema foi Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. A prefeita Helena Hermany assinou o decreto de situação de emergência na tarde desta segunda-feira (30). A decisão foi adotada com base em relatório elaborado pela Defesa Civil, órgão que integra a Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana municipal. Conforme o coordenador do serviço, Anderson Matos Teixeira, a zona rural de Santa Cruz do Sul já enfrenta uma série de dificuldades por conta da falta de chuva. 
A avaliação realizada nos últimos 15 dias constatou o exaurimento hídrico nos rios que cortam as áreas atingidas, impossibilitando o abastecimento às comunidades. A situação torna-se ainda mais séria devido à falta de chuva – nos últimos quatro meses, a região teve apenas 110 mm de precipitação pluviométrica.
Alia-se a tudo isso os prejuízos às produções agrícola e pecuária. Até o momento, já foram computadas perdas de R$ 19 milhões, atingindo culturas como milho, hortigranjeiros, arroz, soja, tabaco e até a produção leiteira.
“A perspectiva é de que a irregularidade da chuva se mantenha até março”, comenta o coordenador da Defesa Civil do município, Anderson Matos Teixeira.
Helena lembrou que o município vem buscando estabelecer estratégias que diminuam o impacto da falta de chuva na região, como o investimento em cisternas e a ampliação da rede hídrica no interior durante o ano de 2022. Houve ainda a construção de 246 açudes e aguadas pela Secretaria de Agricultura.
Conforme a prefeita, a distribuição de reservatórios de água surtiu efeito, já que os agricultores necessitaram de menos abastecimento de água pelos caminhões-pipa neste verão. Até o momento, cerca de 1 milhão de litros d’água foram distribuídos. “O que for possível, temos que prever e pôr em prática. As coisas só não estão mais graves porque tomamos essa iniciativa”, analisou.
A decretação da situação de emergência busca dar respaldo aos produtores rurais.
“Sabemos das dificuldades que os trabalhadores rurais estão enfrentando, e cabe ao Governo a adoção de medidas que possam ajudar a categoria nesta hora de necessidade”, justificou.
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