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AGRONEGÓCIO

- Publicada em 22 de Setembro de 2022 às 20:46

Agricultura brasileira entra no radar da geração de créditos de carbono

Passos disse que setor precisa aproveitar os benefícios das boas práticas de cultivo para obter mais produtividade e um solo saudável e rico em carbono

Passos disse que setor precisa aproveitar os benefícios das boas práticas de cultivo para obter mais produtividade e um solo saudável e rico em carbono


CLAUDIO MEDAGLIA/ESPECIAL/JC
Claudio Medaglia
Ciência e tecnologia estão devolvendo aos holofotes uma antiga prática agrícola, que tem, agora, reafirmada sua importância no contexto do enfrentamento ao aquecimento global. Os conceitos de plantio direto, rotação de culturas e cobertura de solo estão na base de um programa da gigante alemã Bayer, que visa a aumentar a produtividade nas lavouras com sustentabilidade e, de quebra, introduzir o País no mercado de créditos de carbono.
Ciência e tecnologia estão devolvendo aos holofotes uma antiga prática agrícola, que tem, agora, reafirmada sua importância no contexto do enfrentamento ao aquecimento global. Os conceitos de plantio direto, rotação de culturas e cobertura de solo estão na base de um programa da gigante alemã Bayer, que visa a aumentar a produtividade nas lavouras com sustentabilidade e, de quebra, introduzir o País no mercado de créditos de carbono.
A mais recente etapa do projeto foi apresentada no dia 22 de setembro, em Passo Fundo, na última agenda do Conexão Pro Carbono. Desde 9 de setembro, o roteiro passou por Maringá (PR), Cuiabá (MT), Goiânia (GO) e Ribeirão Preto (SP). No Planalto Médio, centenas de produtores rurais, pesquisadores e extensionistas acompanharam a apresentação d os resultados das ações que vêm sendo adotadas há dois anos em cerca de 220 mil hectares de 1,8 mil propriedades do País. São 70 mil hectares somente em 300 propriedades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Os agricultores participantes do programa Pro Carbono alcançaram uma emissão de 783 quilos de CO2 equivalente por tonelada de soja na safra 2021-2022. O número representa uma redução de até 80% comparado à média das principais bases de dados internacionais.
“Existe um mercado enorme a ser explorado pela agricultura brasileira, que é o de créditos de carbono. Nosso papel é ajudar o setor a entender como aproveitar os benefícios das boas práticas de cultivo para obter mais produtividade e garantir um solo saudável e rico em carbono” explicou Fábio Passos, líder do Negócio de Carbono da Bayer para a América Latina e um dos idealizadores do projeto.
A questão, pontuou Passos, é que as ferramentas para calcular quantos quilos de carbono estão sendo sequestrados por hectare em cada microclima brasileiro não podem ser as mesmas utilizadas nos países de clima essencialmente temperado.
“Para cada talhão de terra existe um ajuste a ser feito para melhorar seu rendimento e seu potencial de transformação e absorção de carbono. Estamos nesse projeto com a Embrapa, universidades e startups para desenvolver e entregar plataforma com os recursos adequados às nossas realidades de clima e de solo para calcular e reportar com confiabilidade os dados obtidos”.
Embora promissor economicamente, esse mercado ainda não está regulamentado no Brasil. Em maio deste ano, após mais de uma década de espera, o governo federal publicou um decreto para iniciar a regulamentação. De acordo com o governo, o foco é a exportação de créditos, especialmente para países e empresas que precisam compensar emissões para cumprir com seus compromissos de neutralidade de carbono.
A expectativa da Bayer é de que a monetização do produtor através do carbono ainda demore de cinco a 10 anos. Mas a empresa já largou na frente e vem conversando com diferentes atores para ajudar a destravar o processo.
O painel contou com palestras dos pesquisadores Cimélio Bayer, da Faculdade de Agronomia da UFRGS, e Cristiano Andrade, da Embrapa Meio Ambiente, além de Antônio Luís Conti, da Universidade Federal de Santa Maria e diretor técnico da Connect Farm, e Carlos Henrique Dalmazzo, agrônomo de Desenvolvimento de Mercado da Bayer. Em seus painéis, eles mostraram que o plantio direto, a rotação de culturas e a proteção do solo, elevadas a um alto grau de excelência, podem gerar aumento de até 6% de produtividade e 10% de rentabilidade. Isso sem falar na qualidade do solo.
“Entre as práticas que contribuem para o sequestro de carbono está o plantio direto. Mas apenas o plantio direto não é suficiente para nos credenciar a mais qualidade de solo, produtividade e outros benefícios. Temos de melhorar. A chave de manejo adotar o plantio direto, com rotação de culturas, cobertura de solo e incorporação de leguminosas no sistema de cultivo”, observou Bayer.
O público presente ao encontro também acompanhou os depoimentos impressionantes de produtores de ponta gaúchos engajados ao projeto da Bayer. Verônica Bertagnolli, de Passo Fundo, Rogério Machado, de Carazinho, e Pedro Basso, de Vacaria, contaram como aplicam as diferentes técnicas e culturas para alcançar índices altíssimos de rendimento e manter os solos sempre exuberantes.
Ainda no evento, a gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios para o Carbono da Bayer, Estefânia Martinelli, ressaltou que o mercado de créditos de carbono movimentou nada menos que 760 bilhões de euros em 2021, o triplo do ano anterior, somente entre os países onde esse negócio está regulamentado, como na Europa, nos Estados Unidos, na Nova Zelândia, no Reino Unido e na China. É a forma como empresas cujo negócio responde pela geração de gás carbônico buscam compensar o dano ao ambiente. Ao pagar pelo carbono fixado no solo pela fotossíntese das plantas, elas alimentam um nicho em que o Brasil tem muito a oferecer.
 
 *de Passo Fundo
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