O presidente Jair Bolsonaro (PL) distorceu uma recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta terça-feira (7), ao dizer que ela "quer fechar o espaço aéreo".
"De novo, p...? De novo vai começar esse negócio?", questionou o presidente, exaltado, diante de uma plateia de empresários num evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
"Ah, o Ômicron. Vai ter um montão de vírus pela frente, um montão de variante pela frente, talvez. Peço a Deus que esteja errado, mas temos que enfrentar", completou o chefe do Executivo.
O governo Bolsonaro já aceitou a restrição a seis países: a própria África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. Falta deliberar sobre Angola, Maláui, Moçambique e Zâmbia. A agência pede que o governo impeça a entrada de passageiros que estiveram nos últimos 14 dias nessas nações.
Bolsonaro voltou a dizer que quem toma a vacina pode contrair, transmitir e "morrer também" por causa do coronavírus.
A imunização reduz as chances de que a pessoa desenvolva casos graves da doença. Bolsonaro diz que não se vacinou até hoje.
"Ao que tudo indica, tem a vacina que está aí, tem a imunidade de rebanho, que está aí, [então] estamos chegando no final dessa pandemia. Peço a Deus que estejamos todos certos nesse momento", afirmou no evento da CNI.
Quando os primeiros casos da Covid-19 surgiram, cientistas calcularam que essa imunidade coletiva, ou de rebanho, poderia ocorrer quando cerca de 70% de uma população estivesse protegida. A variante delta, mais contagiosa, alterou esse quadro, e muitos especialistas consideram que a imunidade de rebanho se tornou impossível.
O presidente deve se reunir com Queiroga (Saúde) e Ciro Nogueira (Casa Civil) na tarde desta terça-feira para discutir a cobrança de certificado de vacinação de quem entra no Brasil.
O ministro da Saúde deve defender a sugestão da Anvisa. Como revelou o jornal Folha de S.Paulo, a agência apresentou em 12 de novembro a proposta de adotar o passaporte vacinal, mas Bolsonaro é contra.