O Palácio do Planalto e o grupo político de Jair Bolsonaro já têm pronto o discurso para justificar a filiação do presidente ao PL, comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, um dos principais expoentes do Centrão.
Pelo menos dois ministros devem seguir Bolsonaro em sua provável ida para o PL: Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). Filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro participou das negociações para descobrir uma legenda para abrigar o grupo, já que o plano de criar o Aliança Brasil não deu certo. Desde que deixou o PSL, o presidente está sem partido.
O acordo com o PL deve ser fechado nos próximos dias, após idas e vindas ocasionadas, principalmente, por causa de divergências na montagem de palanques em São Paulo e em Estados do Nordeste.
Mesmo antes do casamento, o noivado do presidente com o PL provocou contestações do bolsonarismo "raiz" porque vai contra todas as promessas. Coube a Flávio, porém, traçar a estratégia para rebater as críticas. "Qualquer partido vai ter problemas. Eu não passei o que passei? Sou bandido por causa disso? Não dá para comparar com o que o Valdemar teve, mas ele cumpriu a pena dele. Vamos julgar novamente o cara?", disse.
Flávio diz acreditar que a reação negativa será superada e afirma não ter influenciado na decisão de Bolsonaro em adiar o ingresso no partido, antes marcado para esta segunda-feira. Uma das razões foi a discordância em relação a alianças em São Paulo, Bahia, Pernambuco e Piauí. Nos últimos três Estados, por exemplo, os diretórios do PL querem apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto.
Apesar da expectativa de grande migração de bolsonaristas para o PL, há parlamentares que já decidiram não seguir o caminho do presidente. É o caso do deputado General Peternelli (PSL-SP), que avisou Bolsonaro sobre sua intenção de permanecer na legenda.