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Política

- Publicada em 27 de Setembro de 2021 às 09:51

CPI ouve Luciano Hang e advogada de médicos para fechar cerco à Prevent

As falas devem servir para aprofundar apurações sobre supostas irregularidades em unidades da operadora

As falas devem servir para aprofundar apurações sobre supostas irregularidades em unidades da operadora


EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO/DIVULGAÇÃO/JC
A CPI da Covid ouve nesta semana a advogada Bruna Morato, representante dos médicos da Prevent Senior que realizaram denúncias contra a empresa, além do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A CPI da Covid ouve nesta semana a advogada Bruna Morato, representante dos médicos da Prevent Senior que realizaram denúncias contra a empresa, além do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
As falas devem servir para aprofundar apurações sobre supostas irregularidades em unidades da operadora e possível elo entre o governo federal e entes privados para promover tratamento sem eficácia para Covid-19.
O primeiro depoimento será o da advogada, nesta terça-feira (28). Um dossiê entregue à CPI por 15 médicos que trabalharam na Prevent, representados pela advogada, aponta que pacientes e parentes não eram consultados sobre a administração de medicamentos do chamado "kit Covid".
Em particular, o documento menciona suposta mudança nos prontuários do médico Anthony Wong e Regina Hang, mãe de Luciano Hang.
Os senadores do grupo majoritário da CPI já trabalham internamente com a possibilidade de adiar por mais tempo a conclusão das atividades da comissão, em previsões que variam do meio ao fim de outubro. O principal motivo é a evolução da apuração envolvendo a operadora Prevent Senior.
O relator Renan Calheiros (MDB-AL) fez uma avaliação neste domingo (26) de que a CPI terá, no máximo, mais duas semanas de depoimentos. "Da minha parte, tão logo tenhamos o último depoimento, apresentarei o relatório", afirmou.
Outro integrante da comissão, Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que a investigação parlamentar se dedicará a fechar "a ponta da Prevent Senior" no tempo que lhe resta.
"Acho que podemos concluir na primeira semana de outubro. Renan tem trabalhado nos fins de semana e já tem o relatório praticamente pronto", disse Alencar.
Integrantes da CPI dizem acreditar que merece atenção a possível relação da Prevent com o governo Bolsonaro, principalmente pela suspeita de o Ministério da Saúde ter usado um protocolo da operadora para incentivar a utilização do chamado "kit Covid", com remédios ineficazes contra a doença.
Já Hang deve ser ouvido na quarta-feira (29). A convocação do empresário não foi consenso nos bastidores do grupo majoritário da CPI.
Alguns senadores avaliam que o empresário tem pouco a acrescentar na apuração e que a sessão pode virar só um palco para que ele defenda o que chama de tratamento precoce.
Há a percepção, porém, de que os depoimentos voltarão a colocar em evidência o gabinete paralelo, suposta estrutura de aconselhamento para temas da pandemia de Bolsonaro, fora da estrutura do Ministério da Saúde.
O depoimento do empresário das lojas Havan ganhou força, após a convocação, por documentos divulgados pela TV Globo que indicam que Hang financiou o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos graças à ajuda do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Hang, Eduardo e o blogueiro negaram este financiamento. O canal Terça Livre, de Allan dos Santos, é investigado em dois inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) por disseminar fake news e incitação ao crime contra autoridades.
Hang também teve reuniões durante a pandemia com integrantes do governo para pressionar pela flexibilização da venda de vacinas para Covid-19 ao setor privado, no momento de escassez de doses ao SUS.
A proposta encabeçada por ele e pelo empresário Carlos Wizard era de doar parte das vacinas à rede pública.
O dossiê entregue à CPI indica que o prontuário médico da mãe de Hang cita a consequência de uma pneumonia bacteriana, não cita a Covid-19, motivo pelo qual foi internada, como causa da sua morte.
O documento, que tem cerca de 2.000 páginas, foi elaborado pela Prevent Senior, operadora que controla o hospital em que Regina Hang morreu.
Além disso, o prontuário, obtido pela Folha, também relata que a paciente recebeu tratamento precoce com medicamentos ineficazes contra a doença, como azitromicina, hidroxicloroquina, prednisona e colchicina, antes de morrer.
Em nota divulgada à imprensa, Hang disse que fez "tudo o que podia" e que, "como qualquer filho", quando sua mãe ficou doente, "foi para a guerra com todas as armas que tinha". O empresário disse também ter "total confiança nos procedimentos adotados pelo Prevent Senior e que tudo que era possível foi feito".
Renan Calheiros afirmou na quarta que a comissão tem provas de que o empresário Luciano Hang pediu para que os médicos que trataram sua mãe não divulgassem que ela teria sido medicada com o chamado "kit Covid".
Hang é um dos defensores do chamado tratamento precoce, com medicamentos sem eficácia comprovada para tratar a Covid-19. Em depoimento à CPI da Covid, o diretor-executivo da Prevent, Pedro Batista Júnior, negou as acusações do dossiê.
Afirmou que não se tratava de estudos e sim de uma simples observação com o uso dos medicamentos do chamado kit covid. Ele acusou ainda dois ex-médicos de acessarem e alterarem as planilhas para prejudicarem a empresa.
Por outro lado, na denúncia mais grave na percepção dos senadores, Batista Júnior reconheceu que um protocolo da Prevent orientava a reclassificação do chamado CID, o código de diagnóstico da doença, para excluir dos prontuários a Covid-19, passando a considerar que os pacientes, depois de determinado tempo de internação, estavam com outros problemas de saúde.
Batista Júnior disse, porém, que atestados de óbito não foram alterados.
O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse à Folha de S.Paulo acreditar que o relatório final da comissão será robusto o suficiente para não ser engavetado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, próximo ao presidente Jair Bolsonaro.
"Está achando que o cara (Aras) vai matar isso no peito  e vai dizer: 'Não, espera aí, eu mato isso no peito e vou resolver'? Não é assim, não", afirmou.
Os senadores do grupo majoritário da CPI da Covid já trabalham internamente com a possibilidade de adiar por mais tempo a conclusão das atividades da comissão, em previsões que variam do meio ao fim de outubro. O principal motivo é a evolução da apuração envolvendo a operadora Prevent Senior.
/Folhapress
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