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Política

- Publicada em 15 de Julho de 2021 às 20:05

Empresário relata tratativa paralela para compra de doses da AstraZeneca

Cristiano Carvalho relatou à CPI da Covid como foi a negociação por 400 milhões de doses da AstraZeneca

Cristiano Carvalho relatou à CPI da Covid como foi a negociação por 400 milhões de doses da AstraZeneca


Pedro França/ Agência Senado/JC
O empresário Cristiano Carvalho relatou à CPI da Covid nesta quinta-feira (15) como foi a negociação por 400 milhões de doses da AstraZeneca, sem aval da fabricante, com a cúpula do Ministério da Saúde e a intermediação de militares e uma ONG evangélica.
O empresário Cristiano Carvalho relatou à CPI da Covid nesta quinta-feira (15) como foi a negociação por 400 milhões de doses da AstraZeneca, sem aval da fabricante, com a cúpula do Ministério da Saúde e a intermediação de militares e uma ONG evangélica.
Os detalhes da frustrada operação bilionária que teve entre os líderes o próprio Cristiano, representante da Davati Medical Supply e beneficiário do auxílio emergencial na pandemia, fortaleceram as investigações da cúpula da comissão e chegaram a constranger a base do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na sessão.
Cristiano confirmou à CPI que foi avisado sobre um suposto pedido de propina durante as negociações. O cabo da polícia militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti revelou ao jornal Folha de S.Paulo que o ex-diretor de Logística da Saúde Roberto Ferreira Dias teria cobrado, em jantar no dia 25 de fevereiro, US$ 1 por dose para destravar o negócio com a Davati.
"Primeira vez que veio diretamente a mim, sobre o nome do Roberto Ferreira Dias envolvido nisso foi, acredito eu, que no dia 12 de março, na minha vinda até aqui (Brasília). Estávamos na Senah (ONG evangélica que participou das conversas)", disse Carvalho. A testemunha também disse que foi procurada e manteve conversas por WhatsApp, ou seja, fora dos processos formais da Saúde, com Dias.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), apontou "desconforto" com as conversas de membros e ex-funcionários do governo com os vendedores que nem sequer apresentavam provas sólidas de terem as doses em mãos. "Quero manifestar meu desconforto com diálogos que foram mantidos entre representantes da Davati com servidores públicos e ex-servidores públicos", disse Bezerra.
"A gente constata a falta de credenciamento, de capacidade técnica, de habilidade técnica para que esta empresa Davati, ou seus eventuais representantes, pudessem tratar com o governo brasileiro para eventual aquisição ou compra de vacinas", afirmou o líder de Bolsonaro no Senado.
Cristiano ainda confirmou que as suas ofertas foram levadas a reuniões distintas com três membros da cúpula do Ministério da Saúde, além de seus auxiliares. O empresário Herman Cardenas, dono da Davati, reconheceu em entrevista à Folha de S.Paulo que a empresa não tinha à mão nenhuma das doses oferecidas ao governo brasileiro. Ele afirmou que a empresa seria apenas uma facilitadora do negócio entre a fabricante e o ministério.
Para os senadores, o relato de Cristiano reforça a tese de que o Ministério da Saúde abriu a porta para atravessadores com ofertas inviáveis por vacinas, enquanto rejeitava a compra de imunizantes diretamente com fabricantes como a Pfizer. O líder do governo no Senado pediu que a CPI não responsabilize o governo por "atos praticados por um ou outro servidor".
Presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) cobrou que o governo responsabilize ao menos Elcio Franco, coronel da reserva, ex-secretário-executivo da Saúde e atual assessor da Casa Civil, que recebeu o grupo da Davati.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), leu, na noite desta quarta-feira (14), no plenário da casa, o requerimento de prorrogação dos trabalhos da CPI por mais 90 dias. Inicialmente, o colegiado, instalado no dia 27 de abril, seria encerrado em 7 de agosto, mas os trabalhos agora ocorrerão até novembro. A comissão entra em recesso a partir desta sexta-feira (16) e retomará depoimentos no dia 3 de agosto.
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