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Política

- Publicada em 01 de Junho de 2021 às 13:15

Nise Yamaguchi confirma discussão sobre tratamento precoce no Ministério da Saúde

Médica confirmou visita ao Ministério da Saúde em abril, para discutir tratamento precoce

Médica confirmou visita ao Ministério da Saúde em abril, para discutir tratamento precoce


JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO/JC
Agência Estado
Em depoimento à CPI da Covid, a médica Nise Yamaguchi disse nesta terça-feira (1º) ter se encontrado com o presidente Jair Bolsonaro por cerca de quatro vezes, mas que não houve reuniões particulares com o chefe da República. Nise então foi confrontada com o dado do grupo de checagem do Senado, de que ela teria se encontrado com Bolsonaro, sozinha, no dia 15 de maio. Nise respondeu não se recordar e reafirmou que nunca esteve com o presidente nessa condição.
Em depoimento à CPI da Covid, a médica Nise Yamaguchi disse nesta terça-feira (1º) ter se encontrado com o presidente Jair Bolsonaro por cerca de quatro vezes, mas que não houve reuniões particulares com o chefe da República. Nise então foi confrontada com o dado do grupo de checagem do Senado, de que ela teria se encontrado com Bolsonaro, sozinha, no dia 15 de maio. Nise respondeu não se recordar e reafirmou que nunca esteve com o presidente nessa condição.
Ela lembrou ainda que participou de uma reunião com o comitê interministerial, presidido pelo ministro Walter Braga Netto, na qual participaram também o ministro da Saúde e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O relator Renan Calheiros a questionou sobre informações em posse da CPI de que a médica esteve em visitas não oficiais ao Ministério da Saúde em cinco oportunidades, em 6 de abril, 10 de junho, 12 de junho, 2 de julho e 30 de dezembro do ano passado. A médica respondeu que precisaria checar essas datas, mas confirmou desde já o encontro no dia 6 de abril, que, segundo ela, foi para discutir o tratamento precoce para a Covid-19.

Bate-boca

A CPI da Covid teve um novo bate boca durante os trabalhos desta terça-feira. As discussões desta vez foram iniciadas pelo presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM) que, após ouvir um vídeo onde a médica Nise Yamaguchi defendeu que com o tratamento precoce contra Covid-19, não seria necessário uma vacinação "aleatória" da população, pediu a população que desconsiderasse as falas da médica.
Confrontada com o vídeo, a médica voltou a afirmar que não se deve vacinar "aleatoriamente" dizendo que a vacinação contra a doença seria a única opção contra a doença. Aziz então interrompeu a médica pedindo que a população que acompanha a CPI desconsiderasse as falas da doutora com relação à vacina.
"Quem está nos vendo neste momento, eu peço que desconsidere essas questões que ela disse aqui em relação à vacina. Desconsidere o que ela está dizendo em relação à vacina, ela não está certa" disse Aziz. "A sua voz calma, a sua forma de falar, convence as pessoas como se a senhora estivesse falando a verdade. infelizmente, doutora Nise, o que os seus colegas me falaram eu retiro completamente, eles estão totalmente equivocados em relação a senhora. A senhora está omitindo aqui muita coisa", afirmou Aziz, alertando a médica que ela será convocada novamente à CPI.
No meio do bate-boca, a senadora Leila Barros (PSB-DF) pediu "um grau de tranquilidade" para os senadores que questionavam a médica. Leila afirmou que a doutora não conseguia completar nenhum raciocínio. "Vocês sabem o lado que eu estou, mas quem está acompanhando, o que a gente percebe, é que existe uma ansiedade muito grande pelas respostas da depoente", afirmou Leila.
Já o líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE) se manifestou, no Twitter, sobre as interrupções realizadas pelos senadores da CPI da Covid durante depoimento da médica. E mostrou opinião diferente de Leila Barros.
"Tenho uma vida na defesa das mulheres, como é reconhecido pelas colegas da bancada feminina, mas não podemos confundir interrupções por mentiras flagrantes e interrupção por desrespeito às mulheres. Dra Nise mente, omite e desinforma. Não é questão de gênero, mas de honestidade", escreveu.

Cloroquina e Bolsonaro

No depoimento, a médica Nise Yamaguchi confirmou ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro sobre o tratamento precoce como estratégia para combater a pandemia da Covid-19. Nise também afirmou que a conversa partiu do próprio mandatário.
A médica disse já conhecer previamente a discussão, mas que durante reunião que contou com a presença do presidente, ela recebeu dele a informação de um tratamento contra Covid com o uso de cloroquina estava sendo discutido na França. Segundo a médica, esta foi a única oportunidade em que ela conversou com o presidente sobre o tema.
A afirmação de que ela teria tido poucas interações com o presidente foi confrontada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que leu uma notícia onde a médica afirmava que o presidente a conhecia e que eles se falavam "o tempo todo". Vieira então sugeriu que a sessão fosse encerrada para que Nise fosse convocada na posição de testemunha.

Poupando Bolsonaro

A médica e defensora do tratamento precoce repetiu a fórmula usada por aliados do presidente Jair Bolsonaro na comissão e se esquivou de opinar sobre a conduta do presidente frente as vacinas.
"Não estou aqui para desapoiar ou apoiar conduta de nenhuma pessoa, isso é do fórum individual", afirmou Nise, dizendo ainda que nunca falou com o presidente sobre o programa de imunização. "Opinião a gente não dá, a gente tem que dar evidências científicas", disse a médica, que ainda foi apresentada a vídeos de Bolsonaro falando sobre as vacinas.
"Isso é uma questão que se refere ao governo Brasileiro", afirmou Nise em referência a cláusula de responsabilidade nos contratos criticada por Bolsonaro. Segundo ela, essa questão não demandaria uma decisão científica, mas "política e econômica".
Questionada ainda pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre as consequências da postura do presidente e do atraso na compra dos imunizantes, Nise respondeu que é o "atraso que existe no início do tratamento" que tem "determinado tantos mortos".
"Não só isso, mas nesse momento temos também problema de diagnóstico", afirmou. A médica disse ainda que a tese da imunidade de rebanho não é defendida por ela, mas uma "realidade".

'Ministério paralelo'

A médica oncologista Nise Yamaguchi negou que a existência de um "ministério paralelo" ao da Saúde que supostamente aconselha o presidente Jair Bolsonaro em questões referentes ao enfrentamento da pandemia da Covid-19.
Nise afirmou ser uma "colabora eventual" que participava junto com os ministros de Saúde de comissões técnicas, reuniões governamentais e reuniões específicas com setores do Ministério da Saúde. "Faço questão de trabalhar com as regulamentações, inclusive com a (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Anvisa, com o Parlamento, sempre contribuí com todos", afirmou a doutora.
Na primeira bateria de perguntas realizadas pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), a médica foi inquirida sobre sua defesa da "imunidade de rebanho" como um estratégia de enfrentamento a pandemia da Covid-19 no País. Nise continuou sua defesa ao método, mas afirmou que existe uma interpretação errada de que a imunidade seria alcançada com a infecção de pessoas. Nise afirmou que a imunidade será alcançada por meio da vacinação.
A médica também defendeu que a discussão da imunidade de rebanho era "pertinente" na época, mas que não era possível prever "tantas interfaces, tão complexas" da mutações que ocorreram no vírus da Covid-19. Confrontada com vídeos onde defendia a imunidade através da infecção de pessoas em junho do ano passado, Nise afirmou que se imaginava que novas ondas da doença viriam com as mesmas cepas do vírus.
Nise também negou ter comentado com o presidente da República sobre a imunidade de rebanho, afirmando ter tido poucos encontros com o mandatário.
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