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Política

- Publicada em 23 de Maio de 2021 às 13:55

Datafolha aponta que 54% rejeitam militares no governo

Indicação de militares para ministérios e outros cargos, na gestão Bolsonaro, atingiu níveis inéditos desde 1985

Indicação de militares para ministérios e outros cargos, na gestão Bolsonaro, atingiu níveis inéditos desde 1985


MARCOS CORRÊA/PR/JC
A maior parte da população rejeita a nomeação de militares para cargos no governo federal, de acordo com o Datafolha. Pesquisa feita pelo instituto nos dias 11 e 12 deste mês aponta que 54% dos entrevistados são contrários à presença dos fardados nesses postos, ante 41% que são favoráveis.
A maior parte da população rejeita a nomeação de militares para cargos no governo federal, de acordo com o Datafolha. Pesquisa feita pelo instituto nos dias 11 e 12 deste mês aponta que 54% dos entrevistados são contrários à presença dos fardados nesses postos, ante 41% que são favoráveis.
Não souberam opinar 5% dos entrevistados. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ouviu de maneira presencial 2.071 pessoas em todo o país, e o nível de confiança é de 95%.
Um ano atrás, o instituto também fez esse questionamento, e a rejeição às nomeações também venceu: 52% se disseram contrários à presença dos militares no governo, ante 43% favoráveis.
Promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro, a indicação de militares para ministérios e outros cargos de relevância atingiu na atual gestão níveis inéditos desde o fim do regime militar, em 1985.
Bolsonaro, ele próprio um capitão reformado do Exército, hoje tem sete ministros militares. Até postos de perfil puramente político, como a Secretaria de Governo, que organiza a articulação junto ao Congresso, chegaram a ficar com os fardados.
A Casa Civil, hoje ocupada por Luiz Eduardo Ramos, general da reserva, já esteve a cargo de Walter Braga Netto, também general da reserva e hoje titular da pasta da Defesa. Ramos, amigo de Bolsonaro da época de preparação militar, foi recrutado para o alto escalão em 2019 ainda quando era oficial da ativa e chefiava o Comando do Sudeste.
Por um lado, a nomeação de indicados oriundos de um ramo que costuma ser bem avaliado junto à população atendeu a uma demanda de parte de seu eleitorado por mudanças em práticas políticas.
De outro, supriu a falta de nomes técnicos da base do presidente, eleito por um partido pequeno e com poucos aliados formais.
Milhares de militares assumiram postos em variadas áreas da estrutura estatal. Reportagem da Folha em março mostrou que, no topo de 19 estatais vinculadas à União, havia 92 integrantes das Forças Armadas --dez vezes mais do que em 2018, na gestão de Michel Temer.
Estão em posições tão diversas como as chefias dos Correios, da Valec (estatal de infraestrutura ferroviária) e da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), vinculada ao Ministério da Educação. Um general assumiu ainda a Petrobras, e o vice-presidente, Hamilton Mourão, também é oficial da reserva.
Já na campanha eleitoral, o entorno do presidente era composto por fardados, como o agora ministro Augusto Heleno, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Do ponto de vista dos militares, houve benefícios, como o plano de reestruturação da carreira e a continuidade de gastos em projetos da Marinha e da Aeronáutica.
A atuação dos integrantes das Forças, porém, ficou desgastada com a gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, encerrada em março.
General da ativa, ele assumiu o comando da crise sanitária após Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que se queixavam da pouca autonomia dada pelo presidente.
Pazuello promoveu uma militarização da Saúde, se alinhou às ordens de Bolsonaro e acabou marcado pela demora na articulação da compra e produção de vacinas.
Hoje, ele está sob investigação na CPI da Covid, no Senado, e em inquérito que trata da omissão na resposta à crise em Manaus, no início do ano.
Na gestão Pazuello, os militares insistiam para que ele fosse para a reserva, o que contribuiria para desvincular as Forças das medidas do governo. Então comandante do Exército, Edson Pujol disse que militares não deveriam estar na política.
Em março, ele acabou deixando o posto, assim como os chefes da Marinha e da Aeronáutica, por atritos com o presidente. As exonerações em conjunto foram a maior crise militar no país desde 1977.
Na contramão, Bolsonaro tem reforçado o vínculo com as Forças, também como estratégia de resposta à crise política decorrente da gestão da pandemia. O presidente já deu declarações, por exemplo, falando em "meu Exército" ao se referir à instituição.
Uma parcela de seus apoiadores parece mais afeita a esse tipo de declaração. Segundo o Datafolha, entre quem avalia o governo como ótimo ou bom, a aprovação à presença dos militares sobe para 75%.
Entre homens, os favoráveis somam 46%. No recorte regional, o apoio é maior no Sul (44%) que no Nordeste (39%).
Já entre quem diz ter "muito medo" do vírus, a rejeição aos fardados salta para 61%. Também declararam maior rejeição os entrevistados com ensino superior (58%), funcionários públicos (62%) e eleitores de Lula (69%).
Agência Folhapress
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