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Política

- Publicada em 05 de Março de 2021 às 21:50

STF abre julgamento que pode derrubar tese de 'legítima defesa da honra'

STF abre julgamento que pode derrubar tese de 'legítima defesa da honra'

STF abre julgamento que pode derrubar tese de 'legítima defesa da honra'


Tiago Medina/CNJ/JC
Agência Estado
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta sexta (5) o julgamento que pode derrubar a tese da "legítima defesa da honra", utilizada nos tribunais do júri para pedir a absolvição de réus acusados de feminicídio. Na semana passada, o ministro Dias Toffoli considerou o argumento "odioso" e inconstitucional, e baixou liminar para proibir sua utilização por advogados.
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta sexta (5) o julgamento que pode derrubar a tese da "legítima defesa da honra", utilizada nos tribunais do júri para pedir a absolvição de réus acusados de feminicídio. Na semana passada, o ministro Dias Toffoli considerou o argumento "odioso" e inconstitucional, e baixou liminar para proibir sua utilização por advogados.
Embora não prevista na Constituição, a "legítima defesa da honra" se vale da prerrogativa de ampla defesa concedida aos réus nos tribunais de júri, que podem apelar a qualquer argumento pela absolvição, incluindo a clemência. Um caso emblemático envolvendo o argumento ocorreu em 1976 no julgamento de Doca Street, assassino confesso da socialite Ângela Diniz.
A ação que questiona a tese foi apresentada pelo PDT em janeiro após o partido apresentar um levantamento que identificou o uso da "legítima defesa da honra" em diversos tribunais do júri desde 1991.
"A plenitude da defesa não significa poder deturpar fatos e incitar preconceitos em prol de uma absolvição quando o Direito demanda pela condenação: quem matou sem excludente de ilicitude deve sofrer as penas legais proporcionais à gravidade do delito", afirmou o advogado Paulo Roberto Iotti, que assina a ação pelo PDT. "O júri não foi criado para permitir decisões totalitárias que perdoem crimes de ódio."
O advogado-geral da União José Levi Mello Amaral Júnior também é a favor da derrubada da legítima defesa da honra. Para ele, admitir o uso do argumento é "consentir com o uso de um instrumento público - o processo - para a reiteração da violência".
"Considerando os parâmetros constitucionais aqui apresentados, pode-se afirmar com absoluta clareza: a denominada 'legítima defesa da honra' é um artifício anacrônico e odioso, que não apenas garante a impunidade de uma prática nefasta e historicamente arraigada em nossa sociedade - a violência contra a mulher -, mas que também em muito contribui para a sua legitimação social e naturalização no âmbito familiar", afirmou.
O ministro Dias Toffoli, relator do processo, proferiu o primeiro voto para proibir o uso da tese da "legítima defesa da honra" por considerá-la inconstitucional, além de "odiosa, cruel e desumana".
"Apesar da alcunha de 'legítima defesa', instituto técnico-jurídico amplamente amparado no direito brasileiro, a chamada 'legítima defesa da honra' corresponde, na realidade, a recurso argumentativo/retórico odioso, desumano e cruel utilizado pelas defesas de acusados de femicídio ou agressões contra mulher para imputar às vítimas a causa de suas próprias mortes ou lesões, contribuindo imensamente para a naturalização e a perpetuação da cultura de violência contra as mulheres no Brasil", afirmou Toffoli.
A posição do ministro pode ser ratificada ou rejeitada pelos colegas, que votam no plenário virtual do Supremo - ferramenta na qual os votos são depositados ao longo da semana. O julgamento ficará aberto até às 23h59 da próxima sexta, 12. O caso pode ser suspenso ou adiado caso algum ministro peça vista (mais tempo de análise) ou destaque (o que levaria o processo para discussão no plenário físico da Corte, hoje realizado por videoconferência).
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