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Entrevista especial

- Publicada em 21 de Fevereiro de 2021 às 21:35

Pedro Almeida prevê retomada econômica em Passo Fundo

Novo prefeito projeta criação de novos empregos e promete a conclusão de obras significativas

Novo prefeito projeta criação de novos empregos e promete a conclusão de obras significativas


DIOGO ZANATTA/Divugação/JC
Enquanto a maioria das cidades do Rio Grande do Sul amargam perdas crescentes por conta da pandemia de coronavírus, o prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida (PSB), vislumbra uma situação diferente da maioria dos gestores gaúchos. Embora a economia da cidade tenha sido afetada pela pandemia, ele garante que as contas da prefeitura estão em dia, projeta a criação de empregos em 2021, e ainda promete a conclusão de obras significativas. Apesar de otimista, não se ilude: sabe que os principais desafios no primeiro ano da sua gestão serão a imunização contra a Covid-19 e a retomada do crescimento econômico.
Enquanto a maioria das cidades do Rio Grande do Sul amargam perdas crescentes por conta da pandemia de coronavírus, o prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida (PSB), vislumbra uma situação diferente da maioria dos gestores gaúchos. Embora a economia da cidade tenha sido afetada pela pandemia, ele garante que as contas da prefeitura estão em dia, projeta a criação de empregos em 2021, e ainda promete a conclusão de obras significativas. Apesar de otimista, não se ilude: sabe que os principais desafios no primeiro ano da sua gestão serão a imunização contra a Covid-19 e a retomada do crescimento econômico.
Quanto à retomada econômica, Almeida tem um conjunto de projetos chamado Acelera Passo Fundo, com o objetivo de atrair investimentos para a maior cidade do norte do Estado. Dentro do programa, a prefeitura já realizou um mutirão para liberação de mais de 115 obras em janeiro. Além disso, a iniciativa privada tem investido na cidade. O prefeito comemora, por exemplo, o anúncio da JBS de que vai abrir mil vagas de trabalho em 2021. Sobre as obras que devem ser concluídas neste ano, o prefeito de Passo Fundo cita a reforma no Hospital Municipal, que passa por uma revitalização depois de 40 anos.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Almeida - o sucessor de Luciano Azevedo (PSB, 2013-2020) - detalha sua estratégia para a retomada do crescimento econômico. Ele também concorda com a prorrogação das alíquotas de ICMS para combustíveis, energia e telecomunicações, aprovadas na Assembleia Legislativa no final de 2020.
Jornal do Comércio - Quais serão os principais desafios à frente da prefeitura ?
Pedro Almeida - Estamos trabalhando com duas áreas prioritárias neste ano. A primeira é a saúde. Dentro disso, temos obviamente o plano de vacinação. A imunização é a grande prioridade nesse momento. Obviamente, a gente aguarda as doses que chegam via governo federal e governo do Estado, mas estamos atentos, preparados... Temos 25 equipes de vacinação, 25 postos, toda uma estrutura montada. Temos uma expertise, por conta da vacina do H1N1, que é feita todos os anos. Então, já temos uma rede de vacinação bem estabelecida, bem organizada, aguardando para que a gente possa imunizar cada vez mais pessoas, no menor prazo possível. Temos um diálogo muito próximo com o governador Eduardo Leite (PSDB) sobre isso. Inclusive, estive reunido com o governador. Pleiteamos mais doses para Passo Fundo. Já temos mais de 7.800 pessoas vacinadas, obedecendo a ordem dos grupos prioritários.
JC - Muitos prefeitos reclamam na demora na aquisição e distribuição de vacinas. Caso seja necessário, a prefeitura pretende buscar doses por conta própria?
Almeida - É uma possibilidade. Consideramos isso ainda no governo do prefeito anterior, Luciano Azevedo. Em dezembro, estive reunido com ele e enviamos um ofício da prefeitura de Passo Fundo ao Instituto Butantan, nos colocando com a possibilidade de compra direta, se houvesse essa possibilidade. Entretanto, fomos informados que não haveria essa possibilidade e todos os lotes que chegariam seriam enviados através do Ministério da Saúde e do governo do Estado.
JC - Passo Fundo é um polo regional de saúde. Muitos municípios buscam atendimento na cidade, gerando uma pressão sobre os hospitais da cidade, como o São Vicente de Paula e o Hospital de Clínicas. Como tem sido o gerenciamento dos atendimentos aos pacientes de Covid-19?
Almeida - Com certeza, isso impacta no sistema de saúde da cidade. Mas as estruturas que existem, nossos hospitais centenários, absorvem bem essa demanda. Obviamente, em alguns momentos, acontecem pressões maiores, principalmente em relação à emergência. Então, é natural a gente ouvir falar na imprensa que a emergência do hospital está no seu limite, não pode receber mais ninguém. Por isso, queremos trazer o Hospital Municipal para contribuir. Há um estudo junto com o governo do Estado sobre a possibilidade de transformar o hospital do município em uma espécie de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Esse hospital recebeu uma obra depois de mais de 40 anos de espera. Cerca de 65% da revitalização já está concluída, e pretendemos entregá-la em outubro.
JC - A ideia é qualificar esse hospital para desafogar os outros?
Almeida - Pretendemos fazer dois grandes projetos dentro dele: um hospital da criança, que seria uma área específica para cuidar das crianças com pediatria 24h e vários atendimentos para a família; e também a super emergência. Esse seria para suprir uma queixa dos hospitais privados e filantrópicos, sobre a grande demanda na área de emergência. Entendemos que o Hospital Municipal pode desafogar essa porta de entrada do sistema de saúde.
JC - A saúde é a primeira prioridade. Qual é a segunda?
Almeida - É o desenvolvimento econômico, a retomada da economia. Para isso, já na primeira semana de janeiro, lançamos um programa chamado Acelera Passo Fundo, que tem uma série de medidas de incentivo ao emprego e à renda no município. O programa possui nove eixos, como concessão de microcrédito, plano de desenvolvimento rural etc. Entre essas ações, uma ganhou bastante importância, porque já deu resultados nesses primeiros 30 dias de governo: um grande mutirão dentro da prefeitura para a liberação de obras. Cerca de 250 projetos estavam represados na prefeitura por algum motivo, como, por exemplo, o baixo efetivo, visto que muitas pessoas foram afastadas por causa da pandemia. O mutirão reuniu três secretarias-chave nesse processo - de Planejamento, de Obras e de Desenvolvimento Econômico. Com isso, conseguimos destravar mais de 115 projetos. Isso é emprego e renda na veia, porque envolve, por exemplo, a construção civil. Vai desde um Habite-se para uma casa nova, até projetos de condomínios, prédios, empreendimentos comerciais. O mutirão segue funcionando, pelo menos nos próximos três meses, para liberarmos mais projetos.
JC - Quanto à retomada econômica, muitos prefeitos reclamam que a burocracia dificulta a liberação de obras. Está no seu radar, além do mutirão, mudar a legislação do município?
Almeida - Também. Nesse primeiro momento, unimos os servidores e uma força-tarefa para fazer o trabalho de conferência, porque, às vezes, faltam documentos, o empreendedor não veio, não foi no cartório, essas coisas. Então, aceleramos isso. Mas a demanda é muito grande, vão chegando mais e mais projetos. Por isso, pretendemos criar uma lei, que vai se chamar Obra Fácil, para simplificar a entrada de novos projetos na prefeitura. Inclusive já relatamos ao Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul), porque ele é o principal interessado. Para ter uma ideia, hoje, é necessário o envio à prefeitura de aproximadamente 40 documentos na forma física; estamos criando um portal, que vai ter uma caixa de entrada (para anexar documentos digitais); e vamos diminuir para 20 documentos, em um primeiro momento. Tudo online: escaneia o documento, manda para a prefeitura (pela internet), já há conferência eletrônica... Então, vai facilitar muito a vida do empreendedor. Ele não vai precisar nem ir à prefeitura para iniciar o cadastro do seu projeto. São essas as ações que consideramos fundamentais. Depois, ao longo do Programa Acelera Passo Fundo, pretendemos implementar o alvará digital e outras iniciativas.
JC - A Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) pediu o engajamento dos senadores gaúchos para a prorrogação do auxílio emergencial. O que o senhor pensa sobre isso?
Almeida - A gente sente que o auxílio emergencial, com as parcelas de R$ 600,00, realmente impactaram nos municípios, principalmente na área do comércio, alimentação. Muitas pessoas precisam disso nesse momento, especialmente o pessoal de baixa renda, que passa por maiores dificuldades. Mas essa é uma iniciativa que deve vir do governo federal. Os municípios não têm como absorver isso. Se vier, é bem-vindo, mas tem que vir do governo federal.
JC - O senhor é a favor da prorrogação do auxílio?
Almeida - Sou a favor, desde que não onere os municípios. O que a gente sentiu também nesses últimos anos é que existem ofertas de emprego no mercado. O que acontece é que, talvez, não tenhamos mão de obra qualificada para assumir esses postos de trabalho. Por isso, temos um projeto no nosso plano de governo, que foi promessa de campanha, que se chama Escola das Profissões. É um espaço que vai identificar quais são as demandas de mão de obra qualificada no mercado. A partir disso, vamos formar nosso cidadão para que ele preencha essas vagas. É um projeto relativamente simples, que deve iniciar ainda no primeiro ano do governo. Vai trabalhar em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e outros órgãos que têm cursos semelhantes. Tenho certeza que vai qualificar e gerar mais emprego e renda para a nossa população.
JC - Em meio ao cenário brasileiro de aumento do desemprego, Passo Fundo pode ter geração de empregos em 2021?
Almeida - Tivemos algumas reuniões com empresas importantes do município. Em Passo Fundo, temos a JBS, a lataria da Ambev etc. Todos os empresários têm nos dito que o ano será de retomada, de investimentos. Como prefeito, olho com otimismo para 2021. Também acredito que será o ano da virada e, com a vacina e investimentos acontecendo, será o ano em que vamos conseguir voltar à normalidade. A JBS está anunciando a criação de mil postos de trabalho. Isso me enche de alegria e esperança de que vamos partir para um novo momento na cidade, no Estado e no País.
JC - A meta é chegar a um saldo positivo de empregos...
Almeida - O programa Acelera Passo Fundo tem uma proposta muito importante para a cidade, que é a retomada da economia. Quero chegar no fim do ano com o Acelera Passo Fundo com vários indicadores e números importantes, empregos gerados e renda.
JC - Mesmo com a crise, Passo Fundo teve crescimento...
Almeida - A prefeitura hoje está vivendo uma saúde financeira muito boa, com as contas em dia, o funcionalismo não teve um dia de atraso no salário nos últimos oito anos, obras estão acontecendo... Mesmo em meio a toda essa crise, continuamos crescendo em Passo Fundo. Para ter noção do desenvolvimento, em 2012, nosso PIB (Produto Interno Bruto) girava em torno de R$ 3,5 bilhões; conforme dados de 2019 para 2020, o PIB aumentou para R$ 8,5 bilhões. Passo Fundo é uma cidade muito promissora, obviamente que não só pelo esforço da prefeitura, mas também pelo esforço de uma cadeia de empresários. Isso traz investimentos em várias áreas, como na construção civil, que aqui é muito forte; no agronegócio, que também tem força; na saúde, que conta com hospitais de referência, como o São Vicente de Paula e o Hospital de Clínicas; e um polo de Ensino Superior.
JC - Quando falou do programa Acelera Passo Fundo, mencionou que ele também prevê uma linha de microcrédito. Como será?
Almeida - Essa linha de microcrédito que foi lançada é muito importante para o microempreendedor. Também temos o chamado Amplifica Passo Fundo, que é uma assessoria financeira para pequenos negócios. Isso funciona em parceria com a universidade Imed. Primeiro, eles trazem os técnicos, professores de Economia, Finanças, Marketing, Recursos Humanos, para fazerem uma avaliação do negócio que está passando por dificuldades. Em seguida, fazem um replanejamento do plano de ação dessa empresa. Então, esse projeto ajuda a mostrar caminhos ao empresário que está passando por dificuldades, vendendo menos, que teve que demitir etc. Às vezes, não basta dar o crédito, é necessário dar assessoria, para saber como usar corretamente os recursos.
JC - No final de 2020, a Assembleia Legislativa prorrogou por mais um ano as alíquotas de ICMS para combustíveis, telecomunicação e energia. É possível que, no final de 2021, haja a necessidade de nova prorrogação. A possibilidade de as alíquotas caírem em 2022 preocupa?
Almeida - Realmente preocupa. Qualquer recurso que deixe de vir para o município impacta. Entendo que o governo federal tem que pensar nisso também, se envolver na discussão com o governo do Estado. Se não houver esse financiamento (com a prorrogação das alíquotas majoradas),terá que haver outro para compensar. Confesso que não tenho tanto aprofundamento neste tema, mas, em uma primeira análise, diria que é temerário ficar sem esse recurso.

Perfil

Filho de pequenos comerciantes, Pedro Cezar de Almeida Neto tem 43 anos. É natural de Passo Fundo. Seus pais tiveram um armazém por 20 anos, em uma das ruas mais tradicionais. O estabelecimento, onde trabalhou desde cedo era conhecido popularmente como Bar do Moa. Ele estudou em duas escolas estaduais da cidade, Nicolau de Araújo Vergueiro e Protásio Alves. Graduou-se no curso de Administração de Empresas pela Faculdade Meridional, no campus Passo Fundo. Também possui uma especialização em Gestão Pública pelo Instituto Brasileiro de Educação em Gestão Pública, de São Paulo. Nos anos 2000, criou a própria empresa de publicidade e áudio, onde atuou 10 anos. Só saiu da empresa em 2013, quando foi convidado pelo então prefeito Luciano Azevedo (PSB) para assumir a Secretaria Municipal de Cultura. Foi a primeira vez que assumiu um cargo público. Permaneceu no secretariado ao longo dos dois mandatos do ex-prefeito: no primeiro, na pasta da Cultura; no segundo, à frente da Secretaria de Gestão. Nesse período, não tinha filiação política. Ingressou no PSB em 2020, para concorrer à prefeitura de Passo Fundo. Elegeu-se na primeira disputa por um cargo eletivo.