Por decisão liminar do Desembargador Francesco Conti, da 4º Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJ-RS), a formação da
Mesa Diretora da Câmara de Porto Alegre, eleita em 1º de janeiro, foi dissolvida. A decisão, que atende ao pedido expedido pelo bloco de oposição da Câmara, implica na necessidade de novas eleições que considerem a proporcionalidade dos partidos eleitos para a XVIII Legislatura da Casa, prevista na Constituição Federal.
Além de determinar a realização de nova eleição, o desembargador apontou os cargos aos quais a bancada composta por quatro vereadores do PSOL, quatro do PT e dois do PCdoB têm direito. Um cargo na Mesa Diretora, uma presidência de Comissão Permanente e uma vice-presidência de Comissão Permanente. De acordo com a decisão, a destinação desses cargos atenderá aos critérios da proporcionalidade, visto que os 10 vereadores representam 33,3% dos votos.
Ao fim de 2020, já circulava nos bastidores do Legislativo a formação de acordo político-administrativo entre vereadores que visava excluir os parlamentares de oposição dos cargos de direção da Câmara. O resultado da eleição realizada no primeiro dia do ano seguiu o previsto, uma vez que nenhuma das cadeiras da Mesa Diretora ficou a cargo de vereadores da oposição do governo.
Ainda no dia 1º de janeiro, após eleita a Mesa Diretora, os vereadores deram continuidade a embates intensos, e o bloco de oposição ao governo deixou a sessão por entender que a condução das eleições para as comissões permanentes estava se dando de maneira equivocada.
A decisão da justiça ainda cabe recurso, mas seus efeitos são imediatos.
Nesta sexta-feira, parlamentares do bloco de oposição comemoraram a decisão nas redes sociais e alegaram aguardar encaminhamentos acerca das decisões e atos já tomados, além de “esperar que na próxima segunda-feira seja realizada nova eleição da mesa diretora, das presidências e vice das comissões”.
Para o líder da bancada de oposição, vereador Pedro Ruas (PSOL), a decisão fortalece a democracia. “Acho que o Tribunal fez justiça na medida em que buscou os critérios de proporcionalidade previstos na Constituição Federal e Regimento Interno da Câmara Municipal. O que havia, antes, era abuso da base governista, isolando ilegalmente a oposição”, disse.