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Política

- Publicada em 06 de Dezembro de 2020 às 14:06

Com Lira em dificuldade, Bolsonaro avalia plano B para comando da Câmara

Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem repetido a deputados aliados que, mesmo que STF autorize sua reeleição, não pretende disputá-la

Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem repetido a deputados aliados que, mesmo que STF autorize sua reeleição, não pretende disputá-la


TV Câmara/Reprodução/JC
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começou a discutir um plano B diante das dificuldades de o líder do PP, Arthur Lira (AL), se viabilizar para o comando da Câmara dos Deputados. A tentativa do mandatário é encontrar uma alternativa para derrotar o grupo do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sem a necessidade de fazer concessões no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começou a discutir um plano B diante das dificuldades de o líder do PP, Arthur Lira (AL), se viabilizar para o comando da Câmara dos Deputados. A tentativa do mandatário é encontrar uma alternativa para derrotar o grupo do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sem a necessidade de fazer concessões no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios.
O principal receio de Bolsonaro é que Maia decida disputar a reeleição, caso o Supremo Tribunal Federal permita a sua candidatura. Mais do que eleger seu candidato, o objetivo do presidente é impedir que o deputado seja reconduzido.
O STF começou a julgar na sexta-feira (4) a possibilidade de reeleição de Maia e de Davi Alcolumbre (DEM-AP) às presidências da Câmara e do Senado dentro da mesma legislatura. Apesar do veto da Constituição, já havia quatro votos (de Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes) a favor - o julgamento vai até o próximo dia 14. Outro ministro (Kassio Nunes) defendeu a possibilidade de recondução só de Alcolumbre, e três (Rosa Weber, Marco Aurélio e Cármen Lúcia) votaram pela proibição para ambos.
Em conversas na semana passada com assessores palacianos, o presidente Bolsonaro avaliou nomes, inclusive da equipe ministerial, que poderiam agregar mais apoios na disputa na Câmara.
Segundo relatos feitos à Folha, foram defendidos ao presidente os nomes dos ministros Fábio Faria (Comunicações) e Tereza Cristina (Agricultura). Os dois têm mandato parlamentar e estão licenciados: o primeiro pelo PSD e a segunda, pelo DEM.
Além deles, auxiliares palacianos citam um eventual apoio ao presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP) - hoje no grupo de Maia. O parlamentar tem uma boa relação com o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
A execução de um plano B, porém, enfrenta dificuldades. Faria já avisou a Bolsonaro que não tem interesse neste momento em disputar a presidência da Câmara. Entusiastas do nome do ministro, porém, disseram acreditar que ele pode mudar de ideia caso seu nome se mostre viável.
A discussão de uma alternativa para o embate legislativo, marcado para fevereiro, teve início após Bolsonaro ter manifestado incômodo com a postura de Lira. Segundo relatos de integrantes do Executivo e do Legislativo, o deputado tem cobrado empenho do presidente à sua candidatura.
Em conversa recente, relatada à Folha, Lira sugeriu que, se o governo não entrasse de cabeça em sua candidatura, ele teria de buscar votos em partidos de oposição. E, em busca de alianças, incluir pontos defendidos por legendas de esquerda em sua campanha.
A sinalização desagradou o presidente e ministros palacianos, que, somada à dificuldade de Lira em conseguir apoio, passaram a avaliar novos cenários para a disputa. Maia tem repetido a deputados aliados que, mesmo que o STF autorize a sua reeleição, ele não pretende disputá-la. O Palácio do Planalto, no entanto, tem dúvidas.
Caso ele não entre na disputa, a ideia é que Bolsonaro não coloque a sua digital de maneira explícita na eleição legislativa, em 1º de fevereiro. Em um cenário com a candidatura de Maia, a estratégia discutida é diferente.
Na tentativa de impedir a reeleição, assessores palacianos defendem que o presidente ofereça cargos no primeiro escalão em busca de apoio ao seu candidato. Aliados de Lira têm oferecido postos a deputados em troca de votos.
A ofensiva do governo vai depender do "tamanho do problema", como resumiu um ministro. Segundo congressistas, a liberação de recursos acordada em troca da aprovação de projetos já começou a ser atrelada ao apoio a Lira.
Com a pressão por cargos de primeiro escalão, o presidente foi aconselhado por ministros militares a antecipar para janeiro a reforma ministerial. A ideia é tentar se blindar da ofensiva do bloco partidário.
Na semana passada, o presidente do DEM, ACM Neto, afirmou a deputados e a ministros que Maia não será candidato e que o objetivo dele é garantir a recondução de Alcolumbre no Senado.
O DEM teria cedido porque recebeu o recado de que, caso insista em lançar candidato também na Câmara, no caso Maia, poderia enfrentar resistência no Senado, hoje considerado a prioridade da sigla.
Além disso, aliados do presidente da Câmara disseram acreditar que, ao não disputar a reeleição, o deputado se cacifa ainda mais para emplacar um nome de sua preferência para o comando da Casa.
Caso o cenário sem Maia se concretize, o que é avaliado como o mais provável, ministros consideram que não será necessário entregar dedos e anéis para eleger o candidato do governo. Assim, para evitar pressão do centrão, Bolsonaro pode antecipar a reforma ministerial.
Inicialmente, o presidente cogitava fazer uma troca de cadeiras após a eleição na Câmara, como forma de acomodar o grupo que sair vencedor da disputa. Irritado com as cobranças por espaço, porém, considera realizá-la agora em janeiro, podendo fazer nova mudança após a eleição.
As trocas devem envolver inclusive pastas da chamada cozinha do Planalto, ou seja, que despacham na sede administrativa do Executivo. Uma mudança avaliada como bastante provável é no comando da Secretaria de Governo.
Para contemplar o PP, partido ao qual já havia prometido um posto ministerial, Bolsonaro considera nomear para a pasta da articulação política o atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PR).
Com a mudança, Ramos seria deslocado para a Secretaria-Geral. A pasta ficará vaga com a saída de Jorge de Oliveira para assumir o cargo de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).
Além dessa troca, Bolsonaro considera alterar os comandos do Turismo e da Cidadania, como a Folha mostrou em outubro.
Na quarta-feira (2), em reunião com ministros, Bolsonaro disse que quem decide mudanças no governo é o chefe do Executivo e, contrariando expectativas, afirmou que o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) continuará no cargo.
Hoje, Lira, o principal adversário do grupo de Maia, tem o apoio de siglas como PL, Solidariedade, Avante, PSD, Patriota e PSC, que somam 150 deputados. Caso não dispute a reeleição, Maia pode apoiar a candidatura de nomes como Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Marcos Pereira (Republicanos-SP) ou Luciano Bivar (PSL-PE).
Folhapress
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