O Uruguai atribui boa parte do êxito no combate ao novo coronavírus a uma adesão de 95% da população aos protocolos de prevenção na pandemia. O resultado? O pais, com 3,5 milhões de habitantes e que faz fronteira com o Rio Grande do Sul, tinha até essa terça-feira (7) apenas 965 casos positivos de Covid-19 e 29 mortes. Em fim de junho, Brasil e Uruguai firmaram
acordo na luta contra o coronavírus, que prevê testagem em cidades gaúchas na fronteira.
O ministro da Saúde Pública uruguaio, Daniel Salinas, participou de videoconferência da Comissão do Mercosul e Relações Internacionais da Assembleia Legislativa gaúcha, que abordou nesta quarta-feira (8) os efeitos do acordo binacional para reforçar as medidas contra a pandemia. Outra estratégia que vem sendo seguida à risca é a testagem e o monitoramento de casos que têm a doença e grupos de contato.
O Rio Grande do Sul, com mais de 11 milhões de habitantes e mais de 35 mil infectados e 800 mortes, anunciou na semana passada que vai aumentar a aplicação de testes moleculares, mais precisos, para detectar o vírus ativo, pelo RT-PCR. O Uruguai, segundo o
acordo firmado em 26 de junho, vai fornecer insumos para o Estado aumentar a capacidade de fazer os exames.
O ministro citou oura frente das ações na pandemia que é a pesquisa no sistema de águas e tratamento de esgoto para detectar partículas do novo coronavírus. Este tipo de medida também tem exemplo gaúcho, no projeto da Feevale, no Rio Grande do Sul, que encontrou rastros do vírus em rede de esgoto em Porto Alegre e Região Metropolitana.
Salinas destacou ainda a "importância da consciência e controles nas fronteiras para conseguir melhor status sanitário" e citou a "responsabilidade coletiva e atuação conjunta", em relação à mobilização dos dois países. O êxito uruguaio está permitindo a
ativação de áreas de turismo, com implantação de protocolos de cuidados.
O presidente da comissão pela AL-RS, Frederico Antunes, reforçou que "quando há vontade política, se avança e se realiza uma integração real e prática, num momento dificílimo para o mundo inteiro. Esta é uma reunião histórica para o nosso parlamento”.
O governador Eduardo Leite também acompanhou a reunião e lembrou que as ações na fronteira são fundamentais , pois a "doença não reconhece fronteiras", alertando para o impacto das ações binacionais. Sobre a cooperação do Uruguai na área de obtenção de insumos para exames, Leite lembrou que vai permitir o aumento de 3 mil testes diários do RT-PCR. Hoje a capacidade é de 500 testes em laboratório público.
"Vamos ampliar os grupos que testamos e intensificar o rastreamento de quem for positivo para o coronavírus, o que ajuda a melhorar as condições de distanciamento desses casos", projeta o governador.
A intendente de Rivera, equivalente a prefeita, Alma Gallup, diz que a cooperação faz parte da solução do problema da pandemia e aponta que o acordo criou condições objetivas de contenção da transmissão e disseminação do novo coronavírus. "Tratamos de diminuir o tempo de duração da pandemia respaldados em ciência e com a colaboração da população para consolidar", apontou Alma.
De Brasília, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, destacou as ações brasileiras na pandemia, como investimento no SUS e o auxílio emergencial, na área de renda, e afirmou que a "experiência uruguaia de tanto êxito pode nos ensinar para qualificar o sistema de saúde". Lorenzoni citou que há declínio da infecção no Brasil em algumas regiões e que o País pagou o preço de ser continental.
No acordo, há previsão de aquisição de medicamentos. O embaixador do Brasil no Uruguai, Antonio Simões, informou que trabalha nas medidas para poder ocorrer a aquisição e avaliou que medidas já acionadas na fronteira de Rivera, lado uruguaio, e Santana do Livramento, como testagem, poderiam ser levadas a outras cidades gaúchas vizinhas de localidades uruguaias.