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Governo federal

- Publicada em 19 de Junho de 2020 às 03:00

Após pressão do Supremo, Bolsonaro demite Weintraub

Situação de Abraham Weintraub se agravou depois de ato de domingo

Situação de Abraham Weintraub se agravou depois de ato de domingo


/MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL/JC
O presidente Jair Bolsonaro anunciou a demissão de Abraham Weintraub do Ministério da Educação nesta quinta-feira. Weintraub cai após um longo desgaste político com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), agravado com o episódio do domingo passado em que compareceu a um protesto em Brasília de apoiadores do governo.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou a demissão de Abraham Weintraub do Ministério da Educação nesta quinta-feira. Weintraub cai após um longo desgaste político com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), agravado com o episódio do domingo passado em que compareceu a um protesto em Brasília de apoiadores do governo.
No encontro com manifestantes, sem citar ministros do STF, Weintraub voltou a usar a palavra "vagabundos", em uma referência a afirmação dele na reunião ministerial de 22 de abril, em que disse: "Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF".
As declarações provocaram uma reação do Supremo, que nos bastidores cobrava a demissão do ministro. Sua permanência ficou insustentável e a saída passou a ser defendida pelo entorno de Bolsonaro, que sofria pressão dos filhos para mantê-lo no MEC.
Na segunda-feira, em entrevista à Band News pouco depois de uma reunião com Weintraub, Bolsonaro afirmou que seu aliado não foi "muito prudente" nem deu "um bom recado" ao ter participado da manifestação em Brasília no dia anterior.
Weintraub é alvo do inquérito das fake news, que tramita no Supremo, e também de uma investigação no tribunal por racismo por ter publicado um comentário sobre a China.
Na primeira investigação, ele teve negado nesta quarta-feira, por 9 votos a 1, um pedido de habeas corpus ao STF para ser excluído do caso.
Sua queda é mais um capítulo da crise envolvendo o governo e o STF. Desde o mês passado, a cúpula militar e uma governo considerada técnica vinham tentando convencer Bolsonaro de que a saída de Weintraub era necessária para arrefecer o clima beligerante entre os Poderes, incluindo o Congresso Nacional.
Na semana passada, Weintraub amargou uma derrota política após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), devolver medida provisória que dava poderes para ministro da Educação nomear reitores de universidades federais temporariamente durante a pandemia.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-AP), virou um desafeto de Weintraub, chegando-se a chamá-lo de "desqualificado".
Abraham Weintraub o sétimo ministro a deixar o governo. Ele estava no cargo desde 8 de abril do ano passado.
Nos últimos dois meses, saíram dois ministros da Saúde (Henrique Mandetta e Nelson Teich) e Sergio Moro, que pediu demissão da Justiça.
A demissão dele representa a segunda troca no MEC em menos de 1 ano e meio de governo. Ele havia substituído Ricardo Vélez, que durou poucos meses no governo.
A gestão de Weintraub à frente do MEC ficou marcada pelo anúncio de projetos que não andaram, derrotas no Congresso, ausência de diálogo com redes de ensino e falta de liderança nos rumos das políticas públicas da área.
O mais marcante, entretanto, foi a postura agressiva e de alto teor ideológico de Weintraub. O tom, que sempre agradou ao presidente, acabou provocando sua saída.

Oficializada indicação de ex-ministro ao Banco Mundial

O governo brasileiro oficializou a indicação de Abraham Weintraub para diretor-executivo do Banco Mundial, informou o Ministério da Economia. Em nota, a pasta comunicou que o ministro da Educação demissionário foi indicado para a cadeira na diretoria liderada pelo Brasil que representa Colômbia, Equador, Trinidad e Tobago, Filipinas, Suriname, Haiti, República Dominicana e Panamá.
Enquanto políticos e integrantes do próprio Banco Mundial questionam a escolha do ministro para o cargo, a nota da Economia tenta destacar a experiência profissional de Weintraub.
"Com mais de 20 anos de atuação como executivo no mercado financeiro, Weintraub foi economista-chefe e diretor do Banco Votorantim, além de CEO da Votorantim Corretora no Brasil e da Votorantim Securities no Estados Unidos e na Inglaterra", afirma o texto.
Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizou a indicação. "Não sabem que ele (Weintraub) trabalhou no Banco Votorantim, que quebrou em 2009. Ele era um dos economistas do banco", questionou Maia.
A nota da Economia lembra ainda que Weintraub foi sócio da gestora de fundos Quest Investimentos, integrou o Comitê de Trading da BM&FBovespa e o Comitê de Macroeconomia da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), além de ser professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Foi um dos responsáveis pela elaboração do plano de governo de campanha do presidente Jair Bolsonaro em 2018", completa.