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justiça

- Publicada em 19 de Junho de 2020 às 03:00

Queiroz é preso na casa de advogado de Bolsonaro

Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro foi conduzido por agentes da PF em São Paulo

Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro foi conduzido por agentes da PF em São Paulo


NELSON ALMEIDA / AFP/JC
O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro e amigo do presidente Jair Bolsonaro, foi preso na manhã desta quinta-feira em Atibaia, no interior de São Paulo. O mandado de prisão foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro - ele não era considerado foragido.
O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro e amigo do presidente Jair Bolsonaro, foi preso na manhã desta quinta-feira em Atibaia, no interior de São Paulo. O mandado de prisão foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro - ele não era considerado foragido.
Queiroz estava em um imóvel do advogado Frederick Wassef, responsável pelas defesas de Flávio e do presidente. Wassef é figura constante no Alvorada, residência oficial da presidência, e em eventos no Planalto. A Operação Anjo é coordenada pelo Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro, que indicou o paradeiro de Queiroz aos policiais de São Paulo. O ex-assessor de Flávio foi transferido para o Rio de Janeiro na manhã de quinta-feira.
Ainda não houve denúncia, e a suspeita é de interferência de Queiroz nas investigações, por isso a prisão preventiva. A mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, que foi assessora do hoje senador, também teve a prisão decretada - ela não foi encontrada em seu endereço e é considerada foragida.
Queiroz é investigado por participação em suposto esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. "Rachadinha" é quando funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários. O filho de Bolsonaro foi deputado estadual de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019.
A operação que prendeu Queiroz em SP foi comandada pelo delegado Nico Gonçalves, chefe do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope) da Polícia Civil. Segundo ele disse à GloboNews, Queiroz estaria na casa do advogado há cerca de um ano.
O Dope foi criado pelo governador João Doria (PSDB-SP) em agosto do ano passado para coordenar ações em casos sensíveis, como extorsão mediante sequestro, agrupando policiais de diversas delegacias especializadas. Policiais civis e promotores também fizeram busca e apreensão em outros endereços no Rio. Um deles foi uma casa em Bento Ribeiro, que pertence a uma assessora de Flávio no Senado, Alessandra Esteves Martins.
Além de Queiroz, sua mulher e Alessandra, foram alvos da operação o servidor da Assembleia Matheus Azeredo Coutinho, a ex-funcionária Luiza Paes Souza e o advogado Luis Gustavo Botto Maia, também suspeitos de terem participado do esquema da "rachadinha".
Contra eles, o MP obteve na Justiça a decretação de medidas cautelares que incluem busca e apreensão, afastamento da função pública, comparecimento mensal em juízo e proibição de contato com testemunhas.
Flávio é investigado desde janeiro de 2018 sob a suspeita de recolher parte do salário de seus subordinados. Os crimes em apuração são peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.
A apuração relacionada ao senador começou após relatório do antigo Coaf, hoje ligado ao Banco Central, indicar movimentação financeira atípica de Fabrício Queiroz. Além do volume movimentado, de R$ 1,2 milhão em um ano, chamou a atenção a forma com que as operações se davam: depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas do pagamento de servidores da Assembleia.
Queiroz afirmou que recebia parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete. Ele diz que usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem conhecimento do então deputado estadual.
O presidente Bolsonaro afirmou a aliados que o Judiciário tem tentado construir um clima político com o objetivo de tirá-lo do cargo. Segundo relatos de assessores palacianos, o presidente considerou que não foi uma coincidência o fato de, na mesma semana, terem sido feitas operações de busca e apreensão contra aliados no âmbito do inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal sobre atos antidemocráticos.

MP diz que acusado pagou mensalidade de filhas de Flávio

O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, preso nesta quinta-feira, pagou com dinheiro vivo uma mensalidade das filhas do senador Flávio Bolsonaro, de quem era assessor. O pagamento é uma das bases do pedido de prisão preventiva solicitado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, autorizado pelo juiz Flávio Itabaiana.
Os investigadores identificaram que Queiroz realizou pagamento em espécie na caixa de um banco no mesmo horário, data e valor em que o boleto da escola das filhas do senador foi quitado. A informação foi divulgada pelo site do El País e confirmado pela reportagem.
O pagamento ocorreu em outubro de 2018, um mês antes de Queiroz ser demitido. Os promotores do Grupo de Atuação Especializada do Combate à Corrupção obtiveram imagens do momento em que o ex-assessor quitava os boletos. Os investigadores afirmam que o dinheiro usado nessa e em outras transações é fruto da "rachadinha" investigada no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa.