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Política

- Publicada em 12 de Junho de 2020 às 03:00

Presidente Bolsonaro recria Ministério das Comunicações

Deputado federal pelo PSD, Fábio Faria é genro de Silvio Santos, do SBT

Deputado federal pelo PSD, Fábio Faria é genro de Silvio Santos, do SBT


/LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/JC
A nomeação do deputado Fábio Faria (PSD-RN) para o Ministério das Comunicações, recriado sob medida para o parlamentar, foi lida por aliados do presidente e por parlamentares como um gesto de Jair Bolsonaro para reorganizar sua política de comunicação, diminuir a influência de militares na área e acenar para setores do Legislativo.

A nomeação do deputado Fábio Faria (PSD-RN) para o Ministério das Comunicações, recriado sob medida para o parlamentar, foi lida por aliados do presidente e por parlamentares como um gesto de Jair Bolsonaro para reorganizar sua política de comunicação, diminuir a influência de militares na área e acenar para setores do Legislativo.

Num primeiro momento, no entanto, o movimento não foi bem recebido por uma ala do chamado centrão. Integrantes de algumas das siglas que compõem o grupo, como PP, PL e REP, relataram a pessoas próximas desconforto com o fato de o presidente ter dado um cargo no primeiro escalão do governo a um deputado do PSD. Faria também é genro de Silvio Santos, dono do SBT.

Apesar de Bolsonaro e expoentes do PSD assegurarem que Faria foi indicação pessoal do presidente, e não partidária, dirigentes de partidos do centrão avaliam que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, estava sim ciente da movimentação e foi contemplado com a nomeação do deputado. Kassab foi ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações no governo Michel Temer (MDB) e mantém interesses no setor.

Com o movimento, Bolsonaro ainda tirou o Secretaria de Comunicação do guarda-chuva dos militares - a Secom era subordinada à Secretaria de Governo, comandada pelo general Luiz Eduardo Ramos.

A secretaria, comandada por Fabio Wajngarten, foi incorporada ao Ministério das Comunicações. Wajngarten foi nomeado secretário-executivo, por ora, mas deverá depois cuidar apenas da comunicação.

Pessoas próximas ao secretário avaliam que ele estava perdendo gerência sobre sua área para os fardados, que queriam imprimir ritmo e políticas próprias para a comunicação.

Além de tirar oficialmente a estrutura da Secom dos militares, outra mudança deve representar a perda de poder dos integrantes das Forças Armadas na área. A expectativa é que o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o general Luiz Carlos Pereira Gomes, seja substituído. A EBC acaba de ser incorporada ao ministério.

Segundo caciques do centrão, o desconforto com a escolha de Faria não resultará em abalo forte com o governo -até porque eles também foram contemplados com cargos- e sobretudo pelo perfil agregador de Faria.

Ao dar o ministério a Faria, por exemplo, Bolsonaro agradou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), amigo do deputado, e o grupo ligado ao comandante da casa. Para parlamentares, a nomeação de Faria foi um dos gestos mais robustos de Bolsonaro para a classe política até aqui.

A avaliação é a de que o presidente precisou agir de modo mais agressivo para mais uma vez garantir apoios num momento em que enfrenta protestos nas ruas, é alvo de ações que pedem a cassação de sua chapa no Tribunal Superior Eleitoral e vê o inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal atingir seus aliados.

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