Deputados tentam crédito para apoiar a área cultural

Em busca de soluções para a classe artística durante a pandemia de coronavírus, o presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo (PP), coordenou na manhã de ontem uma reunião virtual com a secretária estadual de Cultura, Beatriz Araújo; o diretor comercial de Distribuição e Varejo do Banrisul, Fernando Postal; além de deputados estaduais e representantes da classe artística. Entre as propostas estudadas, estão a abertura de uma linha de crédito no Banrisul destinada aos artistas e produtores culturais.

A classe artística é uma das mais atingidas pelo isolamento causado pelo coronavírus no Rio Grande do Sul, por conta do cancelamento de eventos, shows e espetáculos. Por isso, o deputado Luiz Marenco (PDT) - que preside a Comissão Especial da Cadeia Produtiva da Música - chegou a enviar um ofício a Postal, solicitando uma linha de crédito aos trabalhadores da cultura.

Apesar de ser um dos primeiros parlamentares a se preocupar com o setor, Marenco - que também é compositor e cantor nativista - não participou da reunião virtual desta terça, por problemas na conexão em sua casa, no município de Santana da Boa Vista. Através de sua assessoria, Marenco afirmou que "é importante entendermos que a economia criativa, onde se insere a cultura, gera mais de 130 mil empregos formais e registra aproximadamente 48 mil microempreendedores individuais no Estado".

E prosseguiu: "Estamos falando de milhares profissionais e famílias que estão sem nenhuma renda no momento. Precisam de um socorro imediato. Para salvaguardar estes empregos e subsistência dos artistas e de todos os trabalhadores do setor, entendo como imprescindível que o Banrisul disponibilize uma linha de financiamento específica para a cadeira produtiva da cultura e da música com juros baixos e um prazo estendido para pagamento".

Na reunião virtual, a ideia também foi defendida por Elton Weber (PSB), que sugeriu uma linha de crédito com prazo de três anos para pagar e com juros na faixa da taxa Selic (4,25% ao ano, atualmente).

A secretária Beatriz Araújo adiantou que "não será possível atender a todos com uma única ação". Mas se comprometeu a centralizar as sugestões para os trabalhadores da cultura e manter contato com o Banrisul. Ela informou as medidas que a pasta tem tomado desde o início da crise gerada pelo cancelamento de eventos. Por exemplo, a flexibilização da realização de 192 projetos beneficiados com R$ 30 milhões de um edital.

Postal informou que o banco está atento às dificuldades de todas as categorias, buscando alternativas como a repactuação de dívidas. Segundo ele, artistas que já têm conta corrente já podem fazer contato com os canais de atendimento. "Vamos levar as propostas apresentadas aqui para a reunião da diretoria", completou.

Além da linha de crédito, outras propostas surgiram durante a reunião virtual. Ao citar o exemplo de cantores sertanejos com projeção nacional que realizaram shows ao vivo de suas casas (lives), Polo apresentou a ideia da realização de lives com patrocínio e pagamento de cachês, que poderiam agregar a arrecadação por meio do Banco de Alimentos.

Os representantes da classe artística avaliaram as sugestões e apresentaram outras propostas. O músico e compositor João Luiz Corrêa avaliou que a ideia das lives é boa. Relatou sobre iniciativa da Confraria da Música, que já arrecadou R$ 150 mil para a compra de cestas básicas - o que poderia ser feito nas lives. O cantor César Oliveira, adido cultural da música gaúcha, ponderou que as lives podem ter uma abrangência restrita, e que o ideal seria o lançamento de editais de apoio a iniciativas culturais e verba direcionada para formulação de novos projetos.