Depois de compartilhar pelo WhatsApp vídeos em defesa da manifestação bolsonarista marcada para o dia 15 de março, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) convocou abertamente a população, neste sábado (7), para participar dos protestos. Ele se declarou vítima de traidores em seu governo. "Já levei facada no pescoço dentro do meu gabinete", afirmou.
O presidente fez o apelo à plateia que assistia ao seu discurso em Boa Vista (RR), antes de embarcar para os Estados Unidos, onde se encontraria com o presidente americano, Donald Trump. Bolsonaro disse que os atos marcados para a próxima semana são "espontâneos", "bem-vindos" e "pró-Brasil". Apesar de os apoiadores do presidente convocarem o protesto em meio a ataques a parlamentares e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro afirmou que o ato não será "contrário ao Congresso Nacional ou ao Judiciário". Ele acrescentou: "Quem diz que os protestos do dia 15 são contra a democracia está mentindo".
O discurso de Bolsonaro deste sábado foi gravado e compartilhado pelos perfis no Twitter do presidente e do deputado federal e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Horas antes, milhares de perfis bolsonaristas do Twitter começaram a divulgar a hashtag #EuQueroMaiaNaCadeia, que foi compartilhada cerca de 60 mil vezes.
Na sexta-feira (6), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), havia afirmado que "o entorno do governo tem uma estrutura para viralizar o ódio" por meio de fake news. Disse, ainda, que "o governo gera insegurança grande para a sociedade e os investidores".
Nos bastidores, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, manifestaram a aliados descontentamento e indignação com o gesto de Bolsonaro.
Ao tomar conhecimento da fala de Bolsonaro, Alcolumbre conversou com Toffoli. Combinaram que, se houver uma manifestação, será conjunta, do Legislativo e do Judiciário, e mais dura que as anteriores.