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conjuntura política

- Publicada em 27 de Fevereiro de 2020 às 03:00

'Tentativa de tumultuar a República', diz Bolsonaro

Jair Bolsonaro negou promover incitação contra o Congresso Nacional

Jair Bolsonaro negou promover incitação contra o Congresso Nacional


/ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL/JC
O presidente Jair Bolsonaro chamou de "tentativas rasteiras de tumultuar a República" as interpretações sobre ele ter compartilhado um vídeo em apoio a atos contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) marcados para ocorrer em 15 de março.
O presidente Jair Bolsonaro chamou de "tentativas rasteiras de tumultuar a República" as interpretações sobre ele ter compartilhado um vídeo em apoio a atos contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) marcados para ocorrer em 15 de março.
Ele escreveu em rede social e não negou ter enviado a amigos por WhatsApp um vídeo que convoca a população a ir às ruas. Afirmou usar esse aplicativo para trocar mensagens de "cunho pessoal". "Tenho 35 milhões de seguidores em minhas mídias sociais (Facebook, Instagram, YouTube e Twitter), onde mantenho uma intensa agenda de notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. Já no WhatsApp tenho algumas poucas dezenas de amigos, onde, de forma reservada, trocamos mensagens de cunho pessoal", afirmou Bolsonaro.
"Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República", completou o presidente em publicação nas redes sociais nesta quarta-feira (26). Na mensagem, a primeira manifestação de Bolsonaro sobre o caso, não há qualquer menção ao conteúdo do vídeo. A publicação nas redes sociais foi feita horas antes de o presidente embarcar do Guarujá, no litoral de São Paulo, onde passou o feriado de Carnaval, para Brasília.
A manifestação ocorre também depois de reações de repúdio a Bolsonaro de representantes de outros Poderes, da sociedade civil e de ex-presidentes da República.
O decano do STF, ministro Celso de Mello, afirmou que a conclamação de Bolsonaro para os atos, "se confirmada", revela "a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de Poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!".
Em texto enviado ao jornal Folha de S.Paulo por escrito, Celso de Mello afirma ainda: "O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República".
As manifestações incentivadas pelo presidente são uma reação à fala do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que chamou o Congresso de "chantagista" na semana passada. Bolsonaro enviou a amigos vídeos que convocam a população a ir às ruas para defendê-lo.
A informação foi confirmada à reportagem pelo ex-deputado federal Alberto Fraga, amigo do presidente. Outro vídeo, diferente do recebido por Fraga, mas exaltando a manifestação do dia 15, também foi compartilhado por Bolsonaro, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo.
 

FHC, Lula, Ciro e OAB reagem contra apoio de Jair Bolsonaro a ato anti-Congresso

Líderes políticos como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) manifestaram repúdio na noite desta terça-feira (25) à iniciativa do presidente Jair Bolsonaro de compartilhar vídeos que convocam manifestações para o próximo dia 15 a seu favor e contra o Congresso.
A manifestação é uma reação à fala do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que chamou o Congresso de "chantagista" na semana passada.
Bolsonaro encaminhou a amigos um vídeo que convoca a população a ir às ruas para defendê-lo.
A informação foi confirmada à reportagem pelo ex-deputado federal Alberto Fraga, amigo do presidente. Outro vídeo, diferente do recebido por Fraga, mas exaltando a manifestação do dia 15, também foi compartilhado por Bolsonaro, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo.
Em publicação em rede social nesta terça-feira, Lula chamou o episódio envolvendo Bolsonaro de "mais um gesto autoritário de quem agride a liberdade e os direitos todos os dias". "É urgente que o Congresso Nacional, as instituições e a sociedade se posicionem diante de mais esse ataque para defender a democracia."
Fernando Henrique Cardoso, também em rede social, disse: "A ser verdade, como parece, que o próprio Pr tuitou (na verdade, enviou a amigos por WhatsApp) convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto se tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo".
O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT), candidato à presidência na eleição de 2018, também cobrou reação dos presidentes da Câmara e do Senado. "É criminoso excitar a população com mentiras contra as instituições democráticas."
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também falou por meio de rede social: "Devemos repudiar com veemência qualquer ato que desrespeite as instituições e os pilares democráticos do País. Lamentável o apoio do presidente Jair Bolsonaro a uma manifestação contra o Congresso Nacional".
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição, informou que está propondo aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e a outros líderes que se reúnam para discutir ações diante da participação de Bolsonaro na convocação para as manifestações.
"Temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste País têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora, ou não teremos mais nada para defender em breve. Ao não encontrar soluções para o País, ao se sentir sozinho, isolado e frágil, Bolsonaro apela ao que todos temíamos: a um ato autoritário contra a própria democracia. Não dá mais", disse Molon, em nota.
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), falou em "impedir a escalada golpista".
 

Regina Duarte usa rede social para apoiar ato do dia 15 de março

A atriz Regina Duarte, escolhida pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Secretaria Especial da Cultura, fez publicações nas redes sociais em apoio a ato contra o Congresso marcado para o dia 15 do mês que vem. Uma das mensagens divulgadas na terça-feira (25) diz: "15 de março. Gen Heleno/Cap Bolsonaro. O Brasil é nosso, não dos políticos de sempre".
Em uma segunda postagem, a atriz reproduz, sem citar a origem, trecho de texto do jornal O Estado de S. Paulo, que revelou que Bolsonaro estava publicando um vídeo "em tom dramático" pedindo que as pessoas saíam às ruas. "O presidente Jair Bolsonaro está disparando de seu celular pessoal um vídeo em tom dramático que mostra a facada que sofreu em 2018 em Juiz de Fora para dizer que ele 'quase morreu' para defender o País e agora precisa que as pessoas vão às ruas no dia 15 de março para defendê-lo. O ato do dia 15 está sendo convocado por movimentos de direita em defesa do governo e contra o Congresso Nacional", diz a publicação.