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Política

- Publicada em 31 de Janeiro de 2020 às 14:47

Recenseadores contestam números do censo de moradores de rua em São Paulo divulgado por Covas

Segundo a gestão municipal, a população de rua na cidade chegou a 24.344 pessoas

Segundo a gestão municipal, a população de rua na cidade chegou a 24.344 pessoas


Rovena Rosa/Agência Brasil/JC
A entrevista coletiva do prefeito Bruno Covas (PSDB), na manhã desta sexta-feira (31), para mostrar o resultado do censo da população em situação de rua em São Paulo, foi interrompida por recenseadores que participaram da contagem, mas contestam os números finais divulgados.
A entrevista coletiva do prefeito Bruno Covas (PSDB), na manhã desta sexta-feira (31), para mostrar o resultado do censo da população em situação de rua em São Paulo, foi interrompida por recenseadores que participaram da contagem, mas contestam os números finais divulgados.
Segundo a gestão municipal, a população de rua na cidade chegou a 24.344 pessoas em 2019 - um salto de 60% em quatro anos. Em 2015, os moradores nesta situação somavam 15,9 mil.
Mas, para o Movimento Pop Rua, o desafio é ainda maior. "Estão divulgando uma mentira. São mais de 32 mil pessoas em situação de rua em SP", calcula Anderson Miranda, que diz ter acompanhado o trabalho da empresa que elaborou o censo,como recenseador. "Esvaziaram o Minhocão e a cracolândia três horas antes de contar. A metrologia de exclusão foi a mesma, a única novidade foi o uso do Tablet."
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O grupo também se opõe ao conceito de que pessoas vivendo em palafitas e barracos de madeira embaixo de viadutos não sejam consideradas pela pesquisa como moradores de rua --o que explicaria, em parte, a diferença.
Covas afirmou que antecipou a realização do censo, que seria feito ao longo de 2020. A contagem dos moradores em todas as regiões da cidade durou nove dias. "A sensibilidade de todo mundo é de que há mais pessoas nas ruas, mas não se pode fazer política pública com base no sentimento das pessoas, a gente precisava de dados", disse o prefeito.
A gestão municipal também vai mudar a forma de abordagem nas calçadas e os assistentes sociais passarão a receber de acordo com os resultados. Até então, era pago um valor único de R$ 356 por cada abordagem. Agora, a abordagem simples valerá R$ 200, mas, caso haja sucesso - encaminhamento para vaga em abrigo - será pago mais R$ 500.
Hoje, a cidade vive uma contradição emblemática: embora não tenha vagas suficiente para todos os moradores de rua da capital nos centros de acolhimento, sobram ao menos 5.507 vagas nos albergues. Isso quer dizer que são 17.200 lugares disponibilizados pela Prefeitura para os quase 25 mil moradores de rua, mas, dessas, 12.651 preferem dormir ao relento.
A secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Berenice Giannella, arrisca uma explicação: "A população não é homogênea. Tem gente na rua há pouco tempo, seis meses, um ano, que tende a ser mais fácil de acolher. E outras pessoas que estão aí há 10 anos, que fazem uso de drogas,não querem ir (para os abrigos)", afirmou.
Para Covas, "não adianta gastar com acolhimento se não tem resultado, que é a reinserção completa das pessoas, com moradia, trabalho", afirma o prefeito. "Não dá para gastar os milhões que gastamos hoje e ver aumentar o número de pessoas nas ruas." Mesmo com vagas ociosas, os moradores de rua costumam reclamar do tratamento nos centros de acolhida.
O Movimento Pop Rua critica a medida."Vai botar morador de rua à força nos albergues, para enriquecer bolsos", diz Robson Mendonça. "Nos abrigos têm horários rígidos, se chegar atrasado perde a vaga, a qualidade da alimentação é péssima, a roupa não é trocada. As pessoas se negam a ir ao equipamento da prefeitura porque é pior do que dormir na calçada."
Para tentar driblar as falhas, a gestão Covas diz que vai humanizar o processo e investir R$ 10,5 milhões de verba recebida do governo federal na contratação de mais funcionários. A prefeitura afirma que irá investir R$ 60 milhões em locação social, programa que deve requalificar prédios da região central e entregar os apartamentos para as pessoas em situação de rua por um aluguel simbólico. Também pretende criar 1.000 novas vagas de trabalho entre zeladoria de parques e praças, jardinagem e auxílio em obras, com bolsas entre R$ 698 a R$ 1.047.
Covas deve regulamentar ainda um artigo da lei 17. 252, que estabelece a Política Municipal da População em Situação de Rua, para determinar um percentual mínimo de empregos para moradores de rua por empresas contratadas pelo governo municipal.
O levantamento oficial mostra a relação entre o salto no número de moradores de rua e a alta na taxa de desemprego - que era de 13,2% na cidade em 2015 e agora chega a 16,6%. Do total de moradores, 69,3% são pretos ou pardos e 28% são brancos. Há ainda indígenas (1,7%) e pessoas de cor amarela (0,9%). A maior parte dos que estão nas ruas tem entre 31 e 49 anos (46,6%). E 3,9% são crianças.
Eles relatam os motivos que os levaram às calçadas: conflitos familiares, falecimento de parentes, perda de trabalho, drogas e problemas de saúde (como depressão). Parte é egressa do sistema prisional.
É o centro da cidade o mais afetado, já que 45% das pessoas estão nas ruas da região da Sé e 19% na Mooca. Os bairros periféricos, como Parelheiros, Sapopemba e Perus, registraram menor concentração (0,07%). Metade das pessoas entrevistadas diz que não costuma ir para outros bairros.
Folhapress
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