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lava jato

- Publicada em 22 de Janeiro de 2020 às 03:00

MPF denuncia Glenn por hackear autoridades

Glenn Greenwald não chegou a ser investigado pela PF

Glenn Greenwald não chegou a ser investigado pela PF


EVARISTO SA/AFP/JC
O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília denunciou, nesta terça-feira, sete pessoas sob acusação de envolvimento no hackeamento de contas de Telegram de autoridades como o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba. Entre os denunciados está o jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, que recebeu os diálogos da Lava Jato e os publicou em uma série de reportagens, algumas em parceria com outros veículos.
O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília denunciou, nesta terça-feira, sete pessoas sob acusação de envolvimento no hackeamento de contas de Telegram de autoridades como o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba. Entre os denunciados está o jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, que recebeu os diálogos da Lava Jato e os publicou em uma série de reportagens, algumas em parceria com outros veículos.
Greenwald não foi investigado nem indiciado pela Polícia Federal (PF), mas o procurador Wellington Oliveira entendeu que ficou demonstrado, em um áudio encontrado em um computador apreendido, que o jornalista orientou o grupo de hackers a apagar mensagens.
Isso, segundo o procurador, caracterizou "clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos".
De acordo com o Ministério Público, Greenwald não foi investigado pela PF em respeito a uma decisão cautelar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O Ministério Público informou que vai enviar cópia da denúncia à Procuradoria-Geral da República (PGR) para subsidiar eventual pedido de revogação da decisão que impede a realização de investigações sobre a atuação de Greenwald.
Os outros denunciados são Walter Delgatti Netto e Thiago Eliezer Martins Santos, que, segundo a acusação, atuavam como líderes do grupo; Danilo Cristiano Marques, suposto "testa de ferro" de Delgatti; Gustavo Henrique Elias Santos, que teria desenvolvido técnicas de invasão do Telegram; a mulher dele, Suelen Oliveira, acusada de agir como laranja; e Luiz Molição, que teria sido porta-voz do grupo nas conversas com Greenwald.
Os crimes imputados são os de organização criminosa, lavagem de dinheiro (exceto em relação a Greenwald) e interceptações telefônicas ilegais. Os advogados Rafael Borges e Rafael Fagundes, que representam Greenwald, emitiram uma nota sobre o caso. "Seu objetivo é depreciar o trabalho jornalístico de divulgação de mensagens realizado pela equipe do The Intercept Brasil em parceria com outros veículos da mídia nacional e estrangeira. Os advogados de Glenn Greenwald preparam a medida judicial cabível e pedirão que a Associação Brasileira de Imprensa, por sua importância e representatividade, cerre fileiras em defesa do jornalista agredido."
Em nota à Folha de S.Paulo, Greenwald afirmou que a denúncia "é uma tentativa óbvia de atacar a imprensa livre em retaliação pelas revelações que relatamos sobre o ministro Moro e o governo Bolsonaro". A reportagem ainda não obteve manifestações das defesas dos demais denunciados.

Procurador é o mesmo que denunciou o presidente da OAB

O procurador da República Wellington Divino Marques de Oliveira, que denunciou o jornalista Glenn Greenwald e outras seis pessoas sob acusação de hackear telefones de autoridades ligadas às investigações da Lava Jato, é o mesmo que denunciou o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, por calúnia contra o Ministro da Justiça, Sérgio Moro. A apuração é da Folha de S.Paulo.
Em julho, Santa Cruz disse, em entrevista à Folha de S.Paulo, que o ministro "banca o chefe da quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas". Na semana passada, a Justiça rejeitou a denúncia do MPF contra Santa Cruz.