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Política

- Publicada em 24 de Dezembro de 2019 às 03:00

Acusação a brigadistas se baseia em falas de ruralistas

A conclusão do inquérito da Polícia Civil do Pará que acusa brigadistas voluntários de terem causado incêndios em Alter do Chão (PA) foi feita a partir de depoimentos de pessoas ligadas a militares da reserva e a proprietários rurais da região.
A conclusão do inquérito da Polícia Civil do Pará que acusa brigadistas voluntários de terem causado incêndios em Alter do Chão (PA) foi feita a partir de depoimentos de pessoas ligadas a militares da reserva e a proprietários rurais da região.
Entre os depoentes estão dois caseiros de proprietários rurais das regiões incendiadas e quatro pessoas que declaram vínculo com a Associação de Reservistas de Santarém (Ares), de onde teria partido a suspeita contra os brigadistas, segundo os depoimentos. A apuração é do jornal Folha de S.Paulo.
A reportagem teve acesso ao relatório final do inquérito, que não apresenta provas. Os depoentes não são testemunhas oculares do crime investigado, mas relatam suspeitas, como o fato de os brigadistas identificarem os focos de incêndio de forma antecipada em relação a outras instituições e grupos de voluntários que estavam no local.
Dois depoentes contam terem sentido odor de gasolina no contato com brigadistas. Também se repetem entre os depoimentos os relatos de que eles teriam uma preocupação excessiva em registrar as ações com fotos e vídeos.
"O declarante e membros da Ares comentaram 'será que não foram esses caras que botaram fogo?', em razão de que não viam os brigadistas com drones e esses pareciam sempre saber onde estavam os focos de incêndio".
O trecho é do depoimento de Jean Carlos Leitão, que se identifica aos policiais como servidor público municipal e reservista membro da Ares. No entanto, ele também é presidente do Instituto Cidadão Pró Estado do Tapajós (ICPET), que busca criar um estado independente do Pará. O instituto tem como assessor parlamentar um inimigo famoso de ONGs ambientalistas e comunidades indígenas, Edward Luz. Conhecido como "antropólogo dos ruralistas", ele é contratado por proprietários rurais para produzir laudos contrários ao reconhecimento de terras indígenas.
Uma convocação para uma mobilização do ICPET foi feita por vídeo em uma página do Facebook chamada "Fora ONGs de Santarém". O vídeo é gravado com Coronel Tomaso, militar da reserva que Tomaso se tornou presidente municipal do partido Patriota, que negocia com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o aluguel da legenda para as eleições do ano que vem.
A maior parte dos depoimentos não conta com verificações básicas para confirmação das suspeitas. 
 
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