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eleições municipais

- Publicada em 03 de Dezembro de 2019 às 21:29

Em Porto Alegre, 21 partidos se preparam para pleito 2020

Expectativa é de que eleição municipal do ano que vem seja a maior em número de candidatos

Expectativa é de que eleição municipal do ano que vem seja a maior em número de candidatos


/Cesar Lopes/PMPA/jc
Daqui a exatos 10 meses, os eleitores de Porto Alegre vão às urnas para escolher quem comandará a Capital entre 2021 e 2024. O cenário político indica que 21 partidos têm disposição de apresentar nomes à prefeitura para a disputa eleitoral de outubro do ano que vem. Caso a expectativa se confirme, apesar das negociações ainda em curso, essa seria a eleição com o maior número de candidatos da história da cidade.
Daqui a exatos 10 meses, os eleitores de Porto Alegre vão às urnas para escolher quem comandará a Capital entre 2021 e 2024. O cenário político indica que 21 partidos têm disposição de apresentar nomes à prefeitura para a disputa eleitoral de outubro do ano que vem. Caso a expectativa se confirme, apesar das negociações ainda em curso, essa seria a eleição com o maior número de candidatos da história da cidade.
Desde 1985, com a redemocratização, os porto-alegrenses puderam novamente escolher pelo voto direto o prefeito da Capital. De lá para cá, a eleição com número recorde de candidaturas foi a de 1996, com 12 concorrentes. O pleito de 2000 teve 11 concorrentes e o de 1992, 10. Em 1985, 1988, 2004, 2008, 2012 e 2016, o número de candidatos não passou de nove.
Há algumas circunstâncias que influenciam a pulverização de candidaturas em 2020. Um dos elementos diz respeito à política nacional, que, na eleição de 2018, fez uma transição entre um projeto mais alinhado à esquerda - com a chapa PT-MDB, eleita em 2014 - e uma candidatura dedireita, com a vitória de Jair Bolsonaro (então, PSL). Muitos partidos veem na instabilidade política uma oportunidade de crescimento - cinco novas siglas, por exemplo, surgiram desde os protestos de junho de 2013.
Contudo, o que mais contribui para uma possível elevação no número de candidaturas é uma alteração na regra eleitoral: 2020 será o primeiro ano em que ficarão vedadas as coligações nas proporcionais. Os candidatos a vereador não poderão construir alianças, pois o voto para conquistar cadeiras nas câmaras municipais será direcionado exclusivamente ao partido e ao candidato.
Diversos líderes partidários relataram ao Jornal do Comércio mudanças na estratégia. Partidos de menor expressão costumavam negociar apoios aos candidatos à prefeitura em troca de aliança nas candidaturas à Câmara; agora, a tática poderá ser lançar um nome à prefeitura para puxar votos para construir uma bancada no Legislativo.
Isso se soma ao endurecimento da cláusula de barreira - uma margem que os partidos precisam alcançar em eleições para continuar recebendo uma fatia do fundo partidário, que é a base de sustentação de várias siglas. Assim, existe a necessidade para certas legendas de fazer votações no ano que vem.
Essas alterações nas regras eleitorais, inclusive, já geraram resultados claros: neste ano, o Brasil reduziu o número de partidos de 35 para 32 - o PPL se incorporou ao PCdoB; o PRP, ao Patriota; e o PHS, ao Podemos.
O cientista político Paulo Sérgio Peres avalia que as siglas terão que buscar caminhos para a sobrevivência. Segundo ele, "sem as coligações, tira-se essa jogada estratégica que os pequenos tinham para pegar carona com os partidos médios e grandes para serem eleitos". E lembra: "Partidos pequenos, se lançassem candidatos sozinhos, não conseguiriam fazer o coeficiente eleitoral da distribuição de cadeiras". Essas legendas de menor expressão terão que "combinar duas lógicas diferentes de competição, e a candidatura para o cargo Executivo ajuda a eleger uma bancada", conclui.
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Número de candidatos na corrida ao Paço Municipal desde a redemocratização
  • 1985 - 5 candidatos
  • 1988 - 7 candidatos
  • 1992 - 10 candidatos
  • 1996 - 12 candidatos
  • 2000 - 11 candidatos
  • 2004 - 9 candidatos
  • 2008 - 8 candidatos
  • 2012 - 7 candidatos
  • 2016 - 9 candidatos

Partidos do campo de esquerda tentam articular unidade de forças

Os partidos alinhados à esquerda e à centro-esquerda traçam estratégias para fazer frente à derrota nacional em 2018. Ainda que o objetivo seja viabilizar uma frente ampla e única para barrar a política liberal-conservadora do presidente Jair Bolsonaro e marcar posição contra o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), vários nomes já orbitam no cenário eleitoral de 2020.
O PT, que governou a Capital entre 1989 e 2004, tem evitado definir nomes. Acusado por parte do seu próprio campo de ser hegemonista, pode ver siglas como PSOL e PDT abandonando as negociações por uma frente ampla caso pressione por um nome na chapa.
A presidente municipal do PT, Maria Celeste, considera impossível indicar um nome agora para não prejudicar o "diálogo com partidos progressistas da cidade". Mas, no PT, há três nomes que se destacam: os deputados federais Maria do Rosário - a mais mencionada - e Henrique Fontana, e o ex-vice-governador Miguel Rossetto. Há um certo consenso no partido em apoiar o nome de Manuela d'Ávila (PCdoB) caso seu vice seja um petista.
Manuela se reuniu com o PSOL e o PT, separadamente, já em uma postura de pré-candidata. A ex-vice na chapa presidencial de Fernando Haddad (PT), em 2018, é vista com bons olhos pela maioria dos partidos do campo de esquerda, mas o PCdoB diz que "não está preocupado com nomes. A preocupação é com a unidade de centro-esquerda. Uma convergência de programa, de unidade, e de resistência ao desmonte do País pelo Bolsonaro", declarou o presidente estadual do partido, Juliano Roso.
Juliana Brizola (PDT) é, até agora, quem mais explicitamente se coloca na disputa em Porto Alegre. Os pedetistas seguem uma orientação nacional de ter candidatura própria nas grandes cidades para alavancar o nome de Ciro Gomes para a eleição presidencial de 2022.
O diretório municipal do PSB decidiu por votação que o partido terá candidatura própria. O vereador e presidente municipal do partido, Airto Ferronato, acredita que "o tempo é de protagonismo", mas admite que "frente ampla é uma possibilidade". Ferronato colocou o seu nome à disposição para concorrer pelo PSB, que também pode lançar o ex-deputado Beto Albuquerque, com mais potencial de voto nas urnas.

Prévias com consulta à população podem ser alternativa para composição

Caso PCdoB, PDT, PSB, PSOL e PT não consigam chegar a um acordo para definir uma chapa ampla e única de esquerda para a disputa do Paço Municipal, uma hipótese em debate é que sejam organizadas prévias abertas.
A proposta ainda está sendo gestada, mas a ideia seria que cada partido lançasse um candidato, e os dois nomes mais votados pela população porto-alegrense formariam uma chapa a prefeito e a vice-prefeito.
Partiu do PSOL a sugestão da organização de prévias abertas para "permitir um canal de comunicação com um setor da sociedade", como colocou a presidente estadual, Camila Goulart. Em qualquer um dos cenários, a indicada do PSOL atualmente seria a deputada federal Fernanda Melchionna, que foi a vereadora mais votada da Capital em 2016, fazendo quase 15 mil votos na cidade.
As lideranças do PCB reconhecem que "qualquer tipo de candidatura sozinha é bastante dificultosa", como definiu Mari Rodrigues, que concorreu à Assembleia Legislativa em 2018. Ainda assim, para "garantir nossa independência, lançaremos nossa pré-candidatura" - que poderá vir na figura da própria Mari ou, mais provavelmente, com o ex-candidato ao Senado em 2018 Cléber Soares. A sigla participa das conversas com os partidos de esquerda e vê no PSOL seu principal aliado.
O PSTU também participará das eleições. Presidente estadual do partido, Julio Flores quer um programa para cidade inspirado "nas grandes mobilizações da América Latina" atual. Flores estará à disposição para a sua 12ª candidatura a cargos de Executivo.
O PV deve concorrer à prefeitura de Porto Alegre e, "uma vez confirmada a candidatura própria, a campanha não vai dialogar com lógica da política tradicional", disse o presidente estadual do partido Márcio Souza. Hoje, o pré-candidato do PV é Montserrat Martins, que concorreu ao Palácio Piratini em 2010.

Multiplicidade de candidaturas marca espectro ideológico de direita

Após expressiva vitória nas urnas em 2018, marcada pela conquista do Palácio do Planalto, os partidos de direita e centro-direita se preparam para 2020. A maior parte das siglas pretende lançar candidatura própria.
Eleito em 2016 com 60,5% dos votos válidos no 2º turno, o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) evita falar em reeleição e só deve assumir a candidatura em 2020. Sua gestão enfrentou dificuldades com o Legislativo - o prefeito só conseguiu aprovar seus principais projetos no terceiro ano de governo.
"É um fator que leva a pensar se será necessário ganhar a eleição. Tenho certeza que os vereadores que aprovaram essas reformas não gostariam de entregar a um grupo político que vai desfazer tudo", disse o tucano em uma palestra a empresários.
Marchezan foi eleito com o vice Gustavo Paim (PP), que deve, porém, ser seu adversário em 2020. O vice-prefeito é pré-candidato desde junho. PSDB e PP vivem uma guerra política, que resultou na ruptura dos partidos do vice e do prefeito.
O MDB chegou a ter cinco nomes cogitados ao Paço, mas as opções, hoje, são duas: Cezar Schirmer e Sebastião Melo. Esse último - que chegou ao 2º turno em 2016 contra Marchezan e foi eleito deputado estadual em 2018 - é o mais bem cotado no momento. Schirmer foi recentemente nomeado para um cargo no Ministério da Cidadania.
O presidente estadual do MDB, Alceu Moreira, no entanto, já avisou que "ocupar cargo público não é um impeditivo", e a tendência é que o MDB realize prévias internas para a definição.
O PTB, desde 2016 leal ao prefeito Marchezan nas votações na Câmara, pode acabar sendo outro adversário do tucano. O partido trabalha para o reforço da bancada no Legislativo e, para isso, pode lançar o deputado federal Maurício Dziedricki. O PTB, porém, não descarta uma nova aliança com Marchezan, mas "o cenário, hoje, é de candidatura própria, com foco na legenda" do Parlamento, disse o presidente municipal, Everton Braz.
O primeiro partido a colocar pré-candidatura ao Paço foi o DEM. Em abril, o deputado estadual e ex-vereador Thiago Duarte já falava em entrar na disputa. Crítico de Marchezan nos tempos de Câmara, diz que o DEM não abre mão de candidatura própria.

Restrição a coligações faz siglas menores apostarem em formar chapa majoritária

Com a restrição das novas regras eleitorais para a formação de coligações na disputa pela Câmara Municipal, partidos menores têm focado em formar chapa própria ao Paço para garantir visibilidade aos candidatos a vereador. Uma sigla que já sinalizou sua pré-candidatura foi o Cidadania
(ex-PPS), com a deputada estadual Any Ortiz. Porém, tanto a deputada quanto a direção nacional veem com simpatia uma aliança com o MDB.

Um dos cinco candidatos que colocou o nome à disposição do MDB foi Valter Nagelstein, mas um acerto é cada vez mais improvável. O vereador, que não pensa em desistir da disputa, pode viabilizar sua candidatura pelo PSD.
O PRB (hoje, Republicanos-REP), que sempre teve bom resultado com a coligação proporcional, quer manter ou aumentar a bancada - hoje, de dois membros. Para isso, pretende lançar a prefeito o secretário de Esporte e Lazer do Estado, João Derly, ou o deputado federal Carlos Gomes.
Presidente do PSL gaúcho, Nereu Crispim disse que, mesmo com a desfiliação de Jair Bolsonaro, a sigla continuará com a missão de se fortalecer no Estado, levando sua "ideologia de liberalismo econômico, redução do Estado e desburocratização". Na Capital, o nome é Ruy Irigaray, atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo.
Ao menos quatro deputados gaúchos devem migrar para a Aliança pelo Brasil, novo partido de Bolsonaro: Bibo Nunes e Ubiratan Sanderson, na esfera federal; e tenente-coronel Zucco e Vilmar Lourenço, na Assembleia. A sigla ainda precisa ser reconhecida pela Justiça Eleitoral para concorrer em 2020.
O Novo busca, através de processo seletivo, um nome de fora da política tradicional. Rodrigo da Luz, técnico em TI, é o único que passou na triagem. Mas a opção mais concreta é o vereador Felipe Camozzatto.
O Solidariedade (SD) pode lançar o ex-secretário municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação André Barbosa. O deputado estadual Rodrigo Maroni já se alçou ao Paço pelo Podemos. O PSC indica o líder comunitário Marco Della Nina. Avante e Rede também buscam chapa própria, mas não definiram um nome.