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- Publicada em 04 de Novembro de 2019 às 03:00

Ex-dirigente do PSL liga Bivar a esquema de laranjas

Presidente nacional da sigla, Luciano Bivar nega envolvimento no caso

Presidente nacional da sigla, Luciano Bivar nega envolvimento no caso


/MICHEL JESUS/CÂMARA DOS DEPUTADOS/JC
Uma dirigente do PSL em Pernambuco nas últimas eleições afirmou à Polícia Federal (PF) que o partido cometeu irregularidades na campanha de 2018 e que, em seu estado, mulheres da legenda só foram chamadas à disputa para cumprir a cota mínima obrigatória de 30% de candidatas. A apuração é da Folha de S.Paulo.
Uma dirigente do PSL em Pernambuco nas últimas eleições afirmou à Polícia Federal (PF) que o partido cometeu irregularidades na campanha de 2018 e que, em seu estado, mulheres da legenda só foram chamadas à disputa para cumprir a cota mínima obrigatória de 30% de candidatas. A apuração é da Folha de S.Paulo.
Em Pernambuco, o PSL é comandado pelo deputado Luciano Bivar, presidente nacional da legenda e em atrito com o presidente Jair Bolsonaro, eleito pela sigla. O depoimento à PF foi de Bete Oliveira, presidente do PSL Mulher de Pernambuco em 2018. Bete, cujo nome de batismo é Maria José, foi candidata derrotada à Câmara dos Deputados, com 2.529 votos.
Em dois depoimentos prestados em março e abril nas investigações sobre o esquema de candidaturas de laranjas do PSL em Pernambuco, a ex-dirigente afirma que, após a entrada de Bolsonaro no partido, no início de 2018, cresceu o número de candidaturas masculinas na sigla, o que levou o diretório a inscrever mais mulheres candidatas. A lei exige uma cota de gênero de 30%.
A ex-candidata contou à PF que sua candidatura teve início após pedido feito por um dirigente da legenda para completar a cota de mulheres. Mas ela diz que participou efetivamente da campanha.Bete disse ainda ter saído da presidência do PSL Mulher logo após as eleições, "em razão das irregularidades que estavam acontecendo".
Segundo disse aos policiais, "a criação do PSL Mulher e do PSL Jovem ocorreu exclusivamente para arranjar, cada um desses grupos, 20 mil votos para Luciano Bivar", tendo ela, como candidata a deputada federal, se tornado concorrente do dirigente. "Qualquer ameaça a Bivar era rechaçada e ignorada pelos dirigentes do partido."
O presidente do PSL recebeu 117.943 votos e foi o único candidato da legenda eleito em Pernambuco em 2018. Bete recebeu R$ 10 mil de verba pública do PSL para a candidatura e disse ter aplicado o dinheiro integralmente na campanha. Ela disse ter se sentido boicotada pelo partido. Procurada pela reportagem, não quis se pronunciar.
À PF, ela disse ter tomado conhecimento de que outras candidatas tinham recebido "valores muito superiores aos destinados à maioria das candidatas mulheres do estado". Trata-se de uma referência a duas pivôs do esquema: Maria de Lourdes Paixão, há décadas secretária de Bivar, e Érika Santos, ligada a ele e assessora de imprensa do partido.
A primeira recebeu R$ 400 mil de verba pública do PSL, a terceira maior do País, e teve 274 votos. A segunda recebeu R$ 250 mil e teve 1.315 votos. Bete Oliveira disse em depoimento que "os atos de campanha mínimos realizados pelas duas candidatas mencionadas não justificam o vultoso gasto aproximado de R$ 400 mil e R$ 250 mil, respectivamente, e que só tomou conhecimento desses valores após veiculação pela imprensa". A Folha de S.Paulo revelou ambos os casos em fevereiro deste ano, quatro meses após as eleições. Ainda no depoimento, a ex-candidata afirmou que só se filiou ao partido por causa de Bolsonaro, "mas que não sabia como era a forma de trabalhar da direção local do PSL".
Em fevereiro, Bivar afirmou à Folha de S.Paulo que, em sua visão, mulher não tem vocação para política. Ao ser questionado sobre as candidaturas de laranjas, ele negou qualquer ilegalidade e se disse contra a regra de cota de ao menos 30% de candidatos do sexo feminino. "(A política) não é muito da mulher. Eu não sou psicólogo, não. Mas eu sei isso", disse.
Além de Pernambuco, as reportagens motivaram investigações da PF e do Ministério Público em Minas Gerais, estado em que o PSL é comandado pelo hoje ministro do Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio. O político, que nega irregularidades, foi denunciado por falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.
Bivar e seu braço direito, Antônio Rueda, vice da sigla e comandante formal do partido em Pernambuco na eleição, não retornaram ao contato da reportagem. Em manifestações anteriores, Bivar sempre negou ter patrocinado esquema de laranjas em seu estado. À PF, Rueda negou a existência de candidaturas de laranjas.
 

Bolsonaro diz desconhecer fraude e cita internação

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse desconhecer irregularidades em candidaturas de mulheres em seu partido durante as eleições de 2018. "Durante a campanha toda eu estava no hospital ou em casa, em convalescença. Desconheço esse assunto aí", afirmou Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã deste sábado (2).
Alvo de uma facada durante ato de campanha em 6 de setembro de 2018, o presidente passou mais de 20 dias internado e permaneceu a maior parte do tempo em casa, em recuperação do atentado sofrido.
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou neste sábado (2) que uma dirigente do PSL em Pernambuco nas últimas eleições afirmou à Polícia Federal que o partido cometeu irregularidades durante a campanha de 2018 e que, em seu estado, mulheres da legenda só foram chamadas à disputa para cumprir a cota mínima obrigatória de 30% de candidatas.
Em dois depoimentos prestados em março e abril nas investigações sobre o esquema de candidaturas de laranjas do PSL em Pernambuco, a ex-dirigente Bete Oliveira afirma que, após a entrada de Bolsonaro no partido, no início de 2018, cresceu o número de candidaturas masculinas na sigla, o que levou o diretório do seu estado a inscrever mais mulheres candidatas. A lei exige uma cota mínima de gênero de 30%.
Questionado sobre seu futuro partidário, após criticar Bivar e o PSL, o presidente não respondeu. Indagado se uma possibilidade seria um partido militar, limitou-se a responder que é "aquela menina bonita sem namorado".
Bolsonaro deixou o Alvorada pela manhã acompanhado do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Eles foram juntos a uma concessionária a 14 quilômetros da residência oficial da presidência para buscar uma motocicleta comprada pelo presidente. O veículo adquirido por Bolsonaro é uma Honda NC 750 X. De acordo com informações do site da concessionária, a moto custa R$ 33.980,00.
Ao sair do Alvorada, o presidente disse que comprou a motocicleta com seu próprio cartão e que "não ganhou de presente de ninguém", arrancando aplausos de apoiadores.