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Partidos

- Publicada em 09 de Outubro de 2019 às 22:29

Após atrito, Bolsonaro tenta solução para deixar o PSL

Troca de acusações entre Bivar e Jair Bolsonaro precipitou situação

Troca de acusações entre Bivar e Jair Bolsonaro precipitou situação


EVARISTO SA/AFP/JC
O presidente Jair Bolsonaro diz estar decidido a deixar o PSL, mas busca uma saída jurídica para desembarcar do partido. O recado foi dado por ele a deputados e advogados em reunião na tarde desta quarta-feira no Palácio do Planalto.
O presidente Jair Bolsonaro diz estar decidido a deixar o PSL, mas busca uma saída jurídica para desembarcar do partido. O recado foi dado por ele a deputados e advogados em reunião na tarde desta quarta-feira no Palácio do Planalto.
O anúncio de mudança de partido, contudo, não deve ser feito imediatamente. A equipe jurídica que assessora o presidente trabalha agora na construção de uma saída para evitar que os deputados aliados que queiram migrar de legenda com Bolsonaro percam seus mandatos por infidelidade partidária.
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Na bancada do partido, alguns nomes dispostos a seguir o presidente para outra sigla são os deputados Carla Zambelli (SP), Eduardo Bolsonaro (SP), Hélio Negão (RJ), o gaúcho Bibo Nunes (RS), além do senador Flávio Bolsonaro (RJ).
Os advogados estão construindo também uma forma para que os recursos do fundo partidário sejam transferidos para a futura sigla à qual o presidente e seus aliados pretendem se filiar.
Em 2020 o PSL pode receber até R$ 500 milhões de dinheiro público, caso o fundo eleitoral seja turbinado. O valor da verba será definido pelo Congresso até o final deste ano. Há pressão para que a cifra chegue a R$ 3,7 bilhões para todos os partidos -em 2018 foi de R$ 1,7 bilhão.
Em relação ao fundo partidário, foram R$ 9,2 milhões para o PSL em 2018. Neste ano, são R$ 110 milhões porque, de nanica, a legenda se expandiu na onda bolsonarista no ano passado, quando elegeu 56 deputados e 4 senadores.
Bolsonaro está incomodado com o presidente nacional da sigla, deputado Luciano Bivar. Na terça (8), ele pediu a um apoiador que não divulgasse um vídeo no qual seu nome era mencionado junto do PSL e de Bivar porque o dirigente, segundo ele, está "queimado para caramba".
Nesta quarta (9), Bivar disse que "no momento que ele (Bolsonaro) tem o sentimento de que é hora de descartar o PSL para ser reeleito, então é uma estratégia". Já Bolsonaro afirmou ao site O Antagonista que não pretendia deixar o PSL "de livre e espontânea vontade". "Comigo fora da legenda, a tendência do PSL é murchar. Se eu sair, é natural que muita gente saia também", disse.
Mais tarde, Bolsonaro reduziu o tom em relação ao PSL e disse, na noite desta quarta-feira, que "por enquanto, está tudo bem", e que não há crise com a legenda.

Candidaturas-laranja deflagraram crise na legenda

O PSL enfrenta uma crise desde que foi atingido por suspeitas de candidaturas de laranjas, que já resultou na queda do ex-chefe da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno. O escândalo de candidatas femininas de fachada atinge não só o ministro do Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio, mas também Bivar, presidente nacional da legenda. Álvaro Antônio foi alvo de denúncia pelo Ministério Público Federal na última sexta-feira. Bolsonaro cancelou na tarde desta quarta reunião com Álvaro Antônio sem apresentar justificativa - o encontro constava da agenda do presidente.

Presidente da República pode migrar para UDN ou Patriotas

Ainda não foi definido o futuro partidário do presidente Jair Bolsonaro, que está filiado ao PSL há menos de dois anos. As maiores legendas do país não querem recebê-lo porque veem nele uma tentativa de assumir o comando da agremiação à qual se vincular. A hipótese hoje considerada mais provável por aliados do presidente é a filiação dele à UDN, partido em fase final de criação na Justiça Eleitoral.
Bolsonaro deve se reunir até o início da semana que vem com Marcus Alves de Souza, dirigente nacional da legenda que resgata o nome do partido criado em 1945 como oposição a Getulio Vargas e que foi extinto em 1965, durante a ditadura.
A maior probabilidade é que Bolsonaro migre para uma sigla já existente. Diante disso, Bolsonaro deve ser abrigado em uma legenda pequena. Até o momento, partidos como o Patriota já demonstraram interesse em acolher o presidente. 
O presidente da sigla, Adilson Barroso, é favorável a esse movimento, mas encontra dificuldade interna na legenda. "São diversos desgastes e o presidente sempre levantou a bandeira da ética e da transparência. E exigia isso sempre dos dirigentes do partido. Mas foi muito difícil entrar em um acordo quando um partido não está disposto a abrir simplesmente uma votação democrática, seja para alteração de estatuto, seja para eleição de dirigentes. Então, ficou insustentável", disse a advogada do presidente Karina Kufa.
Desde que entrou na política, em 1989, Jair Bolsonaro foi filiado a cinco partidos diferentes. O presidente integrou o PP, o PTB, o PFL, o PSC e por fim, desde 2018, o PSL.