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Câmara de Vereadores

- Publicada em 01 de Outubro de 2019 às 09:18

Vereador de Porto Alegre é preso em investigação contra crime à administração pública

Ação recolheu R$ 60 mil em espécie, além de quantias em moeda estrangeira, documentos e celulares

Ação recolheu R$ 60 mil em espécie, além de quantias em moeda estrangeira, documentos e celulares


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A Polícia Civil prendeu preventivamente o vereador de Porto Alegre e até então presidente do MDB municipal André Carús. A suspeita é de que servidores lotados no gabinete do vereador estariam sendo obrigados a contrair empréstimos consignados para saldar dívidas pessoais de Carús.
A Polícia Civil prendeu preventivamente o vereador de Porto Alegre e até então presidente do MDB municipal André Carús. A suspeita é de que servidores lotados no gabinete do vereador estariam sendo obrigados a contrair empréstimos consignados para saldar dívidas pessoais de Carús.
Outros dois servidores diretamente ligados ao vereador, cujos nomes não foram revelados, também foram presos. As prisões são temporárias por cinco dias, podendo ser prorrogada.
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A ação deflagrada pela Polícia Civil, batizada Operação Argentários, cumpriu 13 ordens judiciais na Capital, durante a manhã desta terça-feira (1). Os agentes fizeram buscas em dez endereços, entre eles o apartamento do parlamentar, localizado no bairro Santo Antônio.
Também houve buscas na instituição financeira envolvida no caso, nos Departamento de Habitação (Demhab) e de Água e esgoto (Dmae), na Câmara de Vereadores e em seis residências de investigados. Foram apreendidos R$ 60 mil em espécie durante a ação, além de quantias em moedas estrangeiras como dólar, libra e euro. Também foram recolhidos documentos, celulares, computadores.
Em coletiva de imprensa concedida na sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) na manhã desta terça-feira, o delegado Max Ritter, da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária do Deic, afirmou que ainda não é possível revelar quantas pessoas estavam envolvidas no esquema e o valor total movimentado com os empréstimos. O destino do dinheiro arrecadado ainda está sob investigação.
Segundo Ritter, a investigação foi endossada pela denúncia de uma ex-servidora de Carús, que foi exonerada pelo vereador. Investigações anteriores já apontavam para irregularidades envolvendo empréstimos contraídos na instituição financeira com uma rubrica de saúde. "A pessoa possuía uma margem de empréstimo já extrapolada, e então buscava a financeira com o pretexto de um problema de saúde, contraindo assim outro empréstimo além do permitido pela lei", afirmou Ritter.
Ainda de acordo com o delegado, o vereador se mostrou calmo no momento da prisão e disse ser "vítima". O vereador se colocou à disposição da Polícia Civil para esclarecimentos.
Há cerca de três semanas, foram distribuídas cópias de um cheque no valor de R$ 62 mil no gabinete da presidência da Câmara e de alguns vereadores junto a um bilhete, que cobrava Carús por uma dívida. Anonimamente, a cartinha que avisava que o prazo do vereador havia chegado ao fim foi empurrada por debaixo da porta dos gabinetes.
As câmeras do Legislativo flagraram o momento do fato, e a presidente da Casa, Mônica Leal (PP), levará as imagens hoje para o delegado responsável pelo caso. Mônica destacou o tom de ameaça do conteúdo do bilhete.
A presidente do Parlamento ficou sabendo do episódio, que classificou como "muito grave", logo pela manhã. Mônica declarou que "nunca tinha visto nada igual em 20 anos de câmara". Mais cedo, em nota, já havia declarado que a presidência se prontificou a colaborar com a Polícia Civil e que "aguarda as investigações para adotar as medidas cabíveis no âmbito interno".
Uma medida interna possível é a cassação do mandato do emedebista, que pode ser requerida pela própria presidente, por qualquer vereador ou ainda qualquer cidadão da Capital.
André Carús tem 37 anos e está no seu primeiro mandato na Câmara Municipal. Antes de ser eleito vereador, em 2016, atuou como diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), na gestão de José Fortunatti (na época, PDT).

Diretório emedebista afasta Carús durante investigação

O MDB de Porto Alegre se pronunciou por meio de nota, oficial afirmando que recebeu "com surpresa" a prisão de André Carús. O texto ainda diz que o vereador pediu afastamento da presidência da sigla e que o comando partidário ficará com o 1º vice-presidente, deputado estadual Tiago Simon.
Colega de Carús e líder da bancada emedebista na Câmara Municipal, o vereador Idenir Cecchim também se declarou surpreso ao receber a notícia da prisão do correligionário. "Ele foi eleito há tão pouco tempo (presidente da sigla na Capital). Não se sabia de nada. Lamentamos. Era um bom vereador, participava, discursava na tribuna. Vamos aguardar o trabalho da polícia. O MDB quer que a verdade seja apurada."